“Se queremos um futuro de paz e prosperidade baseado na equidade e na solidariedade, os líderes têm uma responsabilidade especial de alcançar um compromisso ao projetar nosso futuro comum para o nosso bem comum. Na próxima semana, em Nova York, é o lugar para começar.”
António Guterres, secretário-geral da ONU
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa do encerramento da Cúpula do G77 + China, que se iniciou nesta última sexta-feira (15) e se encerra neste sábado (16). De acordo com a Presidência da República, Lula terá uma agenda de trabalho com o presidente de Cuba, Miguel Diaz-Canel. Será a primeira viagem oficial de um mandatário brasileiro ao país caribenho em nove anos. A última foi em 2014, quando a ex-presidenta Dilma Rousseff esteve em Havana. Nesta segunda –feira (18), o presidente brasileiro abre a 78ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York.
Em Havana, Lula participa do G77 + China. um grupoi criado em 1964 por 77 nações e que atualmente conta com 134 membros, além da China. O G77 + China é o principal foro de cooperação dos países em desenvolvimento dentro do sistema ONU. Inclui a grande maioria dos países do chamado Sul Global: da América do Sul e Caribe, África, Oriente Médio, Sul e Sudeste Asiático e Oceania.
“A Presidência cubana colocou como objetivos a consolidação da unidade dos países em desenvolvimento em negociações em assuntos multilaterais, inclusive nas questões de mudanças do clima, a promoção da solidariedade e da cooperação internacionais no contexto da recuperação pós-pandemia e o impulso à reforma da governança financeira internacional. O foco dessa cúpula é a questão da tecnologia”, explicou o embaixador Carlos Cozendey, secretário de Assuntos Multilaterais Políticos do Ministério das Relações Exteriores (MRE), durante um briefing para imprensa nesta quinta-feira, 14/9.
Essa será a oitava vez que o presidente Lula irá abrir a Assembleia Geral da ONU. Nos oito anos em que governou o Brasil em seus dois primeiros mandatos, ele deixou de comparecer apenas em 2010. Na terça-feira (19), Lula participará do lançamento de uma iniciativa global para promoção do trabalho decente, juntamente com o presidente dos EUA, Joe Biden. Também estão previstas outras reuniões bilaterais, multilaterais e ministeriais entre os países participantes e diversos organismos internacionais à margem da assembleia.
“Ação é o que o mundo precisa”, diz secretário-geral da ONU
Em nota divulgada pela ONU, o secretário-geral António Guterres, abriu assim o seu posicionamento em relação à 78ª Assembleia Geral das Nações Unidas: “Este não é um momento para postura ou posicionamento.” “Ação é o que o mundo precisa”, disse ele, definindo a reunião de 193 Estados Membros para a Semana de Alto Nível da Assembleia Geral da ONU como um “momento único” para avaliar o estado dos assuntos mundiais, mas também “agir pelo bem comum .”
“Este não é um momento de indiferença ou indecisão” prosseguiu. E arrematou: “Este é um momento de nos reunirmos para soluções reais e práticas.” Guterres ainda disse: “É hora de se comprometer para um amanhã melhor. Política é compromisso. Diplomacia é compromisso. Liderança eficaz é compromisso. As Nações Unidas estão se mobilizando para apoiar os esforços de socorro. Trabalharemos de todas as maneiras possíveis com os parceiros para ajudar a obter assistência de emergência para aqueles que precisam desesperadamente ”,
Mundo multipolar
O dirigente da ONU ainda falou sobre a multipolaridade atual entre as nações. ““Um mundo multipolar está emergindo. A multipolaridade pode ser um fator de equilíbrio, mas também pode levar a tensões crescentes, fragmentação e coisas piores. Eu sei que a reforma é fundamentalmente sobre poder – e há muitos interesses e agendas concorrentes em nosso mundo cada vez mais multipolar.”
