Uma pesquisa da Ufes concluiu que o envidraçamento completo das varandas pode facilitar a propagação do fogo em caso de incêndio. A evolução das chamas em varandas fechadas se desenvolve de três a quatro vezes mais rápido quando comparado ao que acontece numa varanda de modelo padrão, causando mais risco aos residentes e dificultando o combate ao fogo por parte dos bombeiros.
O estudo foi realizado para a dissertação de mestrado A Influência da Varanda Envidraçada de Edificações Verticais na Propagação do Incêndio, de João Thomaz, sob orientação da professora do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo Cristina Engel. Foram feitas simulações computacionais baseadas nos modelos genéricos com uso de índices de compartimentação de incêndio aplicados na norma do Corpo de Bombeiros Militar do Espírito Santo. A simulação levou em conta os dois modelos: varandas abertas e com envidraçamento.
Segundo o pesquisador João Thomaz, em geral a rápida propagação do fogo ocorre devido à intervenção arquitetônica ser feita após a construção do imóvel, o que desconfigura o projeto original, previamente aprovado nos órgãos de controle. Com a alteração, a compartimentação de incêndio, que é uma medida de segurança prevista em normativos que retarda a propagação das chamas, é suprimida.
De acordo com as normas técnicas, é necessária uma distância de 1,20 metros entre os pavimentos (teto da varanda e o peitoril do pavimento superior), espaço esse que deve ser isolado com elementos de resistência a chamas, como alvenaria. Quando esses índices mínimos de compartimentação são alterados, as chamas tendem a se espalhar mais rápido, em caso de incêndio. Em residências sem varanda, a compartimentação é a distância entre aberturas, como janelas, de 1,20 metros entre pavimentos.
O pesquisador João Thomaz ressalta “que deve ser observado sempre o fiel cumprimento das normas vigentes a fim de manter a segurança de todos e atentar-se a manter o índice de compartimentação em caso de fechamento da varanda”. Segundo ele, nas intervenções pós-construção do imóvel, o recomendado é o uso de vidros com tempo de resistência a chamas próximo ao tempo de uma parede de alvenaria, sempre respeitando os índices de compartimentação exigidos.
Para a professora Cristina Engel, a divulgação dos resultados da pesquisa pode contribuir para que arquitetos e projetistas avaliem essas questões quando estiverem desenvolvendo os seus projetos: “a conscientização do problema às vezes funciona muito melhor do que as normas”, afirmou.
Texto: Dhébora Molina/Bolsista em projeto de Comunicação