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Conselho que reúne igrejas seculares é contra expor fieis ao vírus do Covid-19 em templos religiosos

Conselho Nacional de Igrejas Cristãs diz ser desnecessária presença em igrejas durante a pandemia do Covid-19 | Foto: Scockphotos

O Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic), entidade que reúne igrejas seculares e que não existem apenas para o enriquecimento pessoal de suas lideranças religiosas, emitiu uma nota para se opor a uma tal de Associação Nacional de Juristas Evangélicos (Anajure), que ingressou com medida contra o fechamento de igrejas por conta da pandemia do Covid-19. “No entanto, alguns momentos litúrgicos, de oração, estudos bíblicos, e até cultos e celebrações, não precisam ser realizados de forma presencial”, diz o Conic em sua nota.

“Lembramos o versículo bíblico do Evangelho de Mateus 18:20 (capítulo 18, versículo 20), que lembra que Jesus está entre nós quando duas ou três pessoas estiverem reunidas em Seu nome. Esta reunião não precisa acontecer nos templos. Igreja é o sacerdócio geral de todas as pessoas que crêem, de modo que, uma família, uma pessoa sozinha e ou pessoas de uma mesma casa podem reunir-se em oração”, diz a entidade que representa a Aliança de Batistas do Brasil (ABB), Igreja Católica Apostólica Romana (Icar), Igreja Episcopal Anglicana do Brasil (IEAB), Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) e Igreja Presbiteriana Unida (IPU).

“Ali estarão vivendo igreja. Sabemos que, muitas vezes, existe a vontade e a necessidade de conversar com o padre, com o pastor ou a pastora, no entanto, os recursos tecnológicos disponíveis hoje facilitam esta comunicação”, prossegue o Conic. A entidade demonstra seriedade com as projeções relacionadas à pandemia do Covid-19 no Brasil e diz que “são graves”.

“Estudo divulgado no início de abril, de um centro de estudos da Universidade de Washington, indica que em 1º de julho, o Brasil poderá acumular 562.863 mortes causadas pela covid-19. Para o mês de abril a projeção é de mais 100 mil mortes, completa. Evitar deslocamentos, usar máscaras, não realizar aglomerações são atitudes de amor à vida e às pessoas. De nada adianta ir à igreja se desprezamos a vida e o cuidado com as pessoas. Nosso testemunho de amor precisa se expressar em atitudes. Ficar em casa, usar máscaras, praticar a solidariedade são ações coerentes com o Evangelho e salvam vidas”, conclui.

O Conic ainda diz que não espera uma decisão do STF relacionada à abertura ou não de igrejas. “Nossa orientação é que, como igrejas, precisamos dar o exemplo e evitar ao máximo as atividades presenciais. Esta será nossa maior contribuição ao país que se desfaz em luto”. Após o ministro Gilmar Mendes rejeitar pedido idêntico do PSD, para garantir abertura de igrejas em São Paulo, o STF marcou para esta quarta-feira (7) uma reunião do plenário para discutir o ato controverso do ministro indicado por Bolsonaro. A expectativa é que a decisão de Kassio Nunes seja derubada.

Bolsonaristas querem aglomeração

No último domingo Valdomiro Santiago superlotou a igreja de sua propriedade em São Paulo, ignorando a pandemia | Foto: YouTube

A Associação Nacional de Juristas Evangélicos (Anajure) protocolou, em desrespeito ao artigo 103 da Constituição que não permite associações entrar com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (medida liminar) de número 701, em Belo Horizonte (MG), no 22 de junho do ano passado. A solicitação tinha como relator o ministro Celso de Mello, segundo a distribuição feita pelo STF no dia seguinte que foi protocolada.

Por iniciada política, sem observar a legitimidade por contrariar o artigo 103 da Constituição, o ministro do STF indicado por Bolsonaro, Kassio Nunes ignorou neste último final de semana a ilegitimidade da ação e, pior, ainda passou por cima de decisão do plenário, que autoriza os governadores e prefeitos a tomarem decisão de proteção à expansão ao Convid-19. O ato de Kassio, considerado por especialistas em Direito, foi uma provocação política, para jogar a opinião pública evangélica contra o STF.

O ministro do STF indicado por Bolsonaro, Kassio Nunes, ignorou o veto à associações para fazer pedido à Corte

Igreja lotada

Kassio Nunes liberou as reuniões nos recintos fechados das igrejas e no último domingo, o empresário da fé Valdomiro Santiago levou milhares de pessoas à sua Igreja Mundial do Poder de Deus, onde muitos estavam sem máscaras e próximos uns aos outros. Kassio Nunes não ouviu as igrejas sérias, como as que integram o Conic. Valdomiro responde a processos na Justiça, como a venda da feijão ungido contra Covid-19.

Na decisão proferida, acolhendo os argumentos da Anajure, o ministro sustentou que a proibição total das atividades religiosas viola a razoabilidade e a proporcionalidade, explicitando que é possível harmonizar a liberdade religiosa com as medidas preventivas exigidas pelo contexto pandêmico. Ressaltou, ainda, a essencialidade das atividades desempenhadas pelas igrejas, responsáveis, entre outras funções, por conferir acolhimento e conforto espiritual.