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Declaração pela OMS de emergência global para Mpox pega Brasil com dados desatualizados


A OMS destaca o surgimento em 2024 e a rápida disseminação da variante do vírus designada “clado 1b” na República Democrática do Congo, que “pode ter se espalhando principalmente por meio de redes sexuais”


Declaração pela OMS de emergência global para Mpox pega Brasil com dados desatualizados | Foto: Niaid/OMS

O acolhimento pela Organização Mundial de Saúde (OMS) de parecer do Comitê de Emergência do Regulamento Sanitário Internacional para declarar varíola Mpox (anteriormente denominada pejorativamente de varíola dos macacos) de emergência de saúde pública de preocupação internacional, pegou o Brasil de surpresa. O último Boletim Epidemiológico de Mpox, de nº 25, foi divulgado pelo Ministério da Saúde em janeiro deste ano.

Mas, muito mais defasada está a Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo (Sesa), cujo boletim mais recente sobre a Mpox no Estado é de 28 de abril de 2023, um ano e quatro meses atrás. Foi quando a Sesa divulgou o “Boletim Monkeypox SE 17 2023” que informava ter sido emitida até aquela ocasião 147 notificações, com quatro casos confirmados, 14 suspeitos, 112 descartados e “17 perda de segmento.”

De 1º de junho de 2022 a 30 de janeiro de 2024 a Mpox fez mais vitimas no Sudeste e Centro-Oeste do Brasil | Mapa: MS

Em termos de Notas Técnicas, os atrasos nas informações remontam a 25 de outubro de 2022, quase dois anos atrás. Já o “Plano de Contingência do Estado do Espírito Santo para controle e prevenção da infecção causada pelo vírus Monkeypox (que ainda traz em inglês a palavra macado/monkey) foi publicado em 5 de setembro de 2022. E a sua última atualização é dessa mesma data.

Nesse plano, assinado pelo ex-secretário de Estado Nésio Fernandes de Medeiros Júnior, é dada informações sobre o que é a doença, diagnóstico, imunização, estabelecimento de notificações, monitoramento de casos e rastreamento e monitoramento de contatos do paciente infectado. Ainda traz recomendações para os municípios.

Erupções cutâneas é um dos principais sintomas relatados por vitimas de Mpox no Brasil | Gráfico: MS

Resposta coordenada da OMS

A decisão da OMS em declarar a varíola Mpox em emergência de saúde pública de preocupação internacional veio com pelo menos 14 mil casos e 524 mortes pela doença já foram relatados na República Democrática do Congo. O chefe da OMS, Tedros Ghebreyesus destacou que o comitê de emergência se reuniu e informou que, em sua visão, a situação constitui uma emergência de saúde pública de interesse internacional e que ele aceitou esse parecer.

Depois da sessão, o especialista Dimie Ogoina, que liderou o grupo, declarou que a recomendação se seguiu a uma audição de especialistas da OMS e à discussão sobre critérios sobre o potencial de a doença de espalhar pela África e pelo mundo.

Os especialistas se encontraram na sequência do aumento da chamada Mpox na África após a declaração feita pelo órgão de vigilância da saúde da União Africana de uma emergência de saúde pública devido ao surto crescente da varíola M. A OMS destaca ainda o surgimento em 2024 e a rápida disseminação da variante do vírus designada clado 1b na República Democrática do Congo, que “pode ter se espalhando principalmente por meio de redes sexuais”.

Outro detalhe que chama atenção é que o vírus ataca, no Brasil, mais homens do que mulheres | Gráfico: MS

Dados de janeiro no Brasil

De acordo com o Boletim mais recente do Ministério da Saúde, até 30 dejaneiro deste ano, o Brasil tinha registradas 57.333 notificações para Mpox, um incremento de 5,6% no número total de notificações em relação ao registrado até 30 de junho de 2023. Das notificações recebidas, 41.839 (73,0%) foram classificadas como descartadas, perdas de seguimento ou não atenderam à definição de caso suspeito e foram classificadas como exclusões. Durante o mês de janeiro de 2024 foram registradas 347 notificações, classificadas como confirmadas.

“Foram realizados, até 29 de janeiro de 2024, 73.932 exames para Mpox, dos quais 16.885 (22,8%) tiveram resultado detectável. O mês com a maior proporção de exames positivos foi julho de 2022, em que foram realizados 4.930 exames, dos quais 2.620 tiveram resultado positivo/detectável, representando 53,1%. Para o ano de 2024, entre 494 testes realizados, 261 foram positivos (52,8%)”, informa o relatório do Ministério da Saúde na página 16.