A constatação é de pesquisa do Idec, que constatou em exames a presença de agrotóxicos, inclusive os cancerígenos, em produtos populares, como biscoito de maisena, macarrão instantâneo, hambúrguer e empanados a base de plantas
Produtos ultraprocessados e até biscoito e macarrão instantâneo estão chegando a mesa do consumidor envenenados, com excesso de produtos agrotóxicos. É o que aponta a recente terceira pesquisa do Instituto de Defesa de Consumidores (Idec), intitulada Tem Veneno Nesse Pacote. A pesquisa, em arquivo PDF, pode ser conferida abaixo. O Idec alerta, que os produtos envenenados são populares e direcionados às crianças, como bolo pronto e bebidas lácteas.
Dessa vez, o órgão também analisou produtos plant-based (feitos à base de plantas). E nesses produtos, vendidos como “saudáveis e sustentáveis”, também foram encontrados veneno. Duas das três marcas de hambúrgueres vegetais continham resíduos de agrotóxicos, e três de três empanados de frango vegetais apresentaram resíduos de agrotóxicos.
De acordo com o Idec, o terceiro volume da pesquisa foi feito com o mesmo método científico dos volumes 1 e 2 e, mais uma vez, o glifosato foi o agrotóxico mais encontrado nas amostras analisadas. Produtos à base de trigo frequentemente apresentam resíduos de agrotóxicos. Essa substância é comprovadamente ligada ao desenvolvimento de câncer e é proibida em diversos países.
O Idec é uma organização de consumidores independente que atua na defesa e promoção dos direitos e interesses dos consumidores na busca de uma sociedade justa, saudável e sustentável e um consumo consciente. “Denunciamos abusos, pressionamos autoridades, participamos da construção de leis e políticas públicas em diversas áreas relacionadas ao consumo, inclusive na alimentação, além de trazer informações e orientações para empoderar a população”, diz a instituição.
“Anvisa continua ignorando”
Na apresentação da pesquisa, a diretora Executiva do Idec, Carlota Aquino, atesta que “os produtos com ou à base de trigo são frequentemente alguns dos que mais apresentam resíduos de agrotóxicos”. E aponta para a omissão do órgão público que deveria fiscalizar. “Outra triste tendência segue em alta: o fato de que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) segue ignorando o assunto.”
“Desde 2021, temos chamado atenção para a contaminação dos ultraprocessados com resíduos de agrotóxicos. Publicamos relatórios. Saímos na imprensa. Tivemos intenso engajamento nas redes sociais. Enviamos notificações e realizamos reuniões com a Anvisa. É alarmante que o Poder Público tenha escolhido ficar inerte frente aos problemas que ameaçam a saúde de consumidores, dos trabalhadores rurais, e o meio ambiente onde vivemos e do qual dependemos”, desabafa Carlota.
“Estamos falando, sobretudo, da Anvisa, mas também de outros órgãos do Executivo e do Legislativo. E não esqueçamos de responsabilizar também a indústria de alimentos que têm lucrado com a venda de ultraprocessados contendo resíduos de veneno. Todos devem fazer a sua parte”, complementa a dirigente do Idec.
Marcas conhecidas dos consumidores estão vendendo veneno
Na lista dos venenos que o consumidor leva para a mesa de sua casa, estão marcas conhecidas como os biscoitos maisena Marilan e biscoito maisena Triunfo, cada um com resíduos de 4 agrotóxicos e os alimentos mais envenenados vendidos com a aprovação da Anvisa.
Em segundo lugar vem Hambúrguer à base de plantas Sadia, empanado à base de plantas Seara, macarrão instantâneo Nissin, macarrão instantâneo Renata, e bolo pronto sabor chocolate Ana Maria, cada um com resíduos de três agrotóxicos. No terceiro lugar do ranking de quem mais envenena o consumidor está o empanado à base de plantas Sadia, com resíduos de dois agrotóxicos.
De acordo com o Idec, o agrotóxico glifosato é o que mais apareceu na pesquisa, em sete das 24 amostras, seguindo uma tendência já observada nos volumes anteriores do levantamento. O glifosato é o agrotóxico mais vendido no mundo, considerado como carcinogênico ou capaz de causar câncer, de acordo com a Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer (IARC) da Organização Mundial da Saúde (OMS).
O glifosato já proibido em diversos países, mas no Brasil os congressistas da bancada ruralista fazem lobby para a sua manutenção, sem se importar com a saúde do consumidor.
Leia a seguir a íntegra da pesquisa do Idec, em arquivo PDF:
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