Professores da UFRGS escreveram um estudo intitulado “As músicas da Era Vargas e o registro da Memória Social sobre as eleições presidenciais”, compostas entre 1930 e 1954, período esse onde se encontram as marchinhas tocadas em todos os carnavais até os dias de hoje
De acordo com os professores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Cleonice Della Pasqua, Luis Fernando Herbert Massoni e Ketlen Stueber, dizem na publicação que as marchinhas de carnaval foram o gênero musical escolhido para a realização do estudo, sendo que elas tiveram o seu auge nos anos 1930, 1940 e 1950. “O sucesso obtido foi resultado de melodias simples e de forte apelo popular com letras irônicas, engraçadas e de caráter ambíguo.”
A dizem que o compasso binário, raramente quaternário e com o primeiro tempo fortemente acentuado das marchinhas agradava ao povo, e o apogeu das marchinhas está ligado à sua popularização. “Trazendo críticas aos temas urbanos, elas tratavam do cotidiano e, muitas vezes, tinham conotação política. O ambíguo era explorado com o intento de dar leveza a temas político, ideológico e partidário. A partir da década de 1930, as marchinhas tornaram-se mais populares pela divulgação feita através do rádio.”

Identidade cultural
A afirmam que “outro aspecto a ser considerado é o da relação entre a música e a construção identitária, pois as canções moldam e atualizam a identidade cultural. A música é um objeto de construção da identidade de uma nação, pois é parte da cultura popular.”
“É neste universo que a música se faz presente para a identificação dos momentos históricos e da ressignificação da memória social através de suas letras, que contam muito do cotidiano, dos fenômenos sociais, políticos, econômicos, dentre tantos outros. A utilização da música como uma linguagem alternativa para a construção da memória social é de extrema relevância, pois ativa as lembranças através do afeto, acrescenta novos conhecimentos, traz novos olhares sobre o passado e auxilia na construção do futuro”, concluem.