Os parlamentares ultraconservadores demonstraram desconhecimento e falta de interesse em apurar a verdade, sobre festa que ocorreu nas proximidades de igreja Católica. Optaram em atacar o padre sem provas, inclusive com ofensas graves
r
Continua repercutindo em Vitória as ofensas feitas por deputados estaduais conservadores capixabas contra o padre Kelder José Brandão Figueira, da Igreja Santa Teresa de Calcutá, localizada na Rua Argeu Faria Gomes, nº 62B, Itararé, em Vitória (ES). Os ataques ocorreram nesta semana. O arcebispo de Vitória, Dom Dario Campos, emitiu uma nota oficial para defender o padre das acusações infundadas e levianas dos parlamentares conservadores do PL e do PSB.
Nesta última terça-feira, o deputado estadual Weliton Virgilio Pereira, o coronel Weliton (PTB) apresentou no plenário da Assembleia Legislativa do Espírito Santo um vídeo, , sem checar a veracidade, de uma suposta festa que teria ocorrido, segundo ele, nas proximidades da igreja católica. As imagens escuras em ângulo fechado não identificam onde ou em qual Estado o vídeo foi feito.
Mesmo assim, em parte ao tempo do parlamentar do PTB, saíram em ataque ao padre Kelder os deputados estaduais conservadores Dary Alves Pagung (PSB), Lucas da Re Polese (PL) e Wellington Callegari (PL). De acordo com a Igreja Católica, nenhum desses deputados estaduais procurou se informar sobre a realidade onde se situa a da Igreja Santa Teresa de Calcutá.
A verdade, sem os fake news dos deputados
Segundo a nota oficial, o arcebispo esclarece: “A Mitra Arquidiocesana de Vitória recebeu no ano de 1960 a doação do terreno onde está situada a Comunidade São Benedito, hoje localizado no Território do Bem. Foi edificado no local um prédio com três andares. No alinhamento da via pública funciona o SECRI – Serviço de Engajamento Comunitário (ONG fundada em setembro de 1988 e constituída em 01 de junho do ano de 2011); na parte superior uma quadra de esporte; e, na outra dimensão, a aludida Comunidade católica.”
“O prédio em referência foi dado em comodato ao SECRI, que desempenha sério trabalho social (com crianças, adolescentes, jovens e suas famílias que vivem em situação de risco e vulnerabilidade social, favorecendo a formação ética e social do seu publico alvo). A Igreja não tem qualquer responsabilidade sobre o contexto alardeado pelas autoridades legislativas, no que concerne à invasão de possíveis criminosos e promoção de “festas” com cunho ilícito e imoral”, prosseguiu Dom Dario.
“A contenção do avanço da criminalidade é de competência do Poder Público, afinal a missão precípua da Igreja é levar o evangelho a todos os povos e em qualquer lugar que eles se encontrem. Significa dizer que é agir concretamente, participar ativamente auxiliando a transformar a realidade concreta de pessoas, de grupos e da sociedade. As atividades em prol da justiça social são uma consequência do anúncio da fé cristã. Missão é ação generosa, gratuita que não se coaduna com incitação de crime, violência ou coisas equivalentes”, completou.
Deputadas saem em defesa do padre
A deputada estadual Camila Valadão (PSOL) saiu em defesa das ofensas proferidas por deputados conservadores e disse que eles demonstraram desconhecimento da verdade. Ela disse que o deputado-coronel PM mostrou que não sabe o que acontece no Território do Bem. Valadão disse que a igreja está localizada na mesma áreaz onde funcionava uma antiga quadra do Serviço de Engajamento Comunitário (Secri), que atualmente está interditada, portando não sendo de responsabilidade da Igreja Católica.
