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Parlamentares criticam violência policial nos desfiles de bloco no Centro de Vitória (ES)


Houve ataque com gás de pimenta e balas de borracha pelos policiais contra os foliões, moradores, comerciantes, frequentadores de bar e vendedores ambulantes por dois dias seguidos no Carnaval do Centro. E o temor continua,  já que a Prefeitura de Vitória anunciou que haverá desfiles de blocos carnavalescos até o dia 9 de março


PMV anuncia continuidade dos desfiles de bloco até o final do mês, mas oferece violência policial . No vídeo é possível ouvir que o ataque assustou até os cachorros dentro das residências| Vídeos: Redes sociais

A atual administração municipal de Vitória (ES) está sendo criticada por deputados estaduais e pelos moradores do Centro Histórico de Vitória, por ter acionado as forças policiais para acabar com violência com o desfile de blocos carnavalescos durante o Carnaval no Centro de Vitória. A preocupação persistem, já que a municipalidades mantém a continuidade dos desfiles de blocos até o dia 9 de março. O problema ocorreu porque a polícia queria acabar com o carnaval cedo, exatamente no horário em que os festejos se iniciavam em outras cidades,como Santa Leopoldina e Guriri, em São Mateus.

Para moradores, a violência da Polícia Militar do Espírito Santo (PMES) e da Guarda Municipal acaba prejudicando a tão sonhada revitalização da região, um processo que garantiria a geração de empregos e renda com a exploração do turismo. Alegam que, ao invés de estimular a vida noturna no Centro, a exemplo do que a Prefeitura do Rio de Janeiro promoveu no Centro carioca, principalmente na região da Lapa, em Vitória e com frequência, ao acionar a  PM e a sua Guarda municipal para reprimir os foliões, a medida acaba desestimulando a ida ao Centro.

Nos dois últimos dias dos festejos de Momo, o Centro não reviveu os seus carnavais do passado, mas o que se viu foram ações violentas dos policiais militares e da guarda municipal, com bombas de gás de pimenta e balas de borracha. A ação violenta escorraçou até as pessoas que se encontravam nos barzinhos. É esse movimento noturno que faz superar a insegurança, que os policiais não eliminam.

O Centro é, atualmente, inseguro e quem é obrigado ir para casa mais tarde é frequentemente vitima de assaltos, inclusive com violência. O intuito da repressão era acabar à força com o desfile de blocos, onde os foliões somente poderiam fixat que somente até as 19 horas. O horário para o término é motivo de críticas pelos moradores e foliões, já que cidades do interior, como Santa Leopoldina e o Distrito de Guriri, em São Mateus, os festejos carnavalescos se iniciam oficialmenmte às 19 horas e vão até as 2 horas da madrugada, com os foliões ficando nas ruas até o dia raiar.

Dos 15 vereadores de Vitória, apenas dois criticaram a violência das forças policiais contra os cidadãos no Centro de Vitória. Além do vereador André Moreira (PSOL), a outra parlamentar municipal a se pronunciar contra a forma violenta foi a vereadora Karla Coser (PT).  “A dispersão precisa acontecer, mas não tem cabimento ser dessa forma. Abordagem totalmente inadequada. Perigoso para os foliões e para os moradores. Assustador pra quem mora no Centro”, assinalou a vereadora do PT.

Faltou respeito aos foliões,  moradores, comerciantes e ambulantes, diz Valadão

A deputada estadual Camila Valadão (PSOL) usou as redes sociais do vereador André Moreira (PSOL) para criticar a forma violenta como a Polícia Militar e a Guarda Municipal agiu, após pedido formulado nesse sentido pela atual gestão municipal de Vitória. “Quarta-feira de cinzas. E essa aqui é a imagem que a atual administração de Vitória quer deixar sobre o carnaval no Centro de Vitória, que só aconteceu graças à resistência dos blocos e da população”, iniciou ela em suas redes sociais.

