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Às vésperas da eleição, pastor neopentecostal e vereador quer acabar com o Carnaval de VV


As datas do Carnaval poderiam vir a ser usadas pela população de Vila Velha (ES) para fazer retiro religioso


Às vésperas da eleição, pastor neopentecostal e vereador que acabar com o Carnaval de VV | Imagens: Divulgação

Faltando pouco mais de dois meses para o primeiro turno da eleição municipal, um pastor neopentecostal e vereador de Vila Velha (ES), que forçar a população daquele município a seguir os dogmas de sua congregação religiosa e está prometendo acabar com o Carnaval naquela cidade. Trata-se do pastor-vereador Devanir Ferreira, do partido vinculado a sua igreja, o Republicanos. Em um podcast feito para o canal do YouTube Podefran, em 20 de setembro de 2023, o pastor disse que era vereador porque esse era “um sonho de Deus.”

A ação do pastor e político pela extinção do Carnaval em Vila Velha provocou dura reação do Conselho Municipal de Políticas Culturais de Vila Velha (CMPCVV)., que emitiu nota de repúdio. O pastor da igreja do braço político da Universal quer forçar os moradores de Vila Velha a fazer retiro religioso nos dias de Carnaval, impondo a sua vontade pessoal sobre o desejo e vontade de cada um que more em Vila Velha.

Devanir Ferreira usa na capa de seu Facebook a bandeira de Israel, país que sofre processos no Tribunal Penal Internacional de assassinar, através de genocídio, milhares de crianças, mulheres e idosos palestinos, durante o massacre que vem promovendo dentro do território pertencente à Palestina. O político vem sendo questionado em promover a discussão de exterminar o Carnaval de Vila Velha, quando falta pouco mais de dois meses para a eleição municipal, que poderá provocar uma mudança nos quadros de vereadores daquela cidade.

A medida que vem sendo proposta pelo vereador é retirar o apoio financeiro da Prefeitura de Vila Velha aos blocos e escolas de samba, para fazer com que essas entidades culturais, sem dinheiro, fechem as suas portas e assim coloque um ponto final no carnaval naquela cidade. No entanto, o carnaval é motivo de geração de emprego e renda naquela cidade, com ocupação hoteleira, restaurantes e lojas comerciais, que atendem os turistas que vem à Vila Velha durante o Carnaval.

Vila Velha anda se destaca por ter grandes escolas de samba, que disputam os desfiles no Sambão do Povo, em Vitória. Pelo desejo expressado pelo pastor neopentecostal e vereador, devem esmorecer sem o dinheiro governamental. São elas:

  • Mocidade Unida da Glória (MUG)
  • Independente de São Torquato

Nota de repúdio

Leia a íntegra da nota de repúdio do CMPCVV:

“Nós, do Conselho Municipal de Políticas Culturais de Vila Velha – CMPCVV manifestamos nosso veemente repúdio às declarações recentes do vereador Devanir Ferreira, que anunciou a intenção de propor a retirada de investimentos nos blocos e escolas de samba de nossa cidade. Essa atitude em si, é um ataque direto à cultura popular e ao patrimônio imaterial de nossa comunidade.

Nosso papel enquanto sociedade civil e agentes da cultura é dentre eles, defender as políticas públicas que pretendem contribuir para o acesso à cultura, sendo de direito de todo cidadão assegurado pela constituição brasileira conforme o Art. 215, da Constituição de 1988, que compete ao Estado garantir a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, apoiando e incentivando a valorização e a difusão das manifestações culturais, através da democratização do acesso aos bens de cultura.

Os blocos e escolas de samba são mais do que simples manifestações artísticas; eles são a expressão da identidade cultural de nosso povo, um símbolo de resistência, alegria e inclusão social. Esses grupos desempenham um papel fundamental na preservação de nossas tradições, no engajamento comunitário e na formação de cidadãos conscientes e participativos.

Pensar na retirada de investimentos nos blocos e escolas de samba não só prejudica artistas, músicos, artesãos, costureiras, marceneiros, serralheiros, escultores, mas também afeta negativamente a economia local, que se beneficia do turismo e da movimentação gerada pelos eventos carnavalescos. Além disso, pensar essa medida ignora a importância social desses grupos, que muitas vezes desenvolvem projetos educacionais e sociais em suas comunidades.

Reiteramos nosso compromisso com a defesa da cultura popular e exigimos que o vereador Devanir Ferreira reconsidere sua posição, entendendo a relevância dos blocos e escolas de samba para a nossa cidade. A cultura é um direito de todos, e não aceitaremos qualquer tentativa de desmonte das estruturas que a sustentam.

Pedimos à sociedade que se una a nós”CMPCVV

Subordinação do partido Republicanos à igreja de Edir Macedo

No portal do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) se encontra o livro “A Igreja e partido no Brasil :O caso da Igreja Universal com o partido Republicanos”, redigido em 2021 pelo autor Martins, Breno Ramos Guimarães. A íntegra do texto pode ser obtida clicando neste link, depois clique em “visualizar” e em seguida na seta do download  e assim terá a publicação no formato PDF.

No resumo, o autor diz: “Analisa a relação entre partido político e igreja evangélica no Brasil, mais especificamente a relação da Igreja Universal do Reino de Deus com o partido Republicanos, o qual é apontado por autores como um “braço político” dessa igreja. A partir da revisão da literatura e da consulta ao estatuto, ao manifesto de criação e ao programa do partido Republicanos, pretende-se analisar a origem da fundação e os elementos constitutivos dessa organização partidária. Procura-se, também, identificar a presença de líderes religiosos ou de membros da Igreja Universal na composição das comissões executivas nacional, estadual e distrital, bem como entre os deputados federais e deputados estaduais eleitos por esse partido. Os resultados dessa análise revelaram o predomínio de membros e religiosos da Igreja Universal na direção partidária ou com mandatos políticos na estrutura do Republicanos.”

O que é Neopentecostalismo

O termo “neopentecostalismo” descreve uma mudança significativa que ocorreu no pentecostalismo com o surgimento da Igreja Universal do Reino de Deus no final dos anos 70. É denominado como sendo a terceira onda do pentecostalismo, que trouxe a “teologia da prosperidade, teologia do domínio (inclusive político) e o controle dos meios de comunicação e da política partidária. Estes últimos para alcançar o poder, a exemplo do que ocorre com os religiosos do Irã, que detém o controle daquele país.

O diferencial dos neopentecostais para os pentecostais, é que adotaram uma estrutura de governo episcopal, centralizando o poder nas mãos um único líder, que mantem o controle administrativo, teológico e litúrgico das “filiais” que são abertas. No caso da Universal, o dono da igreja é o senhor absoluto e inquestionável entre os fiéis.

Os evangélicos pentecostais percorrem um caminho diferente. Por suas próprias origens populares – concentradas sobretudo entre mulheres negras e trabalhadores informais –, o pentecostalismo desenvolveu uma religiosidade menos acadêmica e racionalizada que as correntes do protestantismo clássico. Porém, é muito mais “avivada” no sentido de propiciar uma experiência de fé carismática marcada por uma espiritualidade de cunho místico, profético e emotivo. Dessa forma, o crente pentecostal não apenas “aprende” sobre Deus como também o “experimenta” em seu cotidiano, via dons espirituais.

Serviço:

Leia a seguir a íntegra do livro “A Igreja e partido no Brasil :O caso da Igreja Universal com o partido Republicanos”, redigido em 2021 pelo autor Martins, Breno Ramos Guimarães, em arquivo PDF:

2021_martins_relacao_igreja_partido