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Com flexibilização irresponsável o Brasil vai sofrer um desastre com a 3ª onda do Covid-19

A irresponsabilidade de governadores e prefeitos e a escassez de vacinas vai levar ao Brasil sofrer com a 3ª onda | Foto: Arquivo

Entre os especialistas que fazem o alerta está a epidemologista capixaba Ethel Maciel. A previsão é que o aumento dos contágios e mortes comecem no final deste mês

Os constantes desacatos á China, o maior fornecedor de insumo de ingrediente farmacêutico ativo (IFA), pelo desequilibrado presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e as irresponsáveis flexibilizações da atividade econômica promovida por governadores e prefeitos negacionistas ao poder letal do Covid-19 vão levar o Brasil ao desastre da terceira onda. A previsão é de especialistas consultados pela agência de notícias russa Sputnik no Brasil e entre essas está a professora da Ufes, Ethel Maciel, a capixaba que se destacou no país como uma das maiores autoridades na pandemia do novo coronavírus.

A falta de vacina e a abertura irresponsável da economia e da volta às aulas presenciais vai coincidir com a chegada do inverno e das novas variantes do Covid-19 mais letais, como a indiana. A média móvel de mortes por Covid-19 ainda está acima de dois mil óbitos por dia, mas como o número é 15% menor que a média de 14 dias atrás, os governadores e prefeitos, pressionados pelo poder econômico, se sentiram incentivados a promover o relaxamento das medidas e contribuir para a aglomeração e para a chegada da terceira onda, prevista para o final deste mês e junho.

De acordo com o portal Sputnik o surgimento de novas cepas de SARS-CoV-2, combinado ao lento ritmo de vacinação no país e à chegada de meses mais frios, pode ocasionar uma nova explosão de diagnósticos da doença entre o final de maio e junho. Esse é o entendimento da epidemiologista Ethel Maciel, professora da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).

Risco concreto

Segundo ela, há o risco “bem concreto” de as taxas de transmissão do vírus voltarem a crescer, com a consequente alta nas hospitalizações para pacientes com Covid-19. A especialista afirma que a redução nos números mais recentes não ocorreu devido a um controle da pandemia, mas apenas pela diminuição da circulação do vírus com as restrições de isolamento implementadas em abril.

“Não tivemos nenhum plano de expansão de testes, de testagem mais rápida para colocar as pessoas em isolamento. Reduzimos a transmissão, mas não tivemos investimento em melhorias para prevenir a transmissão”, disse Ethel Macie. A epidemiologista explica que as taxas de vacinação do país ainda estão muito aquém do necessário para conter a disseminação do vírus. Ela ressalta que o mais importante são os números de aplicação da segunda dose, que garantem de fato uma imunização completa.

“A vacinação continua muito lenta, e o que conta é o esquema vacinal. Temos que olhar o percentual de pessoas vacinadas com a primeira e a segunda dose. Temos um percentual pequeno, e isso não vai impedir uma nova onda”, avisou.

Manter restrições

Com essas novas variantes, começaram a aparecer casos mais graves em pessoas mais jovens, que ainda não foram alvo de vacinação. “Então, (vacinação) não vai impedir (a terceira onda), porque ainda não conseguimos chegar a faixas etárias mais baixas no Brasil”, apontou. Para conseguir conter um novo avanço da pandemia no país, além de manter as restrições de circulação, a epidemiologista acredita que seria necessário vacinar ao menos dois milhões de pessoas por dia, ampliando a imunização até atingir todas as pessoas acima de 18 anos.

Mas ela lembra que, para chegar a esse patamar diário, o Brasil “depende de uma série de fatores, inclusive questões diplomáticas” para conseguir importar da China mais lotes de IFA (Insumo Farmacêutico Ativo). A especialista avalia que, com o atraso da chegada do insumo, o país corre o risco de paralisar a produção de imunizantes e, consequentemente, reduzir o ritmo de vacinação.

Testagem em massa

Entre outras medidas, Maciel sugere testagem em massa, rápido isolamento após a detecção de casos positivos e uma ampla campanha de informação sobre a pandemia. “É a primeira vez que temos uma campanha de vacinação que não foi precedida por uma campanha de comunicação. As pessoas estão confusas, não estão conseguindo compreender o que é para fazer, e estamos tendo muitas barreiras para essa vacinação”, ressaltou.

A epidemiologista pede ainda atenção à campanha de vacinação contra a gripe, que ocorre paralelamente à imunização contra a COVID-19. “Também precisamos ampliar essa cobertura, porque são vírus que estão circulando. Também vão levar à síndrome respiratória aguda grave”, concluiu.