O Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da Ufes (Neab), juntamente com cinco grupos de pesquisa de outras universidades, realiza entre os dias 18 e 22 de setembro o Encontro da Rede de Pesquisadores Nova Cartografia Social. O evento abordará o tema A construção de conhecimentos em situação de conflito e que será realizado na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), na cidade de Cachoeira (BA).
A proposta do encontro é apresentar os contextos de pesquisa em situação de conflito, analisando de que maneira a produção de conhecimento do Projeto Nova Cartografia Social tem auxiliado na organização social de povos e comunidades tradicionais: indígenas, quilombolas, ribeirinhos, fundos de pasto, entre outras. Outro objetivo é levantar dados sobre como os impactos produzidos pelo modelo de produção energética interferem nos territórios e na vida das comunidades.
O evento contará com a participação de povos e comunidades tradicionais e dos grupos de pesquisa do Projeto Nova Cartografia Social, que estão localizados em universidade públicas da Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Maranhão, Piauí, Amazonas e Pará, além do Espírito Santo.
Nos últimos dois dias, o debate tem como tema central os grandes empreendimentos de produção energética e as consequências decorrentes dos barramentos de rios, da implantação de parques de energia renovável (eólica e solar), da expansão de termelétricas à base de combustíveis fósseis e biocombustíveis, da exploração de petróleo na Foz do São Francisco e da ameaça de construção de uma central nuclear em suas águas. Participarão deste momento organizações da Colômbia e da Indonésia, ampliando o debate de modelos de produção energética em uma perspectiva global.
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Grupos e projetos
Além do Neab/Ufes, o encontro é organizado pelos grupos de pesquisa Núcleo de Estudos em Agroecologia e Nova Cartografia Social (UFRB), o Grupo de Pesquisa em Ecologia Humana (Universidade do Estado da Bahia – Uneb); o Laboratório de Estudos sobre Ação Coletiva e Cultura (Universidade de Pernambuco – UPE), o Grupo de Pesquisa Etnologia, Tradição, Ambiente e Pesca Artesanal (Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN) e o Núcleo Interdisciplinar de Investigação Socioambiental (Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes).
Atualmente, esses grupos são responsáveis pelos projetos Nova Cartografia Social de Comunidades Quilombolas do Nordeste: Fortalecimento de Centros de Ciências e Saberes e Articulação de saberes, resistência e impactos de grandes empreendimentos em comunidades tradicionais nos estados da BA, RN, PE, MG e ES.
Com informações do Neab/Ufes
O que é cartografia social?
O Grafitti News procurou o conceito de cartografia social e encontrou uma definição do que seja. O Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (OTSS), Criado que surgiu a partir de uma parceria entre a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Fórum de Comunidades Tradicionais de Angra dos Reis, Paraty e Ubatuba (FCT), deu a definição do que é “cartografia social”.
“A cartografia social permite às comunidades desenhar, com a ajuda de profissionais, mapas dos territórios que ocupam. Este tipo de mapeamento social geralmente envolve populações tradicionais e é um instrumento utilizado para fazer valer os direitos desses grupos frente a grandes empreendimentos, problemas relacionados à grilagem de terras e ao não cumprimento de dispositivos legais que dizem respeito à delimitação de terras indígenas, à titulação de territórios quilombolas e à regularização fundiária de territórios caiçaras”, explica a OTSS.
“Em vez de informações técnicas, os mapas sociais são construídos de forma participativa e apresentam o cotidiano de uma comunidade em linguagem simples e acessível. Neles, são colocados espaços de roça, rios, lagos, casas, equipamentos sociais como unidades de saúde e escolas e outros elementos que as populações envolvidas considerem importantes”, prossegue.
A OTSS se define como sendo um espaço tecnopolítico de geração de conhecimento crítico, a partir do diálogo entre saber tradicional e científico, para o desenvolvimento de estratégias que promovam sustentabilidade, saúde e direitos para o bem viver das comunidades tradicionais em seus territórios.