O Laboratório de Plastinação da Ufes, que funciona no campus de Maruípe, está passando por reformas e ampliação visando à plastinação de peças de grande porte, como corpos humanos inteiros, leões, onças, antas e uma harpia de dois metros de envergadura. A expectativa é que tudo esteja pronto até novembro.
“Estamos nos preparando para ter mais estrutura física, mais segurança e praticidade na rotina do nosso laboratório. E também precisaremos adquirir materiais para a plastinação dessas peças. Esperamos, em breve, apresentar com pionerismo à sociedade brasileira a plastinação de grande porte”, afirma o coordenador do laboratório e do Museu de Ciência da Vida, professor Athelson Bittencourt.
O pesquisador participou em junho deste ano, nos Estados Unidos, do processo de plastinação de um sistema nervoso central e periférico humano, experiência que pretende reproduzir na Ufes. “Temos um sistema nervoso central, mas não com os nervos craniais e espinais dissecados. Vamos fazer no futuro, com participação dos nossos alunos”, aposta ele.
Na Universidade de Toledo (EUA), Bittencourt colaborou na finalização da plastinação da peça (foto) e sua fixação no painel de acrílico para exposição permanente. Antes dessa etapa, foram mais de duas mil horas de dissecação do corpo. “É um processo minucioso e delicado dissecar todo o corpo e extrair dele o sistema nervoso inteiro. É um trabalho complexo e difícil de ser executado. Há ali milhares de estruturas nervosas que foram preservadas”, explica.
Leão Sansão
Uma das peças de grande porte que será plastinada na Ufes é o leão doado pelo Zoo Park da Montanha, localizado em Marechal Floriano. O corpo do animal, conhecido como Sansão, foi entregue ao Museu de Ciências da Vida (MCV) para ser plastinado e, posteriormente, colocado em exposição, visando a difusão e a popularização científica acerca do animal, além de manter viva a memória de Sansão, que trouxe tantas alegrias às pessoas que o visitavam no Zoo Park.
A estimativa de custo para a plastinação do leão é R$ 500 mil. “Mas o valor de um leão plastinado é muito maior. Vai ser uma peça magnifica, um dos poucos do mundo. Tenho informação de que Alemanha e China já fizeram [a plastinação de um leão], não sei de outros países”, afirma Bittencourt.
Outro animal que está pronto para ser plastinado é uma harpia com dois metros de envergadura, de asa a asa, doado pelo Projeto Harpia – Mata Atlântica/Ufes.
Obras no laboratório
Para garantir a plastinação de grande porte, houve a remoção de paredes para melhorar a circulação das peças no laboratório da Ufes. As obras incluíram também a remodelagem do piso, que conta agora com um sistema de drenagem especial para que produtos usados na plastinação, e que eventualmente caiam no chão, sejam levados para o ambiente externo em segurança. O sistema de exaustão, que funciona ininterruptamente 24 horas por dia, foi modernizado para controlar os vapores de acetona no ambiente.
Também como parte da reforma, todas as paredes ganharam revestimento cerâmico, garantindo melhores condições de higiene no ambiente, e foram feitas melhorias no sistema elétrico à prova de explosão. Em setembro, as obras deverão ser concluídas e deverá começar a remontagem do laboratório, com freezers e câmaras de vácuo sendo religados.
Texto: Sueli de Freitas