Reprodução/Carla Castanho/Jornal GGN
No dia 21 de abril, data que homenageia Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, figura importante na história do Brasil e um dos líderes da Inconfidência Mineira, o prefeito de Ouro Preto, Angelo Oswaldo, proferiu um discurso importante, rebatendo Romeu Zema, governador de Minas Gerais, que minimizou a importância do movimento para todo o país, em uma publicação nas redes sociais.
O governo de Minas Gerais foi às redes no dia 21 e chamou o movimento da Inconfidência Mineira de golpe, além de ter dito que Tiradentes foi o único a confessar os crimes. Após a repercussão, editou “crimes” para “atos”. O movimento buscava a independência do Brasil em relação ao domínio português durante o período colonial. Veja abaixo a publicação:
Durante a cerimônia de entrega de Medalha da Inconfidência Mineira, em que discursou o prefeito, ocorrida no Centro de Artes e Convenções da Universidade Federal do Ouro Preto (UFOP), estavam presentes Zema e o ex-presidente Michel Temer e o hoje senador Sergio Moro.
O prefeito de Ouro Preto iniciou seu discurso exaltando a importância de Tiradentes para moldar a história do país.
“O Brasil mudou, felizmente. Tiradentes não será o líder descaracterizado pelo cinismo com que os antidemocratas costumam tratá-lo, mas, sim, o homem de coragem, íntegro e altivo, que sai do meio do povo para mudar o curso da história. As brasileiras e os brasileiros hoje o reverenciam como o pioneiro da liberdade e da democracia, porque com ele podemos saudar a democracia e a liberdade na vida pública do nosso país”.
Responsabilidade do governo do estado
No mesmo discurso, o prefeito aproveitou para cobrar uma compensação de Samarco, Vale, BHP e a Fundação Renova às tragédias que ocorreram em Mariana e ironizou com uma possível fala de Tiradentes, se vivo, “inconformado” com a falta de celeridade na responsabilização 8 anos após o ocorrido.
“Urge, de fato, Governador, que a compensação se efetive, pondo fim ao descalabro praticado pela Fundação Renova e à tergiversação que protela as decisões e corrói o acordo. Pensemos no que diria o Tiradentes hoje, quase oito anos após o desastre que não acaba. “Ah!, se eu me apanhasse em Minas!” – bradaria outra vez o animoso Alferes, pronto a comandar os mineiros contra a ditadura das mineradoras.
O prefeito aproveitou para lembrar que, segundo a Agência Nacional de Mineração e a Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais e do Brasil, AMIG, presidida pelo prefeito José Fernando Aparecido de Oliveira, a Vale deve cerca de 400 milhões de reais somente a Ouro Preto, enquanto a dívida da Samarco, apurada em dois anos, ultrapassa a marca de 300 milhões.
Segundo Angelo, o valor da compensação do desastre de 2015 ainda não está devidamente mensurado e nada foi pago até hoje a Ouro Preto, sede das atividades da Samarco.
Ao encerrar o discurso, o prefeito de Ouro Preto reforçou a alma histórica de Minas Gerais e o conceito do estado, que fazem com que o turismo cresça, como em nenhuma outra parte do país, e que garante uma perspectiva segura de desenvolvimento social e econômico ao país, por isso, a necessidade de atenção às cidades históricas.
A Inconfidência Mineira
A Inconfidência Mineira foi um movimento político ocorrido na então Capitania de Minas Gerais, no Brasil colonial, no final do século XVIII. Ocorrido em 1789, foi liderado por um grupo de intelectuais, comerciantes, militares e outros membros da elite local, que buscavam a independência da colônia brasileira do domínio português.
Os inconfidentes, como ficaram conhecidos, eram influenciados pelas ideias iluministas que defendiam a igualdade de direitos, a liberdade política e a justiça social. Eles eram contrários às políticas econômicas e fiscais impostas por Portugal, que prejudicavam a economia local e restringiam a autonomia administrativa da Capitania de Minas Gerais.
Os participantes do movimento planejavam uma insurreição armada contra o domínio português, buscando estabelecer uma república independente em Minas Gerais. No entanto, o movimento foi descoberto pelas autoridades coloniais portuguesas antes que pudesse ser executado. Vários inconfidentes foram presos, julgados e condenados, sendo alguns deles executados e outros enviados para o exílio.
A Inconfidência Mineira é considerada um marco importante na luta pela independência do Brasil. Ela é lembrada como um símbolo de resistência à opressão colonial e de luta por liberdade e autonomia política. Entre os principais líderes da Inconfidência Mineira destacam-se nomes como Tiradentes, Tomás Antônio Gonzaga, Cláudio Manuel da Costa, Alvarenga Peixoto e outros.