A “Ordem dos Economistas do Brasil”, segundo o Conselho Federal de Economia, que é o único e legitimo representante dos economistas brasileiros, diz que é apenas “um grupo minúsculo, sem nenhuma representatividade.” Mesmo assim o clube fechado deu o título de “Economista do Ano” a Javier Milei, da Argentina, como se fosse uma homenagem em nome dos economistas do Brasil

Uma entidade civil, tipo um clube esportivo, a Ordem dos Economistas do Brasil (OEB) não possui nenhuma representatividade legal para falar em nome dos quase 300 mil economistas brasileiros, mas recentemente usou o nome desses profissionais para entregar ao extremista de direita que preside a Argentina, Javier Milei, o título de “Economista do Ano.” O uso indevido do nome dos economistas do Brasil gerou reações das entidades verdadeiras, como o Conselho Federal de Economia (Cofecon) e os Conselhos Regionais de Economia, criados pela Lei 1.411/1951.
O clube OEB é pequeno, com poucos associados, com a maioria conservadora, sem que todos os associados sejam economistas, e sem interesse em debater o combate à miséria e a pobreza no Brasil. O clube não tem em seu portal a transparência de apresentar seu quadro de dirigentes e nem a quantidade de associados. Funciona como o clube do Bolinha, fechado. Na lista de “vencedores” de “economista do ano”, todos são conservadores: No ano passado essa entidade privada concedeu a mesma honraria para Roberto de Oliveira Campos Neto, ex-presidente do Banco Central indicado por Jair Bolsonaro.
“Banido por fraude”
O portal Canal 5 Notícias, de Buenos Aires, anunciou que a entrega do título foi revista de “escândal”. E disse o motivo. “O: economista que premiou Javier Milei no Brasil é banido por fraude O Conselho Federal de Economia Brasileiro saiu a rejeitar a distinção” Economista do ano ” entregue ao presidente pela OEB. Ele apontou contra seu titular, Manuel Enríquez García, por ter a matrícula suspensa.”
“O Conselho Federal de Economia (Cofecon), que outorga as matrículas para o exercício da profissão, saiu a rejeitá-lo e apontou contra o titular da ordem dos Economistas do Brasil (OEB), Manuel Enríquez García, por ter a matrícula suspensa e estar inabilitado por fraude. O atual presidente da OEB, Manuel Enríquez García, encontra-se com seu registro profissional suspenso ‘devido a um processo ético-disciplinar, o que reforça a ausência de legitimidade desta entidade para se pronunciar em nome da categoria’, explicaram no Cofecon”, disse textualmente o portal argentino.
E continua: “Por meio de um comunicado, Cofecon lembrou que ‘o presidente argentino enfrenta um escândalo de natureza econômica em seu próprio país, sendo acusado de participar de uma associação ilícita que causou prejuízo a mais de 40 mil pessoas. A denúncia surgiu após uma divulgação em suas redes sociais, no dia 14 de fevereiro, da criptomoeda LIBRA LIBRA, que posteriormente foi revelada uma fraude do tipo rug pull’”.
Além disso, destacaram que a OEB é “uma entidade privada que agrega um pequeno grupo de cidadãos, economistas ou não, e não possui qualquer atribuição normativa, fiscalizadora ou representativa da profissão de Economista”.
Íntegra da Nota oficial do Cofecon
“O Conselho Federal de Economia (Cofecon) manifesta-se contra a decisão da Ordem dos Economistas do Brasil (OEB) de conceder o título de “Economista do Ano” ao presidente da Argentina, Javier Milei.
O presidente argentino enfrenta um escândalo de natureza econômica em seu próprio país, sendo acusado neste mês de participar de uma associação ilícita que causou prejuízo a mais de 40 mil pessoas. A denúncia surgiu após a divulgação em suas redes sociais, no dia 14 de fevereiro, da criptomoeda $LIBRA, que posteriormente se revelou uma fraude do tipo “rug pull” (ou “puxada de tapete”).
O Cofecon ressalta, também, que a OEB é uma entidade privada que reúne um pequeno grupo de cidadãos, economistas ou não, e não possui qualquer atribuição normativa, fiscalizatória ou representativa sobre a profissão de Economista. Nos termos da legislação vigente no Brasil (Lei 1.411/1951), cabe exclusivamente ao Conselho Federal de Economia e aos Conselhos Regionais de Economia a regulamentação e fiscalização do exercício da profissão no País, incluindo o registro profissional obrigatório para o desempenho da atividade.
Destaque-se, ainda, que o atual mandatário da OEB, no cargo há mais de uma década, encontra-se com seu registro de economista suspenso em razão de processo ético-disciplinar, o que reforça a ausência de legitimidade da entidade para se pronunciar em nome da categoria.
