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El Niño deve transitar para La Niña até o final de 2024, diz ONU


Organização Meteorológica Mundial revela que com sinais de fim do fenômeno climático El Niño não cessarão as “temperaturas excepcionalmente altas”; padrão climático La Niña baixa temperaturas da superfície do oceano no Oceano Pacífico


El Niño deve transitar para La Niña até o final de 2024, diz ONU | Imagens: Reprodução

Até o final deste ano, o fenômeno climático El Niño, que impulsionou recordes da temperatura global em 2023 e 2024, deverá transitar para o La Niña, acompanhado por tempo mais ameno.

Nesta segunda-feira, a Organização Meteorológica Mundial, OMM, informou que mesmo com os sinais de fim do El Niño o registro de “temperaturas excepcionalmente altas” da superfície do mar continuará devido a mudanças do clima.

Em conversa com o portal oficial de notícias ONU News, de Lisboa, o climatologista da OMM, Álvaro Silva, explicou que eventos extremos acompanhando o La Niña poderão até agravar.

“O que se pode esperar é, de fato, efeitos opostos aos ligados ao El Niño. Chuvas abundantes agora no verão, porque esta é a estação de chuvas nesta região, mas também nas Caraíbas e na América Central. E isto acaba por estar relacionado com a época dos furacões, que foi recentemente dada uma previsão que esta época seja acima do normal, em termos de atividades de tempestades tropicais. Isto está geralmente ligado com o fenômeno La Niña que em geral favorece que tal aconteça. Mas também na região de aquecimento da água do mar continua com valores recordes.

No Oceano Pacífico, as condições mais frias da La Niña devem retornar no final do ano, mas os impactos das alterações do clima em várias partes do mundo seguirão sendo “impulsionados pelas mudanças induzidas pelos seres humanos.”

O La Niña é caracterizado pelo resfriamento em larga escala das temperaturas da superfície do oceano no Oceano Pacífico equatorial, central e oriental, associado a mudanças na circulação na atmosférica tropical com os ventos, a pressão e a precipitação de impacto global.

Impacto nos padrões sazonais de precipitação e temperatura

Os efeitos de cada evento La Niña variam dependendo da intensidade, duração, época do ano em que o fenômeno se desenvolve, além da interação com outros modos de variabilidade climática.

Em vários locais, especialmente nos trópicos, a La Niña produz impactos climáticos opostos ao El Niño. Prevê-se, no entanto, que os eventos climáticos naturais ocorram no contexto da mudança climática com alta nas temperaturas globais, acentuando questões como clima e o tempo extremos.

A OMM destaca ainda que o problema tem impacto nos padrões sazonais de precipitação e temperatura. Falando de Bonn, Alemanha, o vice-secretário-geral da agência da ONU, Ko Barrett, lembrou que cada mês após junho de 2023 foi marcado por um novo recorde de temperatura “no ano que foi o mais quente já registrado”.

O especialista reiterou ainda que o fim do El Niño não significa uma pausa nas mudanças climáticas de longo prazo, pois “o planeta continuará a aquecer devido aos gases de efeito estufa que retêm o calor”. As temperaturas excepcionalmente altas da superfície do mar continuarão a desempenhar um papel importante nos próximos meses.

Grande incerteza quanto à força ou duração

A OMM destaca ainda que nos últimos nove anos foram registradas as temperaturas mais quentes da história, mesmo com a influência do arrefecimento na sequência de um La Niña plurianual de 2020 ao início de 2023. O El Niño atingiu o pico em dezembro passado como um dos cinco mais fortes já registrados.

Ko Barrett explicou que as condições de La Niña geralmente acompanham eventos fortes de El Niño, e isso “está de acordo com as previsões recentes do modelo, embora ainda haja grande incerteza quanto à sua força ou duração”.

Os modelos de previsão sazonal nesta época do ano são conhecidos pelas habilidades relativamente baixas, no que é comumente conhecido como “barreira de previsibilidade da primavera” do Hemisfério Norte.