A hipertensão é declarada pela OMS como sendo uma doença silenciosa e assintomática, sendo uma das principais causas de acidente vascular cerebral (AVC), infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca e doença renal crônica

A hipertensão arterial, popularmente conhecida como “pressão alta”, é uma das doenças crônicas – sem cura, porém com tratamentos que a controlam – mais prevalentes e perigosas da atualidade. Caracterizada pela elevação persistente da pressão nas artérias, ela afeta mais de 1,28 bilhão de adultos em todo o mundo, sendo mais de 50 milhões deles brasileiros – os dados são da Organização Mundial de Saúde (OMS). Silenciosa e, muitas vezes, assintomática, a doença é uma das principais causas de acidente vascular cerebral (AVC), infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca e doença renal crônica.
Neste sábado, 17, é celebrad o dia dedicado ao tema e a data reforça a importância dos cuidados básicos com a saúde para diagnóstico e controle. De acordo com o médico Renato Serpa, coordenador da Cardiologia e da Hemodinâmica do Hospital Santa Rita, a hipertensão arterial sistêmica (HAS) ocorre quando a pressão arterial se mantém igual ou superior a 14/90 mmHg (milímetros de mercúrio) em múltiplas aferições. A pressão normal considerada ideal gira em torno de 120/70 mmHg.
Doença traiçoeira
“A hipertensão é uma condição traiçoeira que pode evoluir sem sintomas por anos, até causar danos irreversíveis. A elevação da pressão força o coração a trabalhar com mais intensidade para bombear o sangue, o que pode danificar os vasos sanguíneos ao longo do tempo e comprometer o funcionamento de órgãos vitais”, explicou.
Estudos epidemiológicos apontam que fatores genéticos, ambientais e comportamentais contribuem para seu desenvolvimento. “Ter histórico familiar de hipertensão, idade avançada, obesidade e sobrepeso, além de uma alimentação rica em sódio e pobre em potássio podem desencadear a doença. O consumo excessivo de álcool, o sedentarismo, o tabagismo e o estresse crônico, além de problemas renais e metabólicos associados, como o diabetes tipo 2, também favorecem o surgimento do quadro”, pontuou o especialista do Santa Rita.
Pressão arterial
De acordo com Renato Serpa, sabe-se que apenas 42% das pessoas com hipertensão são diagnosticadas e recebem tratamento adequado. “Os números revelam, ainda, que menos de um em cada cinco indivíduos com hipertensão tem a pressão arterial controlada”, disse o médico.
E ele acrescenta: “a hipertensão é o principal fator de risco para a doença cardiovascular que, por sua vez, é a principal causa de morte global.” Apesar de, na maioria dos casos, ser assintomática, quando presentes, os sintomas podem incluir dor de cabeça persistente, tontura, zumbido nos ouvidos, visão turva, dor no peito e falta de ar em estágios mais avançados.
Diagnóstico
O diagnóstico é feito por meio da aferição sistemática da pressão arterial, com aparelhos validados. O uso de monitoramento ambulatorial da pressão arterial (MAPA) ou monitoramento residencial (MRPA) é cada vez mais recomendado para uma avaliação precisa. “O rastreamento deve ser feito regularmente em adultos a partir dos 18 anos, com maior frequência em pessoas com fatores de risco”, enfatizou Renato Serpa.
O médico orienta que algumas recomendações sejam seguidas antes de aferir a pressão arterial: “É importante esvaziar a bexiga, evitar fumar nos 30 minutos anteriores, manter o braço apoiado na altura do coração e estar em repouso por pelo menos cinco minutos antes da medição. Essas precauções são essenciais porque, ao não segui-las, o organismo pode liberar hormônios que interferem nos níveis de pressão arterial.”
Prevenção
A boa notícia é que a hipertensão pode ser prevenida e, quando diagnosticada, controlada com mudanças no estilo de vida e, se necessário, fazendo o uso de medicamentos que devem sempre ser prescritos por um cardiologista. “A prática de exercícios físicos, uma alimentação balanceada, a gestão do nível de estresse, a redução do consumo de sal – o brasileiro costuma consumir cerca de 9 gramas por dia de sal, o dobro do que é preconizado pela Organização Mundial de Saúde -, o abandono do cigarro e uma boa qualidade do sono são escolhas que ajudam no controle da doença.
“Pequenas mudanças de comportamento, mesmo diante do silêncio da doença hoje, podem fazer toda a diferença e evitar grandes complicações no futuro. O maior desafio é convencer os pacientes a tratar uma condição que não apresenta sintomas aparentes. Porém, ignorar o tratamento pode resultar em consequências sérias, e até fatais”, alerta Renato Serpa.