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PMV ordena volta às aulas presenciais se baseando em entidades que apoiam cloroquina

PMV ordena volta às aulas presenciais com base em entidades que apoiam cloroquina contra Covid-19 | Foto: André Sobral/PMV

O Conselho Regional de Medicina do ES e a Associação Médica do Espírito Santo defende o uso de cloroquina contra Covid-19, não reconhecendo a condenação feita pela OMS e Anvisa

A Prefeitura de Vitória (PMV), em release divulgado à imprensa, diz textualmente que se embasou em determinar as aulas presenciais para as crianças que estudam nas escolas de ensino fundamental, com base em entidades que declararam apoio à medicamentos sem eficácia contra a Covid-19. De acordo com registros da imprensa capixaba feitos em maio do ano passado, o Conselho Regional de Medicina do Espírito (CRM-ES) e Associação Médica do Espírito Santo (Ames) se colocaram ao lado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e em confronto com as orientações da OMS e da Anvisa, que proíbem o uso de cloroquina para Covid-19.

Diz o release da PMV: “O Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRM-ES) e a Associação Médica do Espírito Santo (AMES) emitiram uma nota defendendo a educação como atividade essencial. De acordo com os médicos, as decisões em relação à reabertura das escolas devem ser embasadas em critérios técnicos e científicos e considerando, ainda, “as consequências de seu fechamento por tempo tão prolongado”.

“As crianças e adolescentes, de forma geral, apresentam quadros mais brandos, com gravidade notadamente menores do que na população adulta. Estudos evidenciaram que crianças menores de 10 anos são menos susceptíveis à infecção pelo SARS-CoV-2 do que adolescentes e adultos, e há estudos mostrando que é pouco provável que crianças sejam as fontes primárias de infecção nos domicílios, contrariamente ao que se observa em outras infecções de transmissão respiratória”, destaca a nota conjunta do CRM-ES e da AMES.

As duas entidades ainda ressaltam na nota pública que divulgaram que a ausência das aulas prejudica o desenvolvimento socioemocional e repercute de forma negativa no desenvolvimento de habilidades sociais que ocorrem quando crianças estão com outras crianças da mesma faixa etária, sob mediação de um adulto, no caso, o professor.

Favoráveis à cloroquina

As duas entidades citadas pela PMV não tem credibilidade para um posicionamento político, que não é técnico, uma vez que se voltaram contra á ciência ao apoiar o uso de cloroquina para o “tratamento médico” recomendado por Bolsonaro, uma pessoa que não tem nenhum formação universitária. “Segundo o presidente do CRM-ES (Conselho Regional de Medicina do Espírito), Celso Murad,  há um mês a entidade baixou uma norma autorizando o médico a prescrever a cloroquina caso achasse que fosse melhor para o quadro do paciente mesmo na fase inicial da Covid-19, obedecendo critérios conhecidos. O médico justificou a autorização por não haver nenhum outro protocolo definido e por terem aparecido indícios de que a cloroquina usada juntamente com zinco e azitromicina dão bons resultados na evolução do paciente”, diz um texto do portal de notícias capixaba ES 360 publicado em 20 de maio de 2020.

No arquivo desse mesmo portal consta na mesma matéria jornalística outra entrevista. Já o presidente da Ames (Associação Médica do Espírito Santo), Leonardo Lessa, explicou que muitos serviços particulares já vinham usando a hidroxicloroquina nos sintomas iniciais de Covid-19 dos pacientes, ressaltando a que principal mudança é alterar o protocolo para possibilitar o acesso do remédio a usuários do SUS.

“Mas não é uma obrigação de prescrição e de uso. O que vale é a escolha feita pelo médico em acordo com o paciente, sendo ele informado de todos os riscos do medicamento e seus possíveis benefícios”, explicou Lessa. No vídeo divulgado pelo prefeito Lorenzo Pasolini (Republicanos) para anunciar nas redes sociais a volta obrigatória das aulas presenciais estavam ao seu lado os donos de escolas particulares e nenhum professor ou funcionário de carreira das escolas públicas.