A desigualdade na distribuição de vacinas para o novo coronavírus (Covid-19) tem na América do Sul, o maior exemplo no mundo. De um total de 234 milhões de vacinas distribuídas globalmente até o momento, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a América do Sul recebeu apenas cinco por cento. No entanto, a mesma região detém 17,5% de todos os mortos pela pandemia no mundo.
Apenas o Chile que se destacou e já vacinou, com a primeira dose, 3.289.086 da sua população e está em quinto lugar no ranking mundial de vacinação. O que o Chile fez foi o que o presidente brasileiro Bolsonaro não fez. O Governo chileno foi ágil e negociou com as farmacêuticas enquanto as vacinas ainda estavam em estudos.
Chile saiu na frente
O governo chileno adotou uma estratégia de diálogo com várias farmacêuticas. O laboratório chinês Sinovac, que já iniciou testes no país, contribuiu com a maior parte do total-quase quatro milhões de doses. As primeiras vacinas utilizadas no Chile foram do laboratório americano Pfizer, que já entregou 315 mil doses completas.
O objetivo do governo chileno é dar ambas as doses a toda a população crítica (cinco milhões de pessoas) até o final de março, segundo eles apontaram do portfólio de saúde. A Pfizer é a mesma empresa que Bolsonaro vem batendo boca e que já anunciou que não vai vender para o Brasil.
Brasil agiu com amadorismo
Bolsonaro, ao contrário, ofendeu os países que desenvolviam vacinas, como a China, e por ser nagacionista à ciência, ainda disse que quem as tomassem iriam virar um jacaré. A ignorância do presidente brasileiro interferiu no desempenho da vacinação no Brasil, já que o Governo brasileiro não se programou e agiu de forma amadora
A Argentina foi o segundo país a iniciar a campanha de imunização no continente. A vacina Russa Sputnik V começou a ser aplicada em 29 de dezembro. Até agora, o país recebeu 2.704.000 doses de três vacinas: Sputnik V, AstraZeneca / Oxford e Sinopharm. Desse número foram distribuídos 1.738.410, dos quais 984.895 (dois por cento da população) foram aplicados. Receberam ambas as doses da vacina 290.425 pessoas (0,6%).
Argentina ajudou a Bolívia
O Governo argentino está negociando a aquisição de novas doses do programa Covax da Organização Mundial da Saúde (OMS), da ONU. O governo argentino atuou em ponte com a Rússia para que a Bolívia pudesse adquirir em 28 de janeiro as primeiras doses de Sputnik V. No total foram 20 mil, que fazem parte de um acordo mais amplo para atingir 500 mil doses.
A Bolívia também informou que chegou a um acordo com o laboratório chinês Sinopharm para a compra de mais 500 mil doses, que chegaram na última semana. Em 29 de Janeiro, o governo boliviano lançou a sua campanha de imunização, que até a presente data vacinou 10.325 pessoas.
O Equador, após uma imensa crise sanitária, recebeu da Pfiser o primeiro carregamento com oito mil doses no dia 21 de Janeiro. Nessa mesma data, a vacinação foi iniciada. Antes que estourasse o escândalo da vacinação da família do ex-ministro da Saúde equatoriano, Juan Carlos Zevallos, ele havia anunciado receber 270 mil doses de Pfizer até este mês. Mas, diante da lentidão na vinda das remessas, na última semana o presidente do Equador, Lenín Moreno, deu permissão para que as províncias (Estados) entrassem em negociação direta com os laboratórios. Até o presente só 24.492 equatorianos receberam a primeira dose.
Fura-fila no Perú
No Peru também houve denúncias de fura-filas, uma forma que os privilegiados da América Latina com poder político ou com dinheiro encontraram para passar na frente na fila de vacinação. O ex-presidente peruano Martín Vizcarra, assim como outros funcionários de seu governo, haviam furado a fila de vacinação. A campanha começou oficialmente em 9 de fevereiro com a chegada de 300 mil doses do Laboratório chinês Sinopharm, que enviou uma semana depois mais 700 mil doses. Através do sistema Covax da ONU, o Peru espera até o final de março 117 mil doses da Pfizer e 400 mil da AstraZeneca. Até agora, o país aplicou 259.467 vacinas na primeiras doses.
A Colômbia recebeu o primeiro lote de vacinas da Pfizer em 15 de fevereiro, apesar de ser um dos países com maiores casos positivos na América Latina. São 2.244.792 casos confirmados. O presidente colombiano Ivan Duque ressaltou que a Colômbia será o primeiro do continente a receber vacinas pelo sistema Covax-ONU. Assim, a Colômbia aguarda 10 milhões de doses completas. O país já negociou aquisição junto a Pfizer, AstraZeneca, Johnson & Johnson, Moderna e Sinovac, que também são esperadas. Duque estabeleceu como meta a vacinação de um milhão de colombianos nos primeiros 30 dias da campanha. Até agora foram aplicadas 81.333 doses.
Uruguai inicia nesta segunda-feira
O Governo do presidente Luis Lacalle Pou do Uruguai, é um dos poucos na região que ainda não começou com o processo de vacinação, apesar de o país ter uma das menores taxas de contágio por Covid-19 da região. O início da vacinação será nesta segunda-feira (1º), após o Uruguai ter recebido na última quinta-feira (25) o primeiro lote com 192.000 vacinas da farmacêutica chinesa Sinovac. No próximo dia 15 vai chegar ao Uruguai um novo carregamento da Ásia, desta vez com 1,5 milhão de doses. Luis Lacalle Pou concordou com os termos do contrato do laboratórioPfizer e vai receber mais dois milhões de doses, embora o cronograma de entrega dessa farmacêutica ainda não esteja claro.
A Venezuela recebeu em 13 de fevereiro o primeiro lote de 100 mil vacinas Sputnik V. A campanha de vacinação começou cinco dias depois. O ministro da Saúde venezuelano, Carlos Alvarado, disse que espera que 70% da população receba a vacina antes do final deste ano. Caracas e Moscou assinaram em dezembro último um acordo para a entrega de 10 milhões de doses de Sputnik V. O Governo de Nicolás Maduro ainda está em negociação com Cuba para obter a vacina Soberana 2, que está em desenvolvimento na ilha cubana
O Paraguai também recebeu a vacina Sputnik V. A primeira entrega foi de quatro mil doses e que permitiu iniciar a vacinação em 21 de fevereiro. O Governo do presidente paraguaio Mario Abdo Benítez ainda aguarda para este mês 300 mil doses da vacina Covax. A campanha de vacinação paraguaia conta com 10 fases. Em primeiro lugar, o pessoal de saúde terá prioridade, em segundo, os idosos. Somente na quinta fase os professores e na sétima etapa a população indígena. Somente na décima fase que será ab erta a vacinação para a população em geral.