O assessor do presidente Jair Bolsonaro, Felipe Martins, que fez o gesto condenado da supremacia branca PW (Power White) em plena audiência no Senado, no momento em que a sessão cobrava explicações do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, sobre a pífia atuação do Itamaraty na compra de vacinas contra Covid-19, movimentou o Congresso nesses últimos dias. Além de os senadores cobrarem uma investigação pela Polícia Legislativa, o Psol pediu o afastamento imediato de Filipe Martins do cargo de assessor de assuntos internacionais de Bolsonaro.
Revoltado, o senador Randolfe Rodrigues (Rede) chamando Filipe Martins de “capacho”do presidente, declarou: “Solicito, requeiro, a vossas excelências, na condição de líder da oposição, que ele seja retirado das dependências do Senado e inclusive autuado pela Polícia Legislativa”, disse o senador. “Isso é inaceitável, basta o desrespeito que esse governo está tendo com mais de 300 mil mortos a essa altura”, completou. “Não aceitamos que um capacho do presidente da República venha ao Senado durante a fala do presidente do Senado nos desrespeitar”.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), disse que determinou investigação da conduta de Filipe Martins. No documento encaminhado à Casa Civil pelo Psol, cuja íntegra pode ser baixado por download no final desta matéria, a bancada lembrou que “lamentavelmente, não é a primeira vez que o assessor de Bolsonaro faz alusões públicas ao repugnante, perigoso e ilegal supremacismo branco”.
No documento é dito: “O endosso público ao supremacismo branco contradiz os princípios de nossa Constituição Federal e é tipificado como crime nos termos do art. 20 da Lei 7716 de 1989. Em se tratando de um assessor para assuntos internacionais da Presidência da República, tais atos causam, ainda, profundo constrangimento internacional para o Brasil e configuram desrespeito inaceitável a milhões de vítimas do racismo em nosso país e em todo o mundo”, afirmam os parlamentares.
Simbolo de ódio e de terrorismo
O símbolo utilizado dentro do Senado pelo assessor de Bolsonaro é uma forma de expressar ódio a quem não possui pele de cor branca e também é usado para descrever uma ideologia política que perpetua que mantém a dominação social, política, histórica e ou industrial por pessoas brancas (como evidenciado pelas estruturas sociopolíticas históricas e contemporâneas, como o comércio atlântico de escravos,
O terrorista Brenton Tarrant, que matou 50 pessoas em ataques a duas mesquitas na Nova Zelândia, em 16 de março de 2019 durante sua apresentação ao tribunal da cidade de Christchurc, fez o mesmo gesto do assessor de Bolsonaro diante do juiz. Naquela ocasião fez um ‘ok’ invertido, um símbolo relacionado com grupos defensores da supremacia branca de todo o mundo, captado em imagens de agências tiradas na audiência. O juiz pediu que as fotografias fossem reveladas com a cara do terrorista desfocada.