Pré-Conferência ocorrerá no dia 26 de outubro, na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), em Vitória (ES)
Os Conselhos Estaduais de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa (CEDDIPI), e para a Promoção da Cidadania e dos Direitos Humanos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (CELGBT+), com o apoio da Secretaria de Direitos Humanos (Sedh), realizam, no dia 26 de outubro, a Pré-Conferência temática sobre envelhecimento de pessoas LGBTQIA+.
O objetivo, de acordo com os organizadores, é eleger pessoas delegadas para a etapa estadual e realizar um debate específico para alinhar as propostas às realidades das pessoas idosas LGBTI+ do Espírito Santo. O encontro será realizado na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), em Vitória (ES), e é preparatório para a Etapa Estadual da 4ª Conferência Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+, que acontece em agosto de 2025.
O evento será aberto para sociedade civil, estudantes e profissionais da rede pública e privada. As pessoas interessadas em participar precisam fazer a inscrição, por meio do formulário, e, dessa forma, garantir a participação. Haverá emissão de certificado.
“Corpos envelhecem ofuscados de preconceitos”
Segundo o professor Diego Félix Miguel, especialista em Gerontologia pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), que em parceria com Milton Crenitte, médico geriatra, escreveram um artigo sobre o envelhecimento na comunidade LGBTQI+, essas pessoas sofrem apagamentos como a idade, questões de gênero e sexualidade.
“Os corpos envelhecem ofuscados de preconceitos geracionais, de uma sociedade gerontofóbica, logo, o corpo visto pela população como errado, envelhece em um preconceito ainda pior”, dizem os especialistas. No artigo, os especialistas trazem aspectos gerontológicos em relação à letra da música A Lenda, da cantora e atriz, Linn da Quebrada, que traz um debate sobre mitos e estereótipos que oprimem pessoas idosas, principalmente as LGBTQI+.
De acordo com esses dois especialistas, a invisibilidade do envelhecimento LGBT entra em conflito com a “sociedade”, que espera um comportamento relacionado a homens e mulheres e quando essa espera não é alcançada, essas pessoas são cobradas, principalmente quando falamos de pessoas idosas.
A “sociedade”, em suma, não aceita o homem gay afeminado, idealiza a feminilidade de uma mulher lésbica e a passabilidade – que significa ficar parecida com uma pessoa cisgênera – ou seja, pessoa que se identifica com o gênero atribuído socialmente no nascimento, em virtude do seu órgão sexual, da pessoa transgênera, sendo que esse é o último objetivo da transição, afirmam Diego Miguel e Milton Crenitte.
Desigualdades
No texto, também é abordado a desigualdade, pois existem tipos de envelhecimento em um país com tantas desigualdades, elas aparecem em relação a situação social, local habitacional. Diversos aspectos mudam o envelhecimento da população e a expectativa de vida, que de uma travesti é de 35 anos de idade, enquanto a da população hetero-cis-normativa é em média 74,9 anos, completam os autores.
O artigo finaliza falando sobre a sexualidade dos corpos idosos e questionam se os corpos LGBTs envelhecidos realmente importam e o Dr. Diego Felix ressalta:
“Por fim, diversos programas de envelhecimento ativo têm incorporado as questões de gênero e sexualidade como determinantes sociais para a manutenção da autonomia e da independência das pessoas idosas. Mas, se não pararmos para questionar as construções socioculturais que limitam o papel social de algumas pessoas, a gerontologia jamais conseguirá reduzir as vulnerabilidades de todos aqueles que deseja abraçar.”
Serviço:
Pré-Conferência Temática do Envelhecimento de Pessoas LGBTI+
Data: 26 de outubro de 2024 (sábado)
Horário: 10 horas
Local: Auditório Rosa do CCJE, na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Goiabeiras – Vitória.
Inscrição: Clique aqui.