A renovação é uma exigência do Governo Federal, para que o contrato de concessão da EFVM pudesse ter sido renovado antecipadamente em 2020. Além dos novos vagões de passageiros, há carros de restaurante, gerador e de bagagem
Para cumprir exigências da renovação antecipada na concessão das ferrovias da Vale – Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM) e Estrada de Ferro Carajás (EFC), junto ao Governo Federal, que prevê investimentos de R$ 8,6 bilhões pela Vitória a Minas, os passageiros da EFVM vão acabar tendo um ganho. Já se encontra no pátio da EFVM oito novos vagões de passageiros, embalados com um pano esverdeado como se fosse um presente. A previsão inicial é que vagões só viriam a partir de dezembro.
Procurada através de sua assessoria de imprensa, a Vale enviou uma nota para o GrafittiNews, que está publicada no parágrafo seguinte.. Os vagões que chegaram fazem parte de um lote de 62 encomendados junto á fabricante chinesa CRRC Sifang, que fica sediada em Xisihuan Zhonglu, Haidian District, Pequim, na China, para as duas ferrovias.
Leia a íntegra da nota enviada pela Vale:
“Estrada de Ferro Vitória a Minas recebe nova frota de trem de passageiros
Novos vagões para ampliar as viagens do Trem de Passageiros da Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM) estão na oficina da ferrovia para ajustes e configurações. Na sequência, a frota circulará em fase de testes, sem passageiros, que será importante para definir o formato da operação, como horário de circulação e pontos de parada.
A previsão é que a nova frota seja utilizada para ampliar as viagens nos meses de alta temporada a partir do final do próximo ano. A iniciativa faz parte dos compromissos assumidos pela Vale na renovação antecipada da ferrovia.”
Ainda não há prazo para entrada em operação comercial
A expectativa é que os novos vagões de passageiros da EFVM entrem em operação em breve, e os da EFC, em 2026. No contrato da concessão da EFVM, firmado em 2020, ainda no Governo Bolsonaro, ficou previsto que a concessionária teria que aumentar a oferta diária de um para dois pares de trens de passageiros nos meses de férias (janeiro, julho e dezembro) a partir de 2025.
Do total de vagões de passageiros, cinco terão de ser, obrigatoriamente, do tipo restaurante. Com a expansão na oferta de vagas em suas composições ferroviárias, a expectava prevista pela Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT) é que as novas aquisições poderão vir a transportar 1.075.125 passageiros/ano já a partir do ano que vem.
Os atuais vagões da EFVM são romenos
Os vagões fabricados na China passarão a integrar a atual frota de passageiros da Vale, construído pela empresa romena Astra Vagoane Calatori sob um contrato que data de 2012. No entanto, a decisão da Vale em comprar ovos vagões em um grande fornecedor chinês, foi alvo de críticas por parte de indústria nacional.
O Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários (Simefre) e a Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer) protestaram, diante do descaso da empresa com os fabricantes nacionais. As duas entidades chegaram a lançar um manifesto público sobre a aquisição de trens chineses pela Vale.
A Abifer emitiu uma nota manifestando “total indignação” com a escolha da Vale pela fabricante chinesa. Antes de o contrato com a CRRC Sifang ter sido assinado, a Marcopolo Rail em parceria com a Hyundai-Rotem havia iniciado a negociação com a Vale para a produção desses novos vagões. Na ocasião, o presidente da Abifer, Vicente Abate, declarou à imprensa que não houve “boa vontade em fechar negócio com a empresa brasileira”. A última encomenda de carros de passageiros pela Vale aconteceu em 2012, produzidos pela empresa romena Astra Vagoane.
Nota conjunta das duas entidades brasileiras emitidas em junho de 2022
“Manifestação Indústria Ferroviária Brasileira
Vimos a público manifestar nossa total indignação pelo anúncio que a empresa Vale realizará, no início desta semana, sobre a aquisição que fará de trens a serem produzidos na China, para a EFVM e EFC.
Causa especial surpresa que uma empresa brasileira priorize empregos do outro lado do mundo, sabendo da luta que o Governo e a sociedade brasileira organizada travam em prol da geração de empregos e renda para brasileiras e brasileiros.
Por mais que a empresa Vale tenha alegado que deu oportunidade à empresa nacional, na negociação, restou claro que não houve a mínima boa vontade em fechar esse negócio com a empresa brasileira, que lhe ofereceu diversas e evidentes vantagens, dentre tantas outras, como o impacto positivo para a Vale no ciclo de vida útil dos trens brasileiros.
Por último, registramos o péssimo histórico de trens chineses no Brasil.
ABIFER – Associação Brasileira da Indústria Ferroviária
Vicente Abate – Presidente
SIMEFRE – Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários
Massimo Giavina – Vice-presidente”
Naquela mesma ocasião, a Vale emitiu a seguinte nota
“A Vale informa que a decisão de compra de novos vagões para o Trem de Passageiros da EFVM e da EFC seguiu critérios técnicos e comerciais. A companhia reafirma o seu compromisso com o desenvolvimento da indústria nacional. Em 2021, foram adquiridos R$ 64 bilhões de fornecedores locais, o que representa 90% do total de compras, gerando emprego e renda no país. O modelo operacional que vai determinar o uso desses vagões nas duas ferrovias está sendo avaliado juntamente com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). A nova frota da EFVM vai entrar em operação em 2024 e a da EFC, em 2026, como previsto no contrato de renovação da concessão ferroviária.”