Quem analisa o fenómeno da chuva ocorrer com frequência no Dia de Finados, no Espírito Santo, é a equipe de Meteorologia do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper)
A análise faz parte de uma série de postagens da Coordenação de Meteorologia do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) sobre os “mitos” que envolvem a meteorologia e que começa com a lenda que diz: “sempre chove em Finados”. A alegação de que “sempre chove em Finados” é, obviamente, de cunho religioso e as pessoas associam chuva à tristeza. Em regiões desérticas, no entanto, seria algo a se comemorar, diz o setor meteorológico do Incaper.
Diz a lenda que “chove nesse dia (2 de novembro) porque toda a tristeza das pessoas que perderam um ente querido sobe ao céu e desce em forma de chuva para lavar toda a mágoa de quem ficou”. O mais interessante dessa crendice popular é que ela não resiste quando confrontada aos mais básicos questionamentos, mas, mesmo assim, todos a espalham sem ao menos pensar, resumem os especialistas.
As pessoas passam adiante a crendice e, convenientemente, esquecem das ocasiões em que ela não é verdadeira. Quando não chove num dia de Finados, as pessoas simplesmente não falam nada. Ninguém se pergunta: “Não era pra ter chovido hoje?”. Temos aqui um caso explícito e claro de memória coletiva seletiva. Ou seja, as pessoas simplesmente querem continuar acreditando naquela informação, mesmo ao serem confrontadas com a verdade.
Explicação técnica
A afirmação de que sempre chove no dia de Finados é muito mais fácil de ser assimilada em regiões de clima tropical, como o Brasil, por exemplo. Durante o mês de novembro, estamos na primavera para a região Sudeste do Brasil, que é uma estação de transição entre o inverno seco e o verão chuvoso. Assim, a chance de chover em grande parte do Brasil é realmente alta. Só que isso não é regra.
Aqui no Espírito Santo, por exemplo, novembro é considerado, baseado em uma climatologia (1984-2014), o segundo mês mais chuvoso do ano na maior parte do estado, só ficando atrás de dezembro. Assim, como estamos em época de chuvas, estatisticamente a probabilidade de que seja observada chuva no dia 2 de novembro é a mesma que aquela calculada para os dias 1 e 3 de novembro, por exemplo.
Por falar em estatística, segundo levantamento feito nas séries históricas de dados de chuva da capital capixaba, Vitória, nos últimos 40 anos de dados observados, foram constatados 19 feriados de finados com chuva. Ou seja, em aproximadamente 50% dos feriados de finados choveu.
E este ano de 2023? Como será?
O feriado de finados começa com chance de chuva passageira pelas regiões Sul, Serrana e na Grande Vitória. Nas demais regiões não há expectativa de chuva. Ao longo do dia as nuvens diminuem pelo Estado e só são esperadas pancadas isoladas de chuva em trechos das regiões Sul e Serrana. A temperatura diurna diminui um pouco em todas as regiões.
Na Grande Vitória, sol ao longo do dia com chuva entre a tarde e a noite. Temperatura mínima de 25 °C e máxima de 33 °C. Vitória: mínima de 25 °C e máxima de 32 °C. Na Região Sul, sol e aumento de nuvens pela manhã, com previsão de pancadas de chuva a tarde. Nas áreas menos elevadas: temperatura mínima de 21 °C e máxima de 33 °C. Nas áreas altas: mínima de 17 °C e máxima de 29 °C.
Na Região Serrana, sol e aumento de nuvens pela manhã, com previsão de pancadas de chuva a tarde. Nas áreas menos elevadas: temperatura mínima de 22 °C e máxima de 33 °C. Nas áreas altas: mínima de 18 °C e máxima de 29 °C. Na Região Norte, sol entre nuvens, mas sem previsão de chuva. Temperatura mínima de 23 °C e máxima de 34 °C.
Na Região Noroeste, sol ao longo do dia com chuva entre a tarde e a noite no sul da região. Nas áreas menos elevadas: temperatura mínima de 24 °C e máxima de 35 °C. Em Mantenópolis e Alto Rio Novo: mínima de 23 °C e máxima de 32 °C. Na Região Nordeste, sol entre nuvens, mas sem previsão de chuva. Temperatura mínima de 24 °C e máxima de 30 °C.
Curiosidade
O feriado de Finados de 2010 foi o mais chuvoso em Vitória/ES, analisando a série de 1976 ao presente. Na ocasião, foram registrados 60,4 mm na estação meteorológica convencional do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), localizada na Ilha de Santa Maria. A temperatura máxima não passou dos 24 °C.