fbpx
Início > Governo Federal vai importar arroz para combater especuladores

Governo Federal vai importar arroz para combater especuladores


A safra de arroz neste ano já teve 83% das áreas de plantio colhidas no Rio Grande do Sul. A disparada nos preços se deve a ação de grupos de especulares, que querem aumentar o preço abusivamente, com o intuito de ganhar dinheiro


Para fazer frente aos especuladores, a rede de supermercados BH, com dezenas de lojas no Espírito Santo, colocou cartazes avisando que não vai faltar arroz e que não é preciso fazer estocagem | Foto: Grafitti News

Diante da ação de especuladores, que promovem divulgação de fake news nas redes sociais e até com o auxílio de canais noticiosos, que contribuem para a desinformação e garantem que vai faltar arroz devido as fortes chuvas no Rio Grande do Sul, responsável por 61% da produção nacional. O Grafitti News procurou a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A resposta é que a maior parte da safra de arroz já foi colhida e o que há são especulares agindo para ganhar dinheiro.

A Conab é uma empresa pública vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento tem a responsabilidade de realizar os acompanhamentos das safras brasileiras de grãos. A área de arroz irrigado, estimada em 1.234,4 mil hectares, teve aumento de 5%, comparada à safra passada. Quanto ao arroz de sequeiro, houve um aumento de área em 2,3% em relação à safra 2022/23, estimada, para a safra 2023/24, em 310,4 mil hectares, informa a empresa pública.

Segundo o Ministério da Agricultura, em alguns locais onde esse arroz que já foi colhido, acabou tendo os armazéns de estocagem afetados pelas chuvas no Sul e há, em alguns municípios gaúchos, existem dificuldades para os caminhões se locomoveram e transportar o arroz para as outras regiões do Brasil. De acordo com comunicado do ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro. Esse atraso no transporte pode criar uma situação de desabastecimento momentânea, elevando os preços no comércio, assinala.

“O problema é que teremos perdas do que ainda está na lavoura, e algumas coisas que já estão nos armazéns, nos silos, que estão alagados. Além disso, a grande dificuldade é a infraestrutura logística de tirar do Rio Grande do Sul, neste momento, e levar para os centros consumidores”, disse o ministro. Os recursos para a compra pública de estoques de arroz empacotado serão viabilizados por meio da abertura de crédito extraordinário.

Segundo a Conab., 83% da safra de arroz deste ano no Rio Grande do Sul, já foi colhida | Foto: Divulgação

Brasil vai importar um milhão de toneladas

“Uma das medidas já está sendo preparada, uma medida provisória autorizando a Conab a fazer compras, na ordem de 1 milhão de toneladas, mas não é concorrer. A Conab não vai importar arroz e vender aos atacadistas, que são compradores dos produtos do agricultor. O primeiro momento é evitar desabastecimento, evitar especulação”, acrescentou o ministro.

A MP, reconhecendo a calamidade pública no Rio Grande do Sul, já foi aprovada pelo Congresso Nacional, permitindo assim suspender os limites fiscais impostos pela legislação para a ampliação do orçamento. Diante da boataria espalhada pelos especuladores, alguns supermercados capixabas estão limitando a compra de arroz, onde alguns só permite dois sacos com cinco quilos cada. A medida é exatamente ocorrer escassez e beneficiar aos especuladores.

Em alguns municípios do interior do Espírito Santo, a ação dos especuladores fez com que um saco com cinco quilos de arroz, mesmo sendo um produto adquirido pelo comerciante muito antes da tragédia climática no Sul e com preço antigo, esteja sendo comercializado por mais de R$ 50,00. Anos atrás, quando ainda existia a extinta Superintendência Nacional do Abastecimento (Sunab), essa prática de especulação era considerada crime e o comerciante ia preso e pagava pesadas multas.

Saiba quais são os Estados produtores de arroz no Brasil | Imagem: Reprodução

Colheita

Segundo o 7º Levantamento – Safra 2023/24 da Conab, a safra brasileira 2023/24 de arroz será 5,3% maior que a safra 2022/23, projetada em 10,6 milhões de toneladas.

“Esse resultado é reflexo principalmente da estimativa de significativa expansão de área em meio à recuperação da rentabilidade projetada para o setor. Além deste fato, ressalta-se que o cenário climático de excesso de chuvas no Rio Grande do Sul, principal estado produtor, tem refletido em redução de área de soja e expansão da orizicultura nas regiões de várzea no estado”, observa a Conab.

“Sobre o quadro de oferta e demanda do arroz, estima-se uma expansão do consumo nacional para 10,5 milhões de toneladas, nas 2022/23 e 2023/24. Essa revisão foi realizada com base na significativa expansão da comercialização contabilizada na Taxa de Cooperação e Defesa da Orizicultura (CDO), descontado o saldo da balança comercial no Rio Grande do Sul em 2023”, prossegue.

Comparativo de área, produtividade e produção de arroz | Tabela: Conab

Análise da Conab

A mais recente Conjunta da Agropecuária, estudo produzido pela Conab, aponta que “o grave quadro climático no Rio Grande do Sul, maior produtor do grão, tem impedido o avanço e o escoamento da colheita e impactando diretamente a produtividade no estado, refletindo em viés de alta das cotações mesmo em pleno núcleo da colheita. Ademais, é importante pontuar que os principais fatores formadores de preços internacionais têm apontado para uma manutenção dos elevados valores comercializados”, inicia o relatório da Conab.

“A Índia, principal exportador mundial, continua com o comportamento de restringir suas exportações e há incertezas acerca dos possíveis efeitos negativos do fenômeno El Niño sobre as lavouras na Ásia, principal região produtora de arroz mundial. De acordo com o relatório da Conab Monitoramento Semanal das Condições das Lavouras: “80,7% das lavouras se encontram colhidas. No RS, foi colhido cerca de 83% das áreas. Diante das condições climáticas extremas, a operação está paralisada. A região Central é a mais prejudicada, onde falta colher cerca de 40% das lavouras”, prossegue.

“Em Santa Catarina, a colheita está quase finalizada. No Maranhão, a colheita do arroz sequeiro favorecido está evoluindo no Centro-Norte, bem com do arroz sequeiro nas regiões Sul e Oeste. Em Goiás, a colheita está quase concluída nas regiões de tabuleiros e avança nas áreas de pivôs. No Tocantins, a colheita alcançou 75% das áreas. Em Mato Grosso, a colheita está progredindo e os grãos apresentam boa qualidade”, conclui o relatório.

Safra de arroz no Brasil nos últimos anos | Tabela: Conab

Espalhando mentiras para ajudar aos especuladores a ganhar dinheiro

Na década de 1990 o então presidente da Associação Capixaba de Supermercados (Acaps), o falecido Flávio Schneider, dava “puxão de orelhas” nos jornalistas do Espírito Santo, que ao primeiro boato sobre falta de óleo de soja, iam procura-lo para comentar sobre a “escassez.” “Gente, por favor, não repassem essas mentiras, porque se vocês fizerem isso, vai realmente faltar óleo de soja e o preço vai subir abusivamente. Ajudem o consumidor, não espalhando mentiras”, dizia Schneider.

Agora, sem o “policiamento” da extinta Sunab, os especuladores se sentem à vontade para ganhar dinheiro fácil. Neste final de semana foi possível ver nos supermercados da Grande Vitória os carrinhos de compras repletos de sacos de arroz. O arroz é um produto que não pode ser estocado dentro de casa, porque em pouco tempo surge dentro das embalagens o caruncho do arroz (Sitophilus oryzae), chamado popularmente de “bichinho.”