“Sabe por que isso aqui acontece? Porque falta gestão, estratégias de dispersão dos blocos. É importante a gente afirmar sempre que o carnaval de rua é manifestação coletiva, portanto direito e em Estado democrático. Cabe às forças de segurança atuar para garantir a ordem pública e a segurança dos participantes. Mas a pergunta é: é esse o protocolo? A técnica das forças para a dispersão de carnaval?”, prosseguiu

“E o respeito à dignidade dos foliões, comerciantes, ambulantes, moradores?  Nós vamos cobrar a construção de protocolos e treinamentos das forças de segurança para atuação em dispersões. Mas o que falta é gestão pública. Nós não queremos que o nosso carnaval termine como caso de polícia, por falta de gestão de administrações”, finalizou Camila Valadão.

Desabafo da deputada Iriny Lopes (PT)

“O prefeito, ao invés de promover um diálogo construtivo, optou por tentar restringir os blocos no centro, mas foi obrigado a recuar diante da resistência popular. Sua decisão de acionar as forças policiais para reprimir o povo demonstra uma falta de sensibilidade e respeito não só aos foliões, mas também aos moradores, ambulantes e comerciantes do Centro”, disse a deputada estadual Iriny Lopes (PT), nas suas redes sociais.

“É hora de repensar as estratégias de gestão do Carnaval em Vitória, priorizando o respeito aos direitos dos cidadãos e promovendo uma celebração segura e inclusiva para todos. O prefeito, ao invés de promover um diálogo construtivo, optou por tentar restringir os blocos no centro, mas foi obrigado a recuar diante da resistência popular. Sua decisão de acionar as forças policiais para reprimir o povo demonstra uma falta de sensibilidade e respeito não só aos foliões, mas também aos moradores, ambulantes e comerciantes do Centro”, prosseguiu a parlamentar.

É hora de repensar as estratégias de gestão do Carnaval em Vitória, priorizando o respeito aos direitos dos cidadãos e promovendo uma celebração segura e inclusiva para todos.

Vídeo divulgado pela Amacentro para ilustrar a sua nota de repúdio à ação violenta da Polícia Militar do Espírito Santo no Centro Histórico de Vitória | Vídeo: Redes sociais

Leia a íntegra da nota de repúdio da Amacentro à ação violenta da PM no Centro Histórico de Vitória:

A Associação dos Moradores do Centro Histórico de Vitória (ES) (Amacentro) emitiu, através de suas redes sociais, a seguinte nota:

Manifestação sobre o carnaval e seu desfecho violento

A Amacentro vem a público manifestar seu repúdio à truculência usada pela Polícia Militar, na noite de terça-feira de carnaval, para dispersar grupos de pessoas que insistiram em continuar a folia ao som dos insuportáveis carros e caixas de som que muito incomodam os moradores do Centro e que poderiam ter sido contidos pela fiscalização e forças de segurança.

A operação da PM aconteceu na rua 7, Graciano Neves, na Maria Saraiva e causou indignação aos moradores e comerciantes e até aos animais, também afetados pela violência policial.

Todos reconhecem que é necessário dispersar essa multidão que insiste em permanecer provocando desordem na rua ao som de carros não autorizados e caixas de som maniais, após às 22h, mas a forma utilizada em seguidos carnavais no Centro Histórico é errada e violenta.

Neste carnaval de 2024, depois de inúmeras reuniões entre os envolvidos com o carnaval, que foram desde o Ministério Público, Procuradoria Municipal, diversas Secretarias municipais, PMES, Blocos, Amacentro e comerciantes e como resultado pactuou-se um Carnaval de blocos na Beira-Mar (os grandes) e os blocos menores dentro do Bairro. Todos os cortejos de blocos ocorreram com muita organização, alegria e responsabilidade publicitária com campanhas educativas e respeito de meio ambiente, acolhendo as solicitações do Decreto 23.180, publicado em 23/12/2023. O encerramento das atividades foram dentro do horário estabelecido pelo de decreto municipal 23.281 publicado no ria 30/01/2024, que instituiu 19h para encerramento de blocos e não o horário para dispersāo das pessoas na rua. Aliás, é livre a permanência de pessoas na rua, pois vivemnos numa Democracia. O que não pode é transformar essa liberdade em bailes que perturbam toda a população do entorno.

A novidade de 2024 foi que para dispersão, após o horário estabelecido de cada bloco, um cortejo com trio elétrico arrastou muitos foliões para o sambão do povo que pularam e dançaramo resto da noite com shows agendados. A iniciativa, proposta há tempo pela Associação de Moradores e comerciantes, merece aplausos. Mas o pessoal que entende o carnaval como estilo caos voltou para as pequenas ruas do Centro e patrocinou um desrespeito total com os moradores e moradoras e também comerciantes.

