fbpx
Início > Governo Lula pretende reduzir em até 10,96% o preço de carros de até 120 mil

Governo Lula pretende reduzir em até 10,96% o preço de carros de até 120 mil


Iniciativa faz parte de conjunto de medidas para aquecer a indústria brasileira e leva em conta critérios sociais, ambientais e de densidade industrial


O presidente Lula (C), o vice Geraldo Alckmin e o ministro Fernando Haddad (Fazenda) durante reunião com representantes da indústria automobilística no Palácio do Planalto, em Brasília (DF) | Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu representantes do setor automotivo para discutir medidas de estímulo aos fabricantes de veículos. O foco é retomar o setor, aumentar a produção e gerar empregos. Haverá redução de imposto para carros de até R$ 120 mil. Os percentuais serão diferenciados considerando os critérios preço, eficiência energética e densidade industrial.  Carros mais baratos, com menor emissão de CO2 e maior uso de peças e componentes nacionais terão mais estímulo.

Descontos

Os descontos nos preços finais vão variar de 1,5% a 10,96%, segundo o vice-presidente Geraldo Alckmin, que acompanhou o encontro ao lado do ministro Fernando Haddad (Fazenda). Também titular da pasta de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Alckmin explicou que a medida é transitória, voltada para estimular um setor que passa por dificuldades e trabalha hoje com ociosidade de 50%.

As medidas serão anunciadas integralmente em junho e foram discutidas com representantes dos fabricantes, dos revendedores e dos trabalhadores no encontro que ocorreu no Palácio do Planalto, em Brasília no fim da manhã desta quinta-feira (25/5). Elas fazem parte de um conjunto de ações para a retomada da indústria brasileira.

“Essa ação leva em consideração três questões. O primeiro é o carro acessível. Hoje o carro mais barato é quase R$ 70 mil. Queremos reduzir esse valor. Quanto mais acessível, maior será o desconto do IPI, PIS-Cofins. Então, o primeiro item é social, para atender a população que está precisando mais”, afirmou Alckmin.

“O segundo é premiar e estimular a eficiência energética, quem polui menos. O terceiro é a densidade industrial. O mundo inteiro hoje procura fortalecer sua indústria”, disse o vice-presidente, em conversa com jornalistas após o encontro.

Participaram do encontro os presidentes da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), da CNI, da CUT e do Sindicato dos Metalúrgicos do Grande ABC. A presidenta do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, e o empresário Jorge Gerdau, presidente do Conselho da Gerdau, também estiveram presentes.

No encontro, o presidente Lula destacou a importância do setor automotivo para a economia e lamentou o fato de o setor ter encolhido tanto nos últimos tempos, vendendo hoje metade do que vendia dez anos atrás.

Crédito

O presidente destacou a importância do crédito para estimular a economia e permitir que pessoas de menor renda comprem com prestações que caibam nos seus bolsos. “Não tem como ser capitalista sem capital. É preciso ter dinheiro nas mãos do povo para a economia girar”.

Ele lembrou que os primeiros cinco meses de governo foram voltados para a retomada das políticas sociais e afirmou que serão adotadas a partir de agora medidas para retomada das obras de infraestrutura, de ferrovias e rodovias.

Márcio Lima, presidente da Anfavea, reconheceu a importância das medidas para a retomada do setor. Segundo ele, a indústria automotiva está parada, mas confiante na economia brasileira, com planos de investimento de R$ 50 bilhões.

Política industrial

Robson Andrade, presidente da CNI, reconheceu o esforço do governo para reindustrializar o Brasil e disse que o setor industrial como um todo precisa recuperar seu peso no PIB. “Pela primeira vez estamos vendo a possibilidade de uma política que possa retomar a indústria. Queremos que a indústria volte a ser 48% do PIB”, disse.

Tanto o vice-presidente Alckmin como o ministro Fernando Haddad defenderam a combinação de marco fiscal, reforma tributária e redução dos juros como tríade fundamental para o Brasil voltar a crescer.

