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Pesquisadores da Ufes desenvolvem biossensor para detecção de salmonella em produtos alimentícios


O teste utiliza nanopartículas de ouro a fim de melhorar a coloração e, consequentemente, a leitura do resultado


Pesquisadores da Ufes desenvolvem biossensor para detecção de salmonella em produtos alimentícios | Imagem: Divulgação/Ufes

Um biossensor inovador na detecção da bactéria Salmonella spp. em produtos alimentícios foi desenvolvido pela pesquisadora Gabrielle Landim, orientada pelo professor Jairo Pinto de Oliveira, do Programa de Pós-Graduação em Bioquímica da Ufes (PPGBiq/Ufes). O teste imunocromatográfico de fluxo lateral e nanopartículas de ouro promete transformar os métodos de controle de qualidade na indústria alimentícia, reduzindo o tempo de detecção da bactéria e os custos associados à testagem. O experimento levou à criação da startup NanoLabs, com a proposta de se tornar o kit de diagnóstico mais rápido do mundo.

O grande desafio na luta contra a salmonelose, infecção causada pela bactéria, tem sido a falta de testes rápidos e eficientes. Embora existam sensores de alta qualidade no mercado, esses dispositivos ainda apresentam limitações significativas no que diz respeito ao tempo de obtenção dos resultados. Testes convencionais geralmente demoram de 18 a 48 horas para fornecer resultados confiáveis e têm um custo elevado; já o desenvolvido pelos pesquisadores da Ufes entrega o mesmo resultado dentro de 8 a 12 horas, com um custo 50% menor.

O teste utiliza nanopartículas de ouro a fim de melhorar a coloração e, consequentemente, a leitura do resultado. Além disso, o biossensor tem sensibilidade superior aos convencionais e possui especificidade em relação a outros microorganismos, ou seja, mesmo que a tira esteja contaminada com outras bactérias, ele reconhece apenas a Salmonella.

Gabrielle Landim destaca que, embora o novo teste sirva como um método de triagem eficaz, ele não pretende substituir o método padrão, que é baseado no plaqueamento em meios de cultura diferentes.

A NanoLabs está em processo para patentear a tecnologia e já desenvolveu um “kit detecção rápida de Salmonella”. A startup está incubada no Espaço Empreendedor da Ufes e reúne esforços para testes iniciais no mercado e escalonamento da tecnologia.

O professor Jairo Pinto de Oliveira, especialista em nanopartículas de ouro e biossensores, explica que o Laboratório de Nanomateriais Funcionais da Ufes vem desenvolvendo sistemas de detecção baseados em nanotecnologia há anos. Eles exploram técnicas como a plasmônica (SPR e LSPR), para a detecção de microrganismos, toxinas e pesticidas em alimentos e no meio ambiente.

Preocupação global

A contaminação por Salmonella é uma preocupação global. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), são registrados anualmente mais de 90 milhões de casos de salmonelose, resultando em aproximadamente 155 mil mortes. A bactéria possui mais de 2.600 sorotipos e pode ser encontrada em uma série de produtos, como frango, ovos, leite e temperos.

Segundo o Ministério da Saúde, os casos mais graves de salmonelose ocorrem em crianças e idosos, devido à fragilidade de seus sistemas imunológicos. Os principais sintomas incluem diarreia, vômitos, febre moderada, mal-estar geral e calafrios, que geralmente surgem entre 6 e 72 horas após a ingestão de alimentos contaminados e podem durar até uma semana.

A pesquisa teve o financiamento da Fundação de Apoio à Pesquisa do Espírito Santo (Fapes) e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

Texto: Éric Nobre (bolsista)