A 41ª edição da Entrega do Balaio para Iemanjá ocorre nesta sexta-feira (2) no pier que leva o nome da Orixá, na Praia de Camburi, em Vitória (ES). O inicio das festividades será a partir das 14 horas através de um cortejo, que partirá do Barracão de Mãe Néia, em Bairro de Fátima. A previsão é que esse cortejo chegue por volta das 15 horas no Pier de Iemanjá, quando deve começar a gira. A festa ocorrerá no primeiro Pier da Praia de Camburi, no sentido Praia do Canto a Jardim da Penha.
A palavra gira é um termo utilizado na religião da Umbanda para se referir a uma cerimônia ritualística realizada pelos praticantes dessa religião. A gira é um momento de conexão com os espíritos e entidades espirituais, onde são realizadas diversas práticas, como cantos, danças, rezas e incorporações.
Ao chegar em Camburi, os integrantes do cortejo vão ser recepcionados por um grupo de copeira. Após a cerimônia de abertura, os participantes que são filhos de santo vão se direcionar a uma lancha ancorada próxima à ponte que interliga Camburi à Praia do Canto, onde vão entregar as oferendas à Iemanjá nas águas da Baía de Vitória.
Após as oferendas terem sido lançadas ao mar e a chegada ao pier dos pais de santo, vai ser feita uma distribuição de iguarias de origem africanas, denominadas de comidas de santo. Entre essas está o Acarajé (Yansã), Mungunzá (Oxóssi) e o Bolinho de Nanã (Yemanjá). São petiscos ofertados às divindades.
Calendário oficial de eventos
Apesar de o vereador André Moreira (PSOL) ter formulado o projeto de lei 264/2023, onde propôs que o dia 2 de fevereiro entrasse no Calendário Oficial de Vitória, como sendo o “Dia da Entrega do Balaio para Iemanjá”, com aprovação quase unânime, o prefeito da Capital do Espírito Santo, Lorenzo Pazolini (Republicanos) não sancionou a lei no prazo regulamentar. Com isso, os vereadores promulgaram e a proposta virou a Lei municipal 10.003/2023. O único vereador a votar contra, por motivos religiosos, foi o evangélico Davi Esmael (PSD).
Mesmo sendo lei e estando em vigor, não há publicidade no portal oficial da Prefeitura de Vitória sobre a Festa de Iemanjá de Vitória, realizada no dia 2 de fevereiro. O mesmo ocorre com o Calendário de Eventos do Governo do Espírito Santo, que é divulgado pela Secretaria de Estado do Turismo. A Festa de Iemanjá é ignorada no calendário oficial do Governo do Estado, um instrumento que serve para micro-empresários que participam das festas ali anunciadas com trailers (Food Truck) com comida e bebida.
Na Bahia, a Festa de Iemanjá é Patrimônio Cultural de Salvador
Enquanto no Espírito Santo as autoridades ignoraram a Festa de Iemanjá, no vizinho Estado da Bahia, são as autoridades públicos estadual e municipais as maiores incentivadoras da festividade, que ocorre no Bairro Rio Vermelho, também no dia 2 de fevereiro. Para o Governo da Bahia, as festas tradicionais , como a de Iemanjá, são atrativos para captação de turistas e representam geração de emprego e renda.
Segundo comunicado à imprensa, feito na última semana, pela Secretaria de Turismo do Estado da Bahia (Setur-BA), as atividades turísticas baianas seguem em ritmo de crescimento, no período pós-pandemia da Covid-19. Pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que, de janeiro a novembro de 2023, o setor cresceu 7,5%, no país, enquanto, na Bahia, o aumento foi de 12,6%.”O resultado reflete o levantamento feito pela Setur-BA, que também registra números positivos, comparando os dois últimos anos”, diz o órgão do governo baiano no comunicado.
Em 2022, os principais aeroportos baianos tiveram o movimento de 8,7 milhões de passageiros; em 2023, foram 9,5 milhões de viajantes. Destaque para os voos internacionais, que tiveram um incremento de 36%, com a abertura de novas linhas da Europa e da América Latina. A taxa de permanência dos turistas em território baiano, que era de 5,7 dias, em 2022, subiu para 6,4 dias, no ano seguinte.
Nas praças de pedágios das rodovias baianas houve aumento também no movimento. Em 2022, 6,7 milhões de veículos foram registrados; em 2023, o número chegou a 7 milhões. Levando em conta somente a ocupação da rede hoteleira em Salvador, a taxa subiu de 59,2% para 63,8%, no comparativo do período.
Outro dado importante se refere à recuperação dos postos de trabalho perdidos no turismo baiano, durante a pandemia. Em 2020, 19 mil trabalhadores perderam seus empregos. De janeiro de 2021 a novembro de 2023, foram abertas mais de 30 mil vagas de trabalho em atividades turísticas desenvolvidas na Bahia.
O secretário da Setur-BA, Maurício Bacelar, disse que os números são o resultado da política de expansão do turismo, conduzida pelo Governo do Estado, em parceria com o Governo Federal, os municípios, o empresariado, entidades profissionais e organizações sociais. “O Estado compartilha os avanços no turismo com todos os agentes que atuam no setor, responsável pela geração de riquezas e empregos imediatos. Temos posições de liderança na atração de turistas nacionais e crescemos na conquista de mais visitantes estrangeiros, tendência que deve se manter, em função do trabalho contínuo na prospecção de novos voos internacionais, uma parceria entre o governo, as companhias aéreas e o aeroporto de Salvador”