Jorge Gerdau fez coro à mensagem de que a reforma tributária e a criação do Imposto de Valor Agregado (IVA) são fundamentais para reduzir o custo Brasil e garantir a competitividade das empresas brasileiras.

BNDES

Em São Paulo, em encontro na Fiesp, por ocasião da celebração do Dia da Indústria, o presidente do BNDES Aloizio Mercadante anunciou linha de crédito de R$ 2 bilhões para que empresas brasileiras exportadoras com receita em moeda americana ou atrelada à variação cambial possam investir no país. Além disso, Mercadante anunciou R$ 20 bilhões nos próximos quatro anos para financiar inovação, tendo como referência de juros a Taxa Referencial (TR).

Nos modelos mais baratos da Fiat e da Renault o valor pode ter uma redução entre R$ 2 mil e R$ 7 mil | Foto: Reprodução

Quanto reduz na prática?

Pelos preços atuais praticados pelo mercado de automóveis novos, os carros mais baratos no mercado brasileiro, terão, na prática, um desconto pequeno principalmente entre os carros Fiat Mobi e o Renault Kwid. Essas são os carros com os menores preços do mercado, atualmente. Todos vendidos como “mais barato” possuem motor 1.0 e tem pouca disposição para subir morros inclinados.

Ao ser colocado em prática o incentivo, considerando os preços em vigor neste m^s de maio, o automóvel Fiat Mobi, que custa R$ 68.990, teria o preço reduzido para uma faixa entre R$ 61.428,70 e R$ 67.955,15. Já o Renault Kwid, vendido atualmente pelo mesmo valor de R$ 68.990,00 iria reduzir para a mesma faixa do concorrente da Fiat.

O modelo da Citröen, o C3, vendido neste mês por R$ 72.990,00, pode vir a custar pelos preços atuais de R$ 64.990,30 a R$ 71.895,15. O Fiat Argo, também como motor 1.0, comercializado por R$ 79.990,00 pode ter o preço reduzido para R$ 71.045,02 a R$ 78.593,15. O Renault Stepway, também com motor 1.0, poderá ter o preço atual de R$ 79.990,00 para a faixa de R$ 71.223,10 a R$ 78,790,15. O Peugeot 208, com motor 1.0, pode ter redução dos atuais R$ 79.990,00 para R$ 71.2223,10 a R$ 78,790,15.

Outra montadora com oferta de motor 1.0, a Volkswagen, cujo modelo Polo Track, que custa R$ 81.370,00 deverá ser reduzido para R$ 72.451,85 a R$ 80.149,45. A coreana Hyundai, cujo modelo HB20, também 1.0, custa neste mês R$ 82.290,00 deverá vir para R$ 73.271,02 a R$ 81.055,65. E o veículo com motor 1.0 da Chevrolet, o Onix, vendido por R$ 84.390,00, pode vir a ser vendido por R$ 75.140,86 a R$ 83.124,15. Ainda há o Fiat Cronos, com motor 1.0, que custa R$ 84.790,00 e que poderá vir a ser vendido por R$ 75.497,02 a R$ 83.518,15.

Posicionamento da Anfavea

Ao ser procurada pelo Grafitti News, a Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Afavea), disse que não está comentando sobre a volta dos chamados carros populares e enviou a seguinte nota:

“O posicionamento da sobre os carros populares continua o mesmo divulgado na coletiva de imprensa mais recente, em 8 de maio. Ou seja, nosso presidente, Marcio de Lima Leite, disse que não estamos participando das negociações sobre carro popular, que estão muito focadas em preço e, por uma questão de compliance, a Anfavea não participa de questões comerciais.

Portanto, esse assunto está sendo tratado pelas montadoras e Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) que participa ativamente. Por enquanto, a Anfavea está apenas observando e aguardando chegar em um estágio em que o preço já esteja definido, para que possamos começar a tratar de temas mais regulatórios, tributários e outros aspectos do gênero.”