A deputada Iriny Lopes I(PT) também saiu em defesa do padre e, nesta última quarta-feira (13) foi a vez do deputado estadual João Coser (PT) também defender o padre dos ataques infundados dos conservadores. A implicância dos conservadores com o padre Kelder vem desde julho, quando a Polícia Militar do Espírito Santo invadiu a Igreja Santa Teresa de Calcutá e oi crime de invasão ganhou repercussão nacional.
Leia a íntegra da nota oficial do arcebispo de Vitória:
NOTA OFICIAL
A Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo – Brasil, por meio de sua Excelência Reverendíssima, Dom Frei Dario Campos, OFM, Arcebispo Metropolitano de Vitória no Espírito Santo – Brasil, abraçando vivamente a firme e sólida palavra de Nosso Senhor Jesus Cristo e a sua opção preferencial pelos pobres vem se manifestar publicamente, sobre as inverdades lançadas no vídeo que circula nas mídias sociais atribuindo à Igreja Particular de Vitória, promoção de “festinha no Centro Comunitário de São Benedito”, comunidade católica ligada à Paroquia Santa Teresa de Calcutá. O fato trouxe errônea visão a alguns membros do Poder Legislativo estadual. O vídeo e os representantes daquele Poder atribuem responsabilidades à Igreja e a associam ao tráfico de drogas e de armas, bem como ao Pároco, Padre Kelder Brandão, que atua naquela localidade desenvolvendo seu trabalho pastoral e espiritual, além de ser Vigário Episcopal para Ação Social, Política e Ecumênica da Arquidiocese.
A Mitra Arquidiocesana de Vitória recebeu no ano de 1960 a doação do terreno onde está situada a Comunidade São Benedito, hoje localizado no Território do Bem. Foi edificado no local um prédio com três andares. No alinhamento da via pública funciona o SECRI – Serviço de Engajamento Comunitário (ONG fundada em setembro de 1988 e constituída em 01 de junho do ano de 2011); na parte superior uma quadra de esporte; e, na outra dimensão, a aludida Comunidade católica.
O prédio em referência foi dado em comodato ao SECRI, que desempenha sério trabalho social (com crianças, adolescentes, jovens e suas famílias que vivem em situação de risco e vulnerabilidade social, favorecendo a formação ética e social do seu publico alvo).
A Igreja não tem qualquer responsabilidade sobre o contexto alardeado pelas autoridades legislativas, no que concerne à invasão de possíveis criminosos e promoção de “festas” com cunho ilícito e imoral. A contenção do avanço da criminalidade é de competência do Poder Público, afinal a missão precípua da Igreja é levar o evangelho a todos os povos e em qualquer lugar que eles se encontrem. Significa dizer que é agir concretamente, participar ativamente auxiliando a transformar a realidade concreta de pessoas, de grupos e da sociedade. As atividades em prol da justiça social são uma consequência do anúncio da fé cristã. Missão é ação generosa, gratuita que não se coaduna com incitação de crime, violência ou coisas equivalentes.
Sendo assim, a Arquidiocese de Vitória reforça seu apoio ao padre ofendido e referenda as atividades pastorais desenvolvidas pela Paróquia Santa Teresa de Calcutá, em Itararé, que estão em perfeita sintonia com as orientações e diretrizes da Igreja Universal, da CNBB – Conferência dos Bispos do Brasil e da Arquidiocese de Vitória-ES.
Nesse contexto, a Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo rechaça veementemente o vídeo circulado, que tomou conhecimento na data de hoje, bem como as manifestações individualizadas pelos Deputados Estaduais do Poder Legislativo Local, na sessão legislativa de 11 de setembro do corrente ano, alardeando, inclusive, que se manterá firme no seu propósito e missão, conclamando as autoridades públicas que exerçam sua função institucional de garantir a preservação da ordem pública, da incolumidade das pessoas e do patrimônio, sob a égide dos valores da cidadania e dos direitos humanos, através dos órgãos instituídos pela União e pelos Estados.
Dom Dario Campos, ofm
Arcebispo de Vitória
Vitória, 11 de setembro de 2023