Temos juntos (PMV, Amacentro, Blocão e comerciantes) de dialogar bastante para que o carnaval oficial dos blocos seja mais bonito e organizado em 2025 e, de forma alguma, criminalizado pelas forças de segurança do nosso Estado.

No Balanço oficial do Carnaval, a violência praticada no Centro de Vitória pela PM teve citação de meia linha, onde foi qualificada como sendo “tumulto” | Imagem: Secretaria de Estado da Segurança e Defesa Social

Houve incentivo ao fim da folia por vereador de Vitória

Ainda na segunda-feira de Carnaval, no último dia 12, um vereador de oposição à atual gestão municipal,. e que não mora no Centro Histórico de Vitória, fez um estridente pedido público para que a Prefeitura de Vitória não permitisse a circulação de blocos até a madrugada. Ele queria que a folia de Carnaval se encerrasse às 19 horas e que a cidade passasse a ter uma tranquilidade de um vilarejo interiorano.

Mesmo tendo sido confrontado pelas redes sociais por moradores de que em cidades do interior do Espírito Santo, como como Santa Leopoldina, os festejos carnavalescos se iniciam às 19 horas e se estendem, com o apoio da Prefeitura, até duas horas da madrugada. Ou ainda o exemplo do Distrito de Guriri, em São Mateus, onde o último show no trio elétrico se inicia a uma hora da madrugada, o vereador não aceitou o diálogo e insistiu na exigência do fim do carnaval no inicio da noite.

A importância da revitalização na Lapa, no Centro do Rio de Janeiro

“Enquanto a cidade dorme, a Lapa fica acordada, acalentando quem vive de madrugada.” O trecho da música “A Lapa”, composta por Herivelto Martins e Benedito Lacerda, em 1949, e interpretada por Francisco Alves, faz referência à Lapa dos anos 1950, marcada pelo samba e pela malandragem. Reduto da boemia carioca, o bairro fez história ao acolher e inspirar renomados artistas da música popular brasileira.

Nas décadas posteriores, no entanto, abandonada pelo governo e pela iniciativa privada, a região da Lapa, localizada no Centro do Rio de Janeiro, sofreu um forte processo de decadência. As rodas de samba bem como o interesse do público só voltaram a fazer parte do cotidiano do bairro carioca na década de 1990, em especial, após o processo de revitalização, a partir da criação do Distrito Cultural da Lapa (2000) e da restauração dos prédios antigos da região.

Agora é a Lapa revitalizada. O samba divide espaço com o hip-hop, com o reggae, com o rock’n roll, com a música eletrônica. Casas de espetáculos, bares e atividades culturais atraem jovens de variadas idades e perfis socioeconômicos distintos. Essa efervescência cultural levou Micael Herschmann, coordenador do Programa de Pós-graduação em Comunicação e Cultura da Escola de Comunicação (ECO/UFRJ), a escrever o livro Lapa, cidade da música.

“A Lapa faz parte da tradição, da história cultural da cidade e do país. É um bairro historicamente identificado com a boemia, com a vida noturna. Há, de fato, uma evocação do passado da Lapa a legitimar a região, a reconstruir uma imagem do lugar no imaginário social – como um espaço cultural importante da cidade”, diz Micael Herschmann: Revitalizada, a Lapa virou atrativo para a busca do turista internacional, que deseja vir conhecer esse cantinho do Rio. É isso que os moradores do Centro de Vitória desejam para a região história da Capital capixaba. Uma transformação para captar o turismo, gerar renda e emprego.

Apesar da violência policial, PMV diz que desfiles prosseguirão até março

Apesar da violência policial ocorrido na segunda e na Terça-feira de Carnaval, a Prefeitura de Vitória promete que os desfiles de blocos vão prosseguir até o dia 9 de março, que vai ocorrer em um sábado. Para os moradores do Centro, resta saber se os visitantes vão ter disposição para ficar á mercê das forças de segurança e serem alvos de  bombas de gás de pimenta e de balas de borracha.

Veja a seguir a programação: