No entanto, para o embaixador israelense no Brasil “ainda não é hora para mediação.” Os palestinos estão chamando o bombardeio judeu sobre a população civil de genocídio
O Brasil, que está na presidência do Conselho de Segurança da ONU neste mês de outubro, promove nesta sexta-feira (13) uma reunião extraordinária para tratar da situação na Faixa de Gaza. No entanto, o Governo israelense que vem promovendo um genocídio contra os palestinos diz que “ainda é cedo para mediação do conflito.’ O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, que concluiu sua visita de trabalho ao Camboja, adiou visita às Filipinas e viaja nesta quinta-feira (12), a Nova York para presidir a reunião do colegiado da ONU.
Já o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zohar Zonshine, em entrevista à Agência Brasil, nesta última quarta-feira (11), disse que “ainda não é hora para uma mediação.”.“Acho que, neste momento, ainda é cedo para mediação porque a maneira com que o Hamas começou a guerra [contra] Israel ainda não terminou e vai terminar quando nós obtivermos as metas que temos que cumprir”, disse o embaixador judeu.
Palestina pede o fim do chacina promovida por Israel
Também em entrevista à Agência Brasil, o embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, afirmou que o atual episódio é apenas mais um capítulo da guerra que Israel começou contra a Palestina em 1948. Ele ainda pediu o fim imediato dos bombardeios à Faixa de Gaza e responsabilizou as potências ocidentais por permitirem que Israel desrespeitasse os limites territoriais da Palestina definidos pelas Nações Unidas.
“O que esta acontecendo agora é a continuidade – um capítulo mais – da guerra que fez Israel contra o povo palestino. É a continuidade da guerra que começou em Israel desde sua criação, até o momento, negando o direito do povo palestino à existência”, destacou. Ibrahim Alzeben qualificou o conflito como chacina e apelou para que as potências Ocidentais detenham os bombardeiros de Israel. Sobre a posição do governo brasileiro, o diplomata destacou que, apesar de respeitar o posicionamento do Brasil, não concorda com os termos dos comunicados oficiais.
Papel do Brasil
Para Alzeben, o Brasil tem importante papel a desempenhar como mediador do conflito. “Brasil é amigo de ambas as partes, tem o respeito de ambas as partes e tem respeito à nível internacional e pode fazê-lo. Agora, se tem sucesso ou não, isso depende das circunstâncias internacionais”, respondeu.
Questionado sobre o fato do Hamas não aceitar o Estado de Israel, o representante da Autoridade Palestina, que controla a Cisjordânia, disse que o grupo de Gaza é consequência das violações dos direitos dos palestinos. “Não existia o Hamas (até 1987). Quem é responsável por isso são os sucessivos governos de Israel que levaram a criação de várias organizações, inclusive, e de criar essas situações beligerantes”, concluiu.
Lula conversa com presidente dos Emirados Árabes
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em conversa por telefone com o presidente dos Emirados Árabes Unidos, Mohammed bin Zayed Al Nahyan, nesta última quarta-feira (11), afirmou que é necessário encontrar uma solução amigável para o conflito entre Israel e Palestina e evitar mortes, especialmente de civis, mulheres e crianças. O diálogo abordou uma série de tópicos cruciais para a estabilidade da região e a busca por uma solução pacífica.
O presidente Mohamed bin Zayed, por sua vez, expressou suas preocupações e desejou ainda uma pronta recuperação ao presidente Lula, que passou por uma cirurgia para colocação de prótese no quadril. O líder dos Emirados Árabes Unidos destacou a importância de líderes globais trabalharem em conjunto para conter a crise na região.
Em resposta, Lula parabenizou Mohamed bin Zayed pela ajuda humanitária aos palestinos, e propôs uma colaboração intensificada no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). Em outubro, o Brasil assumiu a presidência rotativa do conselho pelo período de um mês.
Os dois líderes reconheceram a importância da ajuda humanitária de ambos os países, e a necessidade de se concentrar em aliviar o sofrimento das comunidades afetadas pelos bombardeios recentes. Em um esforço para evitar uma escalada adicional da situação, concordaram em trabalhar em conjunto para promover a paz e a estabilidade na região.
A conversa entre os presidentes não se limitou apenas à crise no Oriente Médio. Eles também discutiram aprofundamento das relações bilaterais entre Brasil e Emirados Árabes Unidos, abordando questões de cooperação econômica, investimentos e parcerias estratégicas em diversos setores.
Por fim, o presidente Lula afirmou que a ida à COP28, em Dubai, no fim de novembro, será a primeira viagem após a cirurgia, e destacou ainda a relevância do evento no debate das ações climáticas globais. Lula enfatizou o compromisso do Brasil em contribuir para um futuro sustentável.
ONU pede esforços de líderes para “evitar o alastramento do conflito”
O mundo está “assistindo com horror um ciclo sobrecarregado de violência”. Essas foram as palavras que o secretário-geral da ONU, António Guterres, usou para descrever “os acontecimentos dramáticos em Israel e em Gaza.”
Em conversa com jornalistas nesta última quarta-feira (11), em Nova Iorque, o chefe das Nações Unidas disse estar em contato com líderes da região e pediu que eles usem sua influência para impedir uma escalada das tensões. Segundo Guterres, a grande prioridade é “evitar o alastramento do conflito.”
Nesse sentido, ele afirmou estar “preocupado com a recente troca de tiros ao longo da Linha Azul e com os recentes ataques relatados no Sul do Líbano.” O líder da ONU fez um apelo “à libertação imediata de todos os reféns israelenses detidos em Gaza.” O secretário-geral também disse que é necessário “acesso humanitário rápido e desimpedido” aos locais afetados por bombardeios em Gaza.
Guterres ressaltou que “os civis devem ser protegidos em todos os momentos” e que “o direito humanitário internacional deve ser respeitado e defendido.” Cerca de 220 mil palestinos estão abrigados em 92 unidades da Agência da ONU para Refugiados Palestinos, Unrwa, em Gaza. O chefe das Nações Unidas sublinhou que “as instalações da ONU e todos os hospitais, escolas e clínicas nunca devem ser visados.”