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Fiocruz investigou a biodiversidade do Parque Estadual de Itaúnas, agora sob ameaça da privatização


A grande biodiversidade da Unidade de Conservação onde fica o Parque Estadual de Itaúnas encantou os pesquisadores da Fiocruz


Fiocruz investigou a biodiversidade do Parque Estadual de Itaúnas, agora sob ameaça da privatização | Fotos: Carlos Sanches e Luciana Alvarenga/Fiocruz

Dentro do projeto Parques do Brasil, os pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Carlos Sanches e Luciana Alvarenga, estiveram em uma expedição na Unidade de Conservação abrangida pelo Parque Estadual de Itaúnas, em Conceição da Barra (ES) em 2022. Na narrativa da excursão, que está divulgada no portal oficial da Fiocruz, os pesquisadores narram a exuberância encontrada pelos olhos da ciência.

No início dão a localização da área de conservação, agora sob ameaça de ser privatizada pelo Governo do Estado: “O Parque Estadual de Itaúnas fica no distrito homônimo, no município de Conceição da Barra. Possui 3.481 hectares e protege 34 km do rio Itaúnas, restingas herbáceas, arbustivas e florestais, alagados, mangues, dunas, e, uma pequena área de mata de tabuleiro.”

Incursões cientificas

“Nos três primeiros dias, após duas reuniões com a equipe do parque trabalhamos no intervalo das chuvas, explorando as matas ciliares do rio Itaúnas, uma área de restinga arbustiva fechada, as dunas e o pequeno trecho de mata de tabuleiro que o parque protege. Nessas incursões, produzimos imagens do ciclone extratropical, observamos um carcará (Caracara plancus) se alimentando dos restos de um peixe e um casal de periquitos-rei (Eupsittula aurea)”, contam na narrativa.

“Na beira do rio encontramos um pequeno bando de saguis-de-cara-branca (Callithrix geoffroyi), uma espécie de primata endêmica do Brasil, que habita o Espírito Santo, o leste de Minas Gerais e o sul da Bahia. No quarto dia, percorremos uma trilha que acompanha o rio Itaúnas e atravessa uma restinga floresta”, prosseguem na discrição do que foi encontrado na excursão de cunho cientifico.

“Nesse ambiente, observamos muitas espécies de aves, entre elas a saíra-beija-flor (Cyanerpes cyaneus), o corrupião (Icterus jamacaii), o saí-azul (Dacnis cayana), o tiê-sangue (Rhamphocelus bresilius) e o tangará-príncipe (Chiroxiphia pareola). Além de considerável diversidade de espécies, o parque possui uma quantidade de aves bastante notável, em todos os ambientes visitados”, narram os pesquisadores da Fiocruz.

Borboletas

Sanches e Alvarenga contam que nos dois dias seguintes, foram para a trilha das borboletas, que corta o interior perto dos limites da unidade. “Essa trilha atravessa áreas de restinga arbustiva aberta, trechos de restinga florestal e o entorno de um grande alagado. Nesse local, encontramos também muitas espécies de aves, entre elas a choca-listrada (Thamnophilus paliatus) e uma família de carrapateiros (Milvago chimachima).

Os pesquisadores dizem que ainda foram até o limite Norte do parque, onde viram a foz do Riacho Doce, curso d’água que marca a divisa dos estados do Espírito Santo e da Bahia. “No mesmo dia à tarde, percorremos a trilha do Buraco do Bicho, que termina em outro conjunto de dunas, local onde existem sítios arqueológicos e a lenda de um monstro. O tempo voltou a ficar ruim, prejudicando bastante a produção de imagens.”

Equipamentos contestados por especialistas em meio ambiente

Para poder ser rentável e garantir lucratividade aos empresários que vão ficar com o controle da privatização, garantindo alto número de pagantes de ingressos, serão construídas “novas atrações” nas unidades de conservação, os parques públicos estaduais. O Programa Estadual de Desenvolvimento Sustentável das Unidades de Conservação do Estado do Espírito Santo (Peduc), foi criado pelo governador Renato Casagrande (PSB) através do Decreto nº 5409-R, sem debate com a sociedade.

Em release de agosto deste ano, a Sema diz que os parques serão “totalmente reestruturados, com a criação de 500 vagas de estacionamento, pavilhão com cafeteria, centro de visitantes, nova sede/alojamento do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), memorial, bilheteria, sanitários, auditório, além da base de uma das atrações de destaque da concessão: o teleférico, com trajeto até a Lagoa da Coca Cola.”

Ainda diz no texto que a “Lagoa de Caraís” terá um teleférico, piscina e decks flutuantes, restaurante na rocha e uma torre de tirolesa. Para render mais dinheiro aos investidores privados, ainda haverá “um Centro de Educação Ambiental com café e loja, onde os visitantes terão a oportunidade de testemunhar o fenômeno da desova das tartarugas marinhas, contribuindo para a sensibilização e preservação dessas espécies ameaçadas.”

Construção de albergues dentro da área de preservação ambiental

Também está prevista a construção de trilhas de acesso “às principais atrações, também desprovidas de infraestrutura.”  Também foi anunciado que a privatização vai fazer com que sejam construídas “28 cabanas de Glamping – uma espécie de camping que alia conforto e sustentabilidade – equipadas com modernas comodidades.”

Na região da Lagoa Feia serão construídos “bangalôs em áreas mais isoladas oferecerão estadia exclusiva, com vistas panorâmicas e serviços personalizados. Piscina flutuante, passeio de pedalinho e restaurantes também integram a lista de novidades.

Quais parques serão privatizados pelo Governo do PSB do ES:

  • Cachoeira da Fumaça (PECF),
  • Forno Grande (PEFG),
  • Mata das Flores (PEMF),
  • Pedra Azul (PEPAZ),
  • Itaúnas (PEI)
  • Paulo Cesar Vinha (PEPCV)