O próprio regulamento do prêmio menciona que ele é “destinado a premiar Economistas que se destacaram na atividade profissional ou em trabalhos em benefício do país, da coletividade ou da classe dos economistas”, condições que não se verificam no caso de um economista cuja atuação se dá fora do Brasil.
Por fim, o Cofecon reafirma seu compromisso com uma economia que promova o desenvolvimento sustentável, fortaleça o mercado interno, reduza as desigualdades e garanta inclusão social e oportunidades para todos.
Presidência do Conselho Federal de Economia (Cofecon)”
Nota do Cofecon contra premiação a Javier Milei repercute na Argentina
De acordo com relato distribuído pelo Cofecon, veículos como Buenos Aires Herald, Página 12 e Canal 5 Notícias destacaram trechos da manifestação contrária do Cofecon. Mandatário argentino enfrenta acusações após a divulgação da criptomoeda $Libra.
A nota oficial do Conselho Federal de Economia contestando a concessão do título de “Economista do Ano” pela Ordem dos Economistas do Brasil gerou repercussão em diversos veículos de comunicação argentinos. Eles mencionaram, entre outros aspectos, as acusações que pesam contra o presidente do país vizinho após a divulgação da criptomoeda $LIBRA, a ausência de qualquer função regulatória ou fiscalizatória da OEB (o que, por lei, cabe ao Cofecon e aos Corecons) e a suspensão do registro de seu presidente em razão de um processo ético-disciplinar.
Leia a seguir algumas das publicações.
O portal Buenos Aires Herald, publicado em inglês, menciona que o prêmio foi entregue por um economista que tem seu registro suspenso. O texto menciona trechos da nota do Cofecon, incluindo a acusação contra o presidente pela divulgação da criptomoeda $LIBRA, que terminou se revelando uma fraude do tipo “rug pull” (“puxada de tapete”).
O jornal também conversou com o vice-presidente do Cofecon, João Manoel Gonçalves Barbosa. “Ele é registrado no Corecon-SP e foi inabilitado por cinco anos para exercer cargos públicos após ser condenado pelo Tribunal de Contas da União por desvio de recursos”, contou Barbosa. “A suspensão do registro profissional o impede de exercer legalmente a profissão no Brasil por dois anos. O Cofecon não reconhece a legitimidade jurídica, institucional ou política da OEB para representar os economistas brasileiros”.
O Página 12 mencionou que Javier Milei posou com um diploma que antecipava o título de Economista do Ano previsto para ser entregue pela OEB em agosto. “Poucas horas depois o Conselho Federal de Economia se manifestou contra a eleição do libertário como destinatário de um prêmio”, contou o jornal, inclusive usando palavras duras para referir-se ao presidente.
C5N:
O portal do Canal 5 Notícias aponta que o Cofecon, por meio de uma nota, lembrou que “o mandatário argentino enfrenta um escândalo de natureza econômica em seu próprio país, sendo acusado de participar de uma associação ilícita que causou prejuízo a mais de 40 mil pessoas” e que, nos termos da Lei 1.411, “cabe ao Conselho Federal de Economia e aos Conselhos Regionais de Economia a regulamentação e fiscalização do exercício profissional no País.”
O portal Perfil divulgou a manifestação contrária do Cofecon e explicou que “com sede em Brasília, o Cofecon é uma autarquia responsável pela fiscalização profissional dos 230 mil economistas brasileiros”. Também mencionou trechos da nota, na qual o Cofecon aponta que a OEB “não tem poderes regulatórios, de fiscalização ou de representação sobre a profissão de economista”.
O texto conta, ainda, que o presidente da Ordem tem o registro profissional suspenso devido a um processo ético-disciplinar e que foi inabilitado pelo Tribunal de Contas da União, em 2019, para exercer cargos públicos durante cinco anos.
O portal Ámbito também mencionou que o TCU inabilitou o presidente da OEB para exercer cargos públicos por cinco anos. “Apesar destes antecedentes, ele foi recebido no gabinete presidencial e outorgou a Milei o reconhecimento na condição de presidente da Ordem”, cita o jornal. “Depois da entrega, o Cofecon se manifestou contra a decisão da OEB e fez referência ao escândalo $LIBRA. Também destacou que a OEB é uma entidade privada e que seu mandatário se encontra com o registro profissional suspenso devido a um processo ético-disciplinar.”
A nota publicada pelo Cofecon também repercutiu no portal venezuelano Fuser News. “Depois da entrega da homenagem, o Cofecon se pronunciou contra a decisão da OEB”, publicou o portal, apontando também que a nota do Cofecon “fez alusão ao escândalo da criptomoeda $LIBRA que envolve o líder libertário”. O texto também informa que o presidente da OEB “se encontra com seu registro profissional suspenso devido a um processo ético-disciplinar”.