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MPT-ES investiga se caminhões autônomos de Portocel trazem riscos aos trabalhadores


O porto localizado em Barra do Riacho, Aracruz (ES), é de propriedade das empresas de celulose Suzano e Cenibra. Os veículos sem motoristas e que se movem por Inteligência Artificial entraram em operação no último dia 25 de janeiro


MPT-ES investiga se caminhões autônomos de Portocel trazem riscos aos trabalhadores | Foto: Divulgação/Portocel

Para aumentar a sua lucratividade e reduzir despesas com salário e encargos sociais com contratação de motoristas, as empresas e celulose Suzano (51%) e a Cenibra (49%), proprietárias do Portocel, localizado em Barra do Riacho, Aracruz (ES), anunciaram em 25 de janeiro último que colocaram em operação caminhão autônomo para transporte de celulose. Nesta última quarta-feira (12), o Ministério Público do Trabalho no Espírito Santo (MPT-ES), informou que está investigando se esses caminhões autônomos de Portocel trazem riscos aos trabalhadores.

A coordenação regional da Coordenadoria Nacional do Trabalho Portuário e Aquaviário (Conatpa), do MPT-ES iniciou investigação sobre a segurança no trabalho e legislação relacionados à operação dos caminhões autônomos que começaram a operar no terminal portuário da Portocel, em Aracruz.

“Incorreções na programação de algoritmos”

De acordo com o procurador do Trabalho, Djailson Martins Rocha, à frente da investigação, “apesar da tecnologia eliminar os acidentes por ‘erros humanos’, a adoção de caminhões autônomos em áreas em que laboram trabalhadores também implica em graves riscos em caso de falhas nos veículos e sistemas, como exemplo, defeitos nos numerosos sensores que permitem a condução autônoma, incorreções na programação dos algoritmos de controle e comportamento inadequado em situações críticas, fora do cotidiano de operação, como no caso de incêndios, vazamentos, alagamentos e outras crises que eventualmente afetam o meio ambiente do trabalho”.

Segundo o titular regional da Conatpa, diversas disposições regulamentares precisam ser cumpridas antes do início da operação de veículos autônomos em áreas em circulam trabalhadores portuários, conforme as normas regulamentadoras (NR 1, NR 12 e NR 29.

Riscos nas áreas operacionais

Segundo nota do MPT-ES, o terminal portuário deve comprovar que avaliou rigorosamente os riscos derivados da operação de veículos autônomos nas suas áreas operacionais, se informou aos trabalhadores sobre os riscos e as medidas de prevenção e segurança adotadas para eliminar ou reduzir o risco de acidentes. Os operadores portuários, tomadores de serviço, empregadores e Órgão Gestor de Mão de Obra (Ogmo) também devem ser informados sobre a operação de caminhões sem motorista nas vias e áreas de circulação de pessoas do terminal e o resultado da avaliação de riscos.

A Conatpa ainda observa que é necessário: a atualização do regulamento de tráfego de veículos em suas instalações portuárias contemplando o tráfego de veículos autônomos; e, caso a avaliação de risco entenda necessário, treinamento dos trabalhadores que laboram no terminal quanto aos riscos e medidas de proteção decorrentes da operação de veículos autônomos nas suas áreas operacionais.

O que diz as empresas de celulose

No comunicado onde a empresa festejou o início da operação com caminhão autônomo para transporte de celulose dentro das instalações do Portocel, os grupos Suzano e a Cenibra disseram que o projeto foi iniciado em 2019. A proposta foi desenvolvida em parceria com a Lume Robotics, especializada em mobilidade autônoma, e a VIX Logística, do Grupo Águia Branca. “Atualmente, um caminhão já opera de forma autônoma, enquanto um segundo veículo passa por fase de testes assistidos”, diz a empresa.

O gerente executivo da Portocel, Alexandre Billot Mori, fez a seguinte declaração: “Incluir o veículo autônomo na operação do porto reafirma a nossa estratégia focada na excelência operacional. Com as parcerias certas e o apoio dos nossos acionistas, desenvolvemos uma solução que é pioneira no setor portuário, aliando inovação e excelência operacional para elevar os padrões de segurança e eficiência em nosso terminal.”

O Portocel informa que o caminhão autônomo “conta com inteligência artificial, câmeras e sensores que permitem a condução totalmente automatizada. O sistema é capaz de detectar e reagir rapidamente a obstáculos, com um tempo de resposta de um décimo de segundo, superando a capacidade humana em situações emergenciais.”