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Espécies raras de cobras são redescobertas no Espírito Santo depois de décadas


Apostolepis longicaudata e Drymoluber brazili não eram avistadas no Espírito Santo por décadas e foram novamente registradas em 2016 e 2018, nos municípios de Jaguaré e Barra de São Francisco, respectivamente


Espécies raras de cobras são redescobertas no Espírito Santo depois de décadas | Imagens: Divulgação/INMA

Duas espécies raras de cobras foram encontradas novamente no Espírito Santo após um longo período de ausência. A revelação está no estudo publicado na revista “Check List”, no último dia 27 de fevereiro, pelos biólogos Rafael Scherrer Mathielo, Diego Henrique Santiago, Thiago Marcial de Castro e pela pesquisadora Flávia Chaves, vinculada ao Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA). Apostolepis longicaudata e Drymoluber brazili não eram avistadas no Espírito Santo por décadas e foram novamente registradas em 2016 e 2018, nos municípios de Jaguaré e Barra de São Francisco, respectivamente.

O primeiro e, até recentemente, único registro de A. longicaudata para o Espírito Santo foi feito no município de Sooretama, em 1950. Já D. brazili teve dois registros no município de Baixo Guandu, em 1933 e 1934. Depois disso, houve ainda um terceiro registro, no município de Colatina, em 1974.

Explicações

Os pesquisadores indicam que a raridade de Apostolepis longicaudata está atribuída à qualidade dos remanescentes florestais. Já para Drymoluber brazili, espécie que prefere áreas abertas e tem ocorrência no Cerrado, a explicação para ser encontrada no Espírito Santo é o limite da região de ocorrência da espécie.

Ambas espécies tendem a ser naturalmente raras mesmo em seus limites de distribuição geográfica. “Esses registros recentes reforçam a importância da pesquisa científica na identificação e monitoramento de espécies ameaçadas, fornecendo dados valiosos para a conservação da biodiversidade local”, destaca Flávia.

Adaptação ao desmatamento humano

“A redescoberta de Drymoluber brazili, que tem preferência por habitats abertos, revelou uma possível adaptação ao desmatamento humano feito na Mata Atlântica, enquanto a presença de Apostolepis longicaudata evidencia a importância dos remanescentes florestais para a conservação da biodiversidade”, explica a pesquisadora do INMA.

A pesquisa aponta para a necessidade de estudos adicionais sobre ecologia, biologia e distribuição geográfica dessas espécies, visando à elaboração de estratégias eficazes de conservação. “Compreender as causas da raridade é fundamental para a conservação dessas espécies e para saber o nível de ameaça em que se encontram. Para isso, é necessário implementar medidas de conservação, como a criação de unidades de conservação que possam proteger os habitats dessas cobras e garantir sua sobrevivência.”