A exigência da população, representante ´por especialistas em meio-ambiente, biólogos, sindicalistas, políticos, representantes de entidades comunitárias ocorreu nesta última quinta-feira (12) no Centro Histórico de Vitória, quando foi lida uma Carta Aberta a Renato Casagrande (leia íntegra nesta matéria)
No final da tarde e início da noite desta última quinta-feira (12), o Movimento em Defesa das Unidades de Conservação do Espírito Santo promoveu um ato na Praça Oito de Setembro, no Centro Histórico de Vitória (ES), para reivindicar o cancelamento do projeto do governador Renato Casagrande (PSB) de privatizar seis unidades de conservação, os parques públicos estaduais. Em seguida foi feita uma caminhada até o Palácio Anchieta, onde foi entregue uma carta aberta ao governador.
Na oportunidade foi pedida a retirada do presidente estadual do União Brasil, o político derrotado nas eleições de 2022, Felipe Rigoni, que ocupa como compensação política o cargo comissionado de secretário de Estado do Meio Ambiente. Presente no ato, a deputada estadual Iriny Lopes (PT) ressaltou que o projeto de privatização das unidades de conservação de Casagrande/Rigoni está recheado de ilegalidades e vai no sentido contrário da necessidade da preservação ambiental, para fazer frente às mudanças climáticas. Ouça abaixo a entrevista da deputada Iriny Lopes ao Grafitti News durante o ato na Praça Oito:
Na proposta de privatização de Casagrande/Rigoni, Iriny Lopes ainda acentuou que o projeto foi feito sem cumprir as exigências legais de audiências públicas, tanto com as comunidades envolvidas quanto com a população capixaba em geral. Além disso, a parlamentar destacou que o próprio governador Casagrande foi a Nova York oferecer os parques públicos estaduais à empresários americanos, afrontando assim a própria população capixaba.
Prejuízos para a natureza e para a população
O modelo de privatização imaginado por Casagrande e Rigoni é apenas para oferecer elevada lucratividade a empresários, sem se importar com a destruição ambiental que o projeto vai trazer para a destruição das unidades de conservação. Esse é o entendimento de especialistas presentes no ato da Praça Oito de Setembro e Palácio Anchieta.
A privatização das Unidades de Conservação do Espírito Santo, idealizada por Casagrande/Rigoni, está prevista no Programa de Concessão do Governo do Estado (Decreto-R nº. 5409/2023) abrange os seguintes Parques Estaduais/Unidades de Conservação:
- Cachoeira da Fumaça,
- Forno Grande,
- Mata das Flores,
- Pedra Azul,
- Paulo Cesar Vinha,
- Itaúnas.
Leia a íntegra da Carta aberta ao governador Renato Casagrande
Por meio desta, solicitamos o imediato cancelamento do programa de concessão dos parques estaduais do Espírito Santo, bem como a substituição do atual Secretário de Meio Ambiente, Felipe Rigoni. A proposta de concessão das unidades de conservação afronta diretamente os objetivos fundamentais dessas áreas, gerando impactos socioambientais significativos tanto em seu interior quanto nas comunidades do entorno, ferindo a legislação ambiental e a Constituição Federal.
Os conflitos já instaurados na Vila de Itaúnas ilustram a tensão gerada por essa iniciativa. A instalação de um “escritório” da Secretaria de Meio Ambiente na Vila reforça a postura autoritária e desrespeitosa com que a proposta tem sido conduzida. Apesar de alertas e análises detalhadas de especialistas destacando os riscos e impactos ambientais do projeto, o secretário Felipe Rigoni, com total respaldo do governador Renato Casagrande, tem demonstrado inflexibilidade e falta de sensibilidade diante da gravidade da situação.
Os Parques Estaduais, caracterizados por sua pequena extensão e por sua fragilidade, abrigam espécies ameaçadas de extinção que não suportariam o impacto de novas estruturas e do aumento descontrolado de turistas, necessários para viabilizar os lucros da concessão. A insistência nesse modelo de gestão expõe o governo a um embate com uma frente crescente de profissionais, entidades e pessoas comprometidas em impedir sua implementação.
Além disso, aprofunda os conflitos nas comunidades locais, já divididas pelos debates provocados pela proposta. Esse desgaste social e político, somado à degradação ambiental de áreas naturais de importância vital, não se justifica por ganhos econômicos limitados e voltados a interesses privados.
Esperamos que o governador Renato Casagrande proteja o meio ambiente para as presentes e futuras gerações, o que é o seu dever. Para que nossos filhos e netos possam ouvir o canto das aves que ainda sobrevivem, sentir o perfume das flores silvestres e vivenciar a natureza em Sua forma mais pura, sem serem sufocados pelo barulho de tirolesas ou o cheiro de frituras. Que, em meio a um planeta cada vez mais quente e árido, ao menos uma pequena porção de vida seja preservada como ponto de partida para a regeneração ambiental, essencial à sobrevivência futura.
Esperamos que o Governador Renato Casagrande priorize o valor inestimável da vida e do meio ambiente em vez de interesses econômicos que beneficiam poucos. É urgente que a Secretaria do Meio Ambiente e o IEMA sejam liderados por profissionais qualificados e comprometidos com a preservação ambiental. A prática de entregar cargos estratégicos a representantes de interesses empresariais precisa acabar. O equilíbrio entre desenvolvimento econômico e preservação ecológica deve ser restaurado.
Por fim esperamos que o atual governo entre para a história não como o algoz da natureza, mas como defensor do meio ambiente, respondendo à urgência global por uma governança que priorize um planeta saudável e equilibrado, conforme assegurado pela Constituição brasileira.
NÃO à mercatilização da natureza