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Parceria entre Ufes, cooperativa e instituição alemã promove monitoramento de plantações por satélite

Parceria entre Ufes, cooperativa e instituição alemã promove monitoramento de plantações por satélite | Fotos: Arquivo do pesquisador

Uma pesquisa da Universidade de Hohenheim, da Alemanha, em parceria com a Ufes e a Cooperativa dos Produtores Agropecuários da Bacia do Cricaré (Coopbac) busca monitorar por imagem de satélite os plantios de pimenta-do-reino, café, mamão, eucalipto, macadâmia e áreas florestais do Espírito Santo. O estudo é vinculado ao projeto Agro+: por uma agricultura mais sustentável, sob coordenação do professor do Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical da Ufes Marcelo Barreto.  

O projeto possibilita obter dados referentes à saúde geral da plantação, à temperatura, à umidade e à precipitação em grandes áreas. Os estudos continuam com objetivo de aprimorar as estimativas de produção com foco na pimenta-do-reino.

Imagens de satélite são usadas para monitorar as plantações no Espírito Santo | Fot:o Ghenis Carlos/Ufes

Segundo o professor Barreto, a pesquisa permite a redução da especulação sobre as plantações, aumentando assim a precisão na estimativa das safras, podendo ser aplicada posteriormente a outras lavouras. Ele aponta, ainda, que os dados podem subsidiar políticas do governo federal.

“Esse tipo de previsão sobre as condições das safras pode ser associado a um estoque regulador; então haveria uma política mais estável com relação aos preços, gerando benefícios para a população e para o agronegócio como um todo. Hoje, no Brasil, há necessidade de aprimorar as políticas de controle de produção com o auxílio de novas tecnologias, pois as atuais têm pouca eficiência. Por isso, muitas vezes a produção é alta e o preço cai, ou, se produz em menor quantidade e o preço sobe, provocando grandes oscilações”, declara Barreto.

Metodologia

Foram utilizados dados governamentais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para identificar plantações. Esses dados foram comparados com os obtidos via satélite e via expedição em campo. Paralelo a isso, foram mapeados dados relativos ao clima, à precipitação, ao solo, e a outros fatores para determinar a variabilidade regional. Os instrumentos de coleta de dados e transporte foram fornecidos pela Ufes e a Coopbac possibilitou a execução.

Ilustração da metodologia | Foto: Arquivo do pesquisador

Sustentabilidade

O pesquisador responsável, Michael Hylind, da universidade alemã, explica que para um mercado com alta instabilidade nos preços, ter acesso a certos dados e conhecer a oferta do produto ano a ano é um fator importante na tomada de decisões. A utilização de satélites  para a coleta desses dados é uma abordagem econômica constantemente aplicada em grandes áreas de produção. As informações obtidas favorecem o processo de verificação de fatores importantes para a confiança tanto do fornecedor quanto do comprador e ainda para decisões políticas, envolvendo questões de sustentabilidade e de cadeias de abastecimento.

Referente à sustentabilidade, Hylind afirma que o mercado voluntário de carbono está crescendo. Economias agrícolas do Espírito Santo devem considerar a possibilidade de práticas sustentáveis em troca dos benefícios do “financiamento verde”, pois os projetos de reflorestamento ou preservação podem ser avaliados rapidamente com a utilização de satélites e os créditos de carbono ser considerados como fonte de receita para o proprietário da terra.

Distribuição de amostras coletadas nas regiões capixabas | Fotos: Arquivo do pesquisador

“O meu trabalho atual com a Comissão Europeia e a Direção-Geral de Parcerias Internacionais centra-se no gerenciamento de espaços em prol do desenvolvimento. As cadeias de produção sustentáveis e os impostos sobre a importação de carbono exigirão uma melhor monitorização, comunicação e verificação dos produtos naturais. A acessibilidade dos dados obtidos por satélite possibilita que qualquer sistema agrícola alcance esses requisitos. Isso pode canalizar dinheiro para o sul global e ajudar as empresas a cumprir as suas metas de sustentabilidade”, detalha Hylind.

O pesquisador declara ainda que as visitas e a coleta de informações sobre irrigação, cultivo e avaliação do local desempenharam um papel importante em sua tese. “Meus modelos e abordagens não teriam tido sucesso sem a experiência e a generosidade da Coopbac”.

Cooperativa

Localizada no maior polo agrícola produtor de pimenta-do-reino do Brasil, com capacidade de produção de cerca de 65.000 toneladas anuais, a Coopbac é referência em produção agrícola. A base de São Mateus foi formada em 2005, reunindo 50 produtores. Hoje, a cooperativa conta com mais 500 pessoas comprometidas com o desenvolvimento do agronegócio e com uma produção sustentável.

Instalações da Coopbac, em São Mateus | Fotos: Arquivo do pesquisador

O presidente da cooperativa, Tomas Batista Silveira, destaca que é a ciência que possibilita novas tecnologias de produção sustentável para o produtor rural. Pontua, ainda, que a utilização desses métodos sustentáveis gera impactos positivos para a Coopbac e para o  cooperativismo.

“A Coopbac vê com bons olhos as pesquisas e o desenvolvimento da ciência, principalmente com relação à cultura da pimenta-do-reino, que é uma cultura pouco explorada cientificamente, então temos poucas informações científicas. Desde 2015, nós temos desenvolvido parcerias com a Ufes, seja na realização de eventos, experiências no campo e pesquisas que envolvem o produtor rural, que é o maior interessado. Mas precisamos de mais parcerias com instituições de pesquisa e desenvolvimento para ajudar os produtores de pimenta-do-reino a terem lavouras mais sustentáveis, seja ambientalmente ou financeiramente”, declara o presidente da Coopbac.

O professor Marcelo Barreto destacou a importância da parceria entre a Universidade e o setor cooperativista, explicando que as pesquisas aplicadas fundamentam o ensino de problemas reais demandadas pelo segmento produtivo e pela sociedade.

Financiamento

O projeto Agro+: por uma agricultura mais sustentável recebe apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Espírito Santo (Fapes), da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), da Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag) e ainda conta com a contribuição de parceiros privados.

Texto: Ghenis Carlos/Bolsista em projeto de Comunicação