A importância da ciência no debate em Cuba
Segundo o jornal Granma, órgão oficial do Partido Comunista de Cuba, os países do Sul sofrem mais rigorosamente com os múltiplos desafios globais que condicionam seu desenvolvimento e seus esforços para a plena implementação da Agenda 2030. “A ordem econômica internacional injusta e a arquitetura financeira mundial antidemocrática em vigor; o aumento dramático e simultâneo da extrema riqueza e pobreza, o peso crescente da dívida externa; a fragilidade dos sistemas de saúde e educação, a aplicação de medidas coercitivas unilaterais e protecionistas; tensões e conflitos geopolíticos; insegurança alimentar e energética; a volatilidade dos mercados; o fosso digital, bem como os efeitos adversos das mudanças climáticas e degradação ambiental, entre outros, eles constituem obstáculos determinantes ao progresso de nossos povos”, destacou.
Para superar essa adversidade, é ressaltado que o progresso técnico-científico é essencial para alcançar o desenvolvimento sustentável. “No entanto, o acesso a ela é proibido para grande parte da humanidade, sujeito a uma luta perene pela sobrevivência. Mudar esse cenário exige a construção de um mundo mais justo, verdadeiramente democrático e inclusivo, que privilegie a solidariedade e a cooperação internacionais, por sua vez, permita a mobilização dos recursos necessários para apoiar os esforços dos países para alcançar seu desenvolvimento, cortados por séculos de exploração, colonialismo e saques”, diz o periódico.
Neste contexto, é justificada a unidade e o ativismo do G77 e da China nos debates e fóruns internacionais, tidos como sendo essenciais para fazer avançar “as legítimas aspirações dos nossos povos.” É daí que o papel da ciência, da tecnologia e da inovação no desenvolvimento passou a ser cada vez mais importante para o Grupo dos 77 e para a China. As prioridades do Grupo neste domínio foram integradas nos documentos finais da Primeira e Segunda Cimeiras do Sul. São igualmente salientadas nas declarações finais das reuniões dos Ministros dos Negócios Estrangeiros do Grupo, bem como nos resultados dos debates do Grupo sobre esta questão.
Objetivos da Cúpula do G77 e da China:
- Promover o debate e a análise sobre os principais desafios do Sul para avançar em direção ao desenvolvimento sustentável, em particular o papel da ciência, tecnologia e inovação em apoio à segurança alimentar, saúde, novos processos de produção, bem-estar humano e ambiente saudável, gestão do governo e do setor privado, bem como a contribuição da educação e ética em ciência e tecnologia, modelos de ciência aberta, o papel das ciências sociais e humanísticas no desenvolvimento de nossas sociedades, entre outros tópicos relevantes.
- Dar continuidade e desenvolva o que foi acordado pelos Chefes de Estado e de Governo na I e na II Cúpula Sul, realizada em Havana (2000) e Doha (2005), respectivamente.
- Estabelecer as bases para as posições e interesses que o Grupo defenderá no contexto dos múltiplos processos multilaterais de negociação em andamento, de grande relevância para o G77 e a China, como o Pacto Digital Global, o processo de Revisão Geral da Cúpula Mundial sobre a Sociedade da Informação (WSIS + 20) a Cúpula dos ods, a Cúpula do Futuro; e outros, contra o qual será necessária uma ação concertada.
- Dar um novo impulso às questões centrais do desenvolvimento das nações do Sul, da contribuição da ciência, tecnologia e inovação, bem como definir ações práticas para enfrentar as disparidades existentes entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, e advogar o cumprimento dos compromissos internacionais em Assistência Oficial ao Desenvolvimento, transferência de tecnologias e financiamento necessários para o desenvolvimento dos países do sul.
Joe Biden renova o bloqueio econômico a Cuba, que já dura 61 anos
Desde o dia 3 de fevereiro de 1962, quando o governo Kennedy decretou o bloqueio econômico a Cuba, nesses 61 anos todos os presidentes dos Estados Unidos, independentemente de serem republicanos ou democratas, mostram-se radicais no conservadorismo ao manter o bloqueio. Nos últimos dias, o presidente mais velho da história americana, Joe Biden, repetiu o que seu antecessor, Donald Trump havia feito: Ratificou o bloqueio econômico à Cuba.
A medida dos Estados Unidos objetiva prejudicar o desenvolvimento econômico e social a ilha cubana, que, mesmo assim, nesses 61 anos vem apresentando um sistema de saúde pública exemplar. Ao contrário dos Estados Unidos onde só é atendido em caso de necessidade médica se tiver dinheiro. Sem dinheiro, o próprio estabelecimento de saúde privado se encarrega de colocar o paciente, a força, na calçada do outro lado da rua.