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Pesquisadores da Ufes entregam réplica de escultura de Dona Domingas a escola de Vitória

À esquerda a estátua original esculpida pelo escultor italiano, Carlo Crepaz. À direita a replica feita pela Ufes | Imagens: Arquivo e divulgação Ufes

Na última semana, pesquisadores do Laboratório de Extensão e Pesquisa em Arte (Leena/Ufes) entregou à sociedade capixaba a réplica tridimensional do monumento à Dona Domingas, única mulher negra a ter escultura pública no estado do Espírito Santo. O evento ocorreu na Escola da Ciência, Biologia e História (ECBH), localizada no Sambão do Povo, em Vitória, local em que a peça ficará em exposição permanente.

A réplica em 3D da escultura de Dona Domingas produzida pela equipe do Leena. A peça, uma das maiores réplicas já desenvolvidas pelos pesquisadores, foi construída em PLA e resina, mede 60 centímetros de altura e pesa 30 quilos.

Além disso, a obra foi platinada para ter um aspecto de bronze, assim como a obra original idealizada e construída pelo escultor italiano Carlo Crepaz (1919-1992), e que atualmente fica localizada em frente ao Palácio Anchieta.

Educação patrimonial

Segundo o coordenador do Leena, professor Aparecido José Cirilo, além de marcar a doação da escultura à secretaria municipal de Educação de Vitória, o evento também tem como intenção fortalecer o resgate do patrimônio histórico e artístico da Capital.

“Nós vamos oficializar a doação dessa peça como uma estratégia, inclusive, de educação patrimonial. Como estratégia de revitalização do valor patrimonial, histórico e cultural dessa peça e, de fato, de toda a arte pública no Espírito Santo”, destaca o professor. “Então, é um evento extremamente importante para nós, do laboratório, e para a Ufes – essa parceria que se firma entre a Ufes, o Centro de Artes e o Leena, especificamente, com a Secretaria de Educação para a educação patrimonial no município de Vitória”, conclui.

O Leena é vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Artes (PPGA) e os trabalhos desenvolvidos pela equipe do projeto têm financiamento da Fundação de Apoio à Pesquisa do Espírito Santo (Fapes).

Texto acima: Adriana Damasceno, com apoio de Thiago Sobrinho

Uma rara foto de Dona Domingas (à esquerda) tirada em Santo Antônio na década de 1940. A imagem tem má qualidade e baixa resolução | Foto: Acervo de Arlindo Santos, sobrinho neto de Dona Domingas

Quem foi Dona Domingas

Dona Domingas foi uma catadora de papel que circulava diariamente no Centro Histórico de Vitória no final da década de 1950 e durante a década de 1960. Ao anoitecer, sempre andando de forma lenta, se dirigia ao Bairro de Santo Antônio, onde morava. Era uma senhora negra, corcunda, descalça e que levava um saco nas costas e se firmava segurando um cajado. Tinha a aparência de uma pessoa sofrida pelos traços faciais: rugas e olhos caídos.

Segundo a sua Certidão de Nascimento, feita tardiamente no antigo Cartório Zilma Leite Figueira, atualmente no Bairro Mário Cypreste, consta que Dona Domingas nasceu em 23 de março de 1884, no Rio de Janeiro. A sua morte ocorreu 1ª de junho de 1966, aos 82 anos de idade.

Seus pais foram Frederico Felippe e Maria Helena. Domingas foi casada com Mario Manoel do Sacramento e teve um filho. A sua família veio de Açores por volta de 1814 e foram morar no Sertão de Santo Agostinho (atual município capixaba de Viana). Permaneceram por algum tempo. Posteriormente, moraram no morro ao lado do Palácio Anchieta.

A sua famosa estátua de bronze, localizada ao lado da Escadaria Bárbara Lindenberg, que dá acesso ao Palácio Anchieta, foi esculpida pelo escultor italiano, Carlo Crepaz, que tinha atelier em Santo Antônio e próximo onde Dona Domingas morava. A sua história não é narrada junto a estátua, o que intriga e gera curiosidade aos turistas e os visitantes que chegam a Vitória.