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Brasil tem deflação, com menor índice inflacionário nos últimos seis anos


É o quarto mês seguido em que a inflação perde força

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Nos seis primeiros meses do governo Lula o Brasil tem deflação. Com isso, ao ir em um supermercado com a mesma quantidade de dinheiro, o consumidor acaba saindo com o carrinho de compras mais cheio | Foto: Freepik

Em apenas seis meses, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu reverter a alta nos preços dos alimentos, que era verificada no governo anterior, e obteve em junho último uma deflação. Ou seja, houve um recuo nos preços na comparação com maio de 0,08%, ficando 0,31 ponto percentual (p.p.) abaixo da taxa de 0,23% registrada em maio. Essa é a menor variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo IBGE., para o mês de junho desde 2017, quando o índice foi de -0,23%.

O resultado, divulgado nesta última terça-feira (11) pelo IBGE, no Rio de Janeiro, representa o quarto mês seguido em que a inflação perde força. Em maio, o IPCA foi de 0,23%. No ano, o índice soma 2,87% e, nos últimos 12 meses, 3,16%, abaixo dos 3,94% observados nos 12 meses imediatamente anteriores.

Confira a evolução da inflação brasileira, segundo os dados do IBGE

Alimentação e bebidas e Transportes

“Alimentação e bebidas e Transportes são os grupos mais pesados dentro da cesta de consumo das famílias. Juntos, eles representam cerca de 42% do IPCA. Assim, a queda nos preços desses dois grupos foi o que mais contribuiu para esse resultado de deflação no mês de junho”, explica André Almeida, analista da pesquisa do IBGE.

O grupo Alimentação e bebidas foi influenciado, principalmente, pelo recuo nos preços da alimentação no domicílio (-1,07%). Destacam-se as quedas do óleo de soja (-8,96%), das frutas (-3,38%), do leite longa vida (-2,68%) e das carnes (-2,10%).  Já a alimentação fora do domicílio (0,46%) desacelerou em relação ao mês anterior (0,58%), em virtude das altas menos intensas do lanche (0,68%) e da refeição (0,35%).

“Nos últimos meses, os preços dos grãos, como a soja, caíram. Isso impactou diretamente o preço do óleo de soja e indiretamente os preços das carnes e do leite, por exemplo. Essas commodities são insumos para a ração animal, e um preço mais baixo contribui para reduzir os custos de produção. No caso do leite, há também uma maior oferta no mercado”, explica Almeida.

Programa de Lula para reduzir preço do automóvel

Em Transportes (-0,41% e -0,08 p.p.), o resultado deve-se ao recuo nos preços dos automóveis novos (-2,76%) e dos automóveis usados (-0,93%). Destaca-se, ainda, o resultado de combustíveis (-1,85%), com as quedas do óleo diesel (-6,68%), do etanol (-5,11%), do gás veicular (-2,77%) e da gasolina (-1,14%). No lado das altas, as passagens aéreas subiram 10,96%, após queda de 17,73% em maio.

“Todos os combustíveis pesquisados apresentaram queda. Além disso, a gasolina, é o subitem de maior peso individual no IPCA, com 4,84%. A queda na gasolina, esse mês, teve um impacto de -0,06 p.p.”, destaca o analista.

Ele explica ainda a redução nos preços dos automóveis: “O subitem automóvel novo foi o de maior impacto individual no mês, com -0,09 p.p. Essa redução nos preços está relacionada ao programa de descontos para compra de veículos novos, lançado em 6 de junho pelo governo federal. Isso pode ter relação também com a queda dos preços dos automóveis usados.”

Habitação

Já para a alta do grupo Habitação (0,69%), a maior contribuição (0,06 p.p.) veio da energia elétrica residencial (1,43%), seguida pela taxa de água e esgoto (1,69%). Em ambos os casos, houve reajustes aplicados em algumas áreas de abrangência da pesquisa. Por outro lado, houve queda nos preços de gás encanado (-0,04%), devido a reduções tarifárias, e do gás de botijão (-3,82%).

Destaca-se, ainda, o resultado do grupo Saúde e cuidados pessoais (0,11%), influenciado pela alta nos preços dos planos de saúde (0,38%), decorrente de reajuste autorizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Em relação aos índices regionais, apenas cinco áreas apresentaram alta em junho. A maior variação foi em Belo Horizonte (0,31%), em função da energia elétrica residencial (13,66%). Já a menor variação foi registrada em Goiânia (-0,97%), influenciada pelas quedas de 5,40% na gasolina e de 4,83% na energia elétrica residencial.

INPC tem queda de 0,10% em junho

Também hoje foi divulgado o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que teve queda de 0,10% em junho. Em maio, o índice havia registrado aumento de 0,36%. No ano, o INPC acumula alta de 2,69% e, nos últimos 12 meses, de 3,00%, abaixo dos 3,74% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em junho de 2022, a taxa foi de 0,62%.

Os produtos alimentícios caíram 0,66% em junho e os não alimentícios subiram 0,08%, desacelerando em relação ao resultado de 0,43% observado em maio. Regionalmente, doze áreas registraram queda em junho, com o menor resultado em Goiânia (-0,86%), e o maior, em Recife (0,38%).

Saiba qual é a diferença entre os índices inflacionários IPCA e INPC. É o IBGE quem explica | Vídeo: YouTube

Mais sobre as pesquisas

O IPCA abrange as famílias com rendimentos de 1 a 40 salários mínimos, enquanto o INPC, as famílias com rendimentos de 1 a 5 salários mínimos, residentes nas regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, além do Distrito Federal e dos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís e Aracaju. Acesse os dados no Sidra. O próximo resultado do IPCA, referente a julho, será divulgado em 11 de agosto.