Segundo comunicado à imprensa feito pela Embaixada da França no Brasil, o embaixador francês para os direitos das pessoas LGBT+ em 2022, Jean-Marc Berthon, está no Brasil em busca de alianças para promover a descriminalização da homossexualidade. Berthon está em um cargo até então inédito na maioria dos países e busca extinguir a criminalização das pessoas LGBT+ em todo o mundo.
Nesta quinta-feira (18), encontra-se com autoridades do Governo federal, parlamentares e representantes da sociedade civil engajados no respeito à diversidade. Jean-Marc Berthon é funcionário sênior do Ministério das Relações Exteriores da França e tem como missão trabalhar pelo respeito dos direitos e da liberdade das pessoas LGBT+ dentro da rede da diplomacia francesa.
Berthon desembarcou no Brasil na última segunda-feira (15). Entre as autoridades brasileiras que manterá encontros está a secretária nacional para os Direitos das Pessoas LGBTQIA+, Symmy Larrat e com integrantes do Ministério da Igualdade Racial e da Secretaria-Geral da Presidência da República. Também haverá encontros com parlamentares e representantes da sociedade civil.
Fortalecer os vínculos com o Brasil
França e o Brasil estão entre os principais países mais abertos à diversidade sexual e de gênero. Em sua visita, Jean-Marc Berthon busca fortalecer os vínculos com Brasil, discutir políticas LGBT+, trocar experiências e melhores práticas. O novo plano adotado por Paris para combater o ódio anti-LGBT+ será discutido em Brasília.
Cerca de um terço dos países considera a homossexualidade um crime passível de punição. Em alguns deles, punição com pena de morte. Em tantos outros países os direitos de gays, lésbicas, bissexuais e transexuais não são garantidos. A visita do embaixador Jean-Marc Berthon também visa construir posições comuns entre Brasil e França para atuação junto a organismos internacionais.
O embaixador trabalha na diplomacia francesa desde 1996. No ano passado, em entrevista à Rádio France, ele fez a seguinte declaração: “Eu sempre fui apaixonado pela diversidade do mundo. Quando criança, eu sonhava com mapas do mundo. Naturalmente, eu estava interessado em diplomacia. Meu primeiro posto foi no exterior, na Embaixada da França na Croácia. Então eu comecei neste espaço ex-iugoslavo devastado pela guerra. “.
Responsável pela cooperação no campo da educação e da Francofonia em Zagreb, ele realizou missões em Praga, República Tcheca, e depois em Rabat, Marrocos. Em 2018, ele ingressou na célula diplomática do Élysée. Uma experiência notável para a diplomacia feminista que ele foi capaz de implementar com a criação de um conselho consultivo sobre igualdade de gênero. Feminista, Jean-Marc Berthon diz que sempre foi, segundo relata a Rádio France.
Pioneirismo francês
A França foi o primeiro país a pôr fim ao crime de sodomia em 1791, o que inspirou outras nações. A lei que descriminalizou a homossexualidade veio em 1982. Em 2008, a França assumiu o compromisso da descriminalização junto às Nações Unidas, quando, pela primeira vez, a questão foi colocada na agenda internacional.
Em 2010, a França foi o primeiro país a declarar que a transidentidade não era uma doença. Em 2023, a França criou um fundo de mais de 10 milhões de reais para ser usado por suas embaixadas em todo o mundo em projetos de defesa dos direitos das pessoas LGBT+.