As produções de artistas e pesquisadores de arte contemporânea do Espírito Santo estão reunidas no e-book Arte contemporânea – estratégias, poéticas e ensaios sobre a arte capixaba, publicado e disponibilizado gratuitamente pela Editora da Ufes (Edufes). Organizada pelos professores do Centro de Artes da Ufes José Cirillo e Angela Grando, a obra integra a Coleção Pesquisa Ufes, destinada aos programas de pós-graduação da Universidade, e traz reflexões de professores e pesquisadores ligados à Ufes.
Os textos analisam as trajetórias de artistas que atuam na cena contemporânea capixaba há décadas, assim como as produções dos mais jovens, em variados meios e materiais. Regina Chulam, Rubiane Maia, Rosana Paste, Nortton Dantas, Nenna e Hilal Sami Hilal são alguns dos artistas contemplados.
O ponto de contato entre os diferentes trabalhos é a relação que guardam com a Ufes como espaço de experimentação e reflexão, especificamente dentro do Programa de Pós-Graduação em Artes (PPGA), que oferece curso de mestrado em Artes desde 2006. Bem avaliado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), o programa recebeu aprovação para iniciar o curso de doutorado já neste ano.
“No Espírito Santo, o Centro de Artes da Ufes é de relevância única na formação em Artes Visuais e Plásticas, pois não temos cursos livres de formação de artistas, como no Rio de Janeiro ou em São Paulo”, afirma a professora Angela Grando. “A Universidade habita e interage como uma chave exploratória gerada a partir de relações que ecoam em cada processo criativo dos artistas, historiadores de arte e pesquisadores que têm se dedicado a compreender um pouco do contexto cultural capixaba.”
Ensaios
Segundo a professora, os ensaios permitem ver aspectos da cena contemporânea que se transformaram ao longo dos anos. Em meio a pesquisas sobre temas como forma, corpo, sentidos, política e tecnologia, os artistas “avançam com a arte em uma direção onde materializam formas do saber”, afirma Grando.
“Já há muito tempo a arte deixou de se fixar apenas nas formas e nos meios tradicionais da pintura e da escultura. Desde as imagens da arte que os precederam, até os materiais desviados do seu uso cotidiano e simplesmente deslocados para o interior do espaço expositivo, todos os meios e todas as imagens parecem servir aos artistas”, diz.
Ela destaca, também, a manutenção das funções essenciais da arte mesmo diante de formas diversas das que se viam no passado. “A arte é, dentre as diversas formas da expressão humana, a que mais claramente inscreve sinais portadores de uma intencionalidade de comunicar, embora inconscientemente, com um tempo que ainda não ganhou qualquer forma verificável no presente”, afirma.
Texto: Leandro Reis