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Extensa rede de cidades de 2.500 anos é descoberta por arqueólogos na Amazônia


Segundo estudo cientifico publicado na reivsta Science, bem no coração da Floresta Amazônica, cientistas descobriram uma ampla rede de cidades densamente povoadas, de 2.500 anos, onde havia uma civilização agrária até então desconhecida


Extensa rede de cidades de 2.500 anos é descoberta por arqueólogos na Amazônia equatoriana | Foto: Infoamazônia/Alliance DPA

Enquanto autores de livros de História do Brasil e das Américas insistem em manter uma visão eurocentrista e ignorar que havia civilizações na América Latina, além de continuarem repetindo a versão de que a América e o Brasil foram “descobertos” e não invadidos pelos europeus, a revista cientifica Science trouxe uma evidência de povos ancestrais na região amazônica com cultura requintada. O local, que compreende uma extensão superior a  mil quilômetros quadrados, fica no Vale de Upano (Equador), na base da cordilheira dos Andes, possuía  cerca de vinte cidades interligadas por estradas.

“Um denso sistema de centros urbanos pré-hispânicos foi encontrado no vale de Upano, no Equador da Amazônia, no sopé oriental dos Andes. Trabalhos de campo e análises de detecção e alcance de luz (LIDAR) revelaram uma paisagem antropizada com aglomerados de plataformas monumentais, praças e ruas, seguindo um padrão específico entrelaçado com extensas drenagens e terraços agrícolas, além de amplas estradas retas percorrendo grandes distâncias”, diz a revista no resumo da pesquisa.

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Sistema rodoviário

“As escavações arqueológicas datam a ocupação de cerca de 500 aC para entre 300 e 600 dC. A característica mais notável da paisagem é o complexo sistema rodoviário que se estende por dezenas de quilômetros, conectando os diferentes centros urbanos, criando assim uma rede em escala regional. Esse extenso desenvolvimento inicial no Alto Amazonas é comparável a sistemas urbanos maias semelhantes recentemente destacados no México e na Guatemala”, prossegue.

O mapeamento foi realizado com tecnologia de sensor a laser e revelou que esses locais faziam parte de uma densa rede de cidades ligadas por estradas e canais, escondida nas encostas arborizadas dos Andes e que durou cerca de mil anos.

É mais de mil anos antes do que qualquer outra sociedade complexa da Amazônia que se tinha conhecimento. Machu Picchu, no Peru, por exemplo, foi construída no século 15. A descoberta, portanto, muda o que se sabia sobre a história das civilizações antigas amazônicas, que, segundo as evidências até então, teriam vivido como nômades ou em pequenos assentamentos.

Campos agrícolas

As cidades eram intercaladas por campos agrícolas retangulares e cercadas por terraços nas encostas, onde os habitantes plantavam diferentes itens, como milho, mandioca e batata doce – encontrados em escavações anteriores na região.

A área fica à sombra de um vulcão que possibilitou solos ricos para agricultura – mas que também pode ter levado à destruição da sociedade. Estradas largas e retas ligavam as cidades umas às outras, e as ruas corriam entre as casas e os bairros de cada assentamento. As maiores estradas tinham 10 metros de largura e se estendiam por 10 a 20 quilômetros.

De acordo com a página 7 da publicação científica, a cobertura LiDAR foi conduzida pela empresa Technoproject encomendada pela INPC. A aeronave utilizada foi um Cessna 206 equipado com um scanner a laser Optech Gemini 2008, calibrado a uma taxa de leitura de 100 kHz, a uma frequência de leitura de 40 kHz e a um ângulo de leitura de 50 valuetech. Estes parâmetros produziram uma média de 12,7 retornos por metro quadrado (nenhuma precisão foi dada pelo equipa relativa aos rendimentos médios do solo).

Equipamentos utilizados

A geolocalização foi assegurada por três GNSS Leica GS09 receptores. Foram realizados 20 voos ao longo de 17 dias, entre 25 de julho e10 de agosto de 2015, a uma altitude média de 305 m (1000 pés) e a uma velocidade média de 180 km / h (100 knots). O relatório da equipe de operação  informa que os equipamentos e parâmetros disponíveis não era ideal para o contexto Amazónico, nem o clima e o ambiente condições.

As principais limitações foram o ambiente pré-montanhoso e as zonas de diferença de altitude (os terraços em forma de Penhasco do Rio Upano) em que o modelo de aeronave estava não bem adaptado, bem como as condições climáticas, que mudaram durante o dia. Isso levou a uma cobertura heterogénea. No entanto, os conjuntos de dados processados resultantes são de qualidade bastante boa e os constrangimentos técnicos poderão, em geral, ser ultrapassados durante a fase de interpretação.

Sociedade estratificada

Nas pesquisas arqueológicas em terra foram observados montes de 8 a 10 metros de altura, que testemunharam a construção não de casas, mas de espaços coletivos para rituais ou festas. Os pequenos campos mostram também que se tratava de uma sociedade agrária que “aproveitava o menor espaço vazio para fazê-lo dar frutos”, analisam os cientistas, que trabalha no laboratório de Arqueologia das Américas.

Ao vasculhar as casas, foram desenterrados inúmeros restos domésticos: sementes, pedras de amolar, ferramentas, potes de cerâmica para beber cerveja de milho.A descoberta demonstrou “que não existiam apenas arcaicos caçadores-coletores indígenas na Amazônia, mas também populações urbanas complexas”, enquanto uma “certa arrogância ocidental tende a classificar as civilizações dos povos da floresta como selvagens”, conclui. Leia, a seguir, a íntegra do artigo publicado na revista Science, no seu original em inglês.

Artigo-da-revista-Science