Na segunda parte de entrevista ao USP Analisa, integrantes de iniciativas na área contam suas experiências e falam sobre um núcleo do IEA-RP que vai apoiar grupos com esse propósito de trabalho
Texto de Thais Cardoso/Jornal da USP
A divulgação científica é um importante complemento à pesquisa e, além de representar uma espécie de prestação de contas das instituições públicas à sociedade, é um complemento indispensável à formação do próprio cientista. Na segunda parte da entrevista sobre o tema exibida pelo USP Analisa, a professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, Carolina Aires, e os integrantes de projetos de divulgação científica, Robson Amaral e Wasim Syed, contam sobre os projetos dos quais participam e explicam como vai funcionar um núcleo de apoio a esses grupos criado pelo Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto (IEA-RP).
Presente no Ilha do Conhecimento desde sua fundação, Amaral conta que o projeto se constrói sob a ideia de uma popularização da ciência de maneira colaborativa. “A equipe trabalha com uma linguagem que facilita a interpretação para quem não está inserido no ambiente acadêmico e até mesmo para quem está, mas é de uma área diferente. A gente trabalha em diversas vertentes. Por exemplo, nós simplificamos textos de artigos científicos, que continuam com aquela estrutura de artigo científico, mas com uma linguagem mais acessível. Também transformamos temas em textos ou vídeos que disponibilizamos em nosso site e nas redes sociais”, diz ele.
Projeto Halo
Criador do projeto Vidya Academics e um dos escolhidos para representar o Brasil no Projeto Halo da ONU, Syed destaca que a divulgação científica foi fundamental em sua formação como pesquisador e que sua inserção nessa área desfez o mito de que ela limitaria a atuação na pesquisa. “Agora eu vou prestar a pós-graduação e isso só vai ser possível porque o meu orientador é meu colega no Projeto Halo. Nunca imaginei que fazer vídeos para o Tik Tok me levaria a ter uma oportunidade tão legal dessa. Muita gente que entra na divulgação científica acha que ela não conversa com a pesquisa científica. Isso é totalmente mentira. A divulgação científica sempre foi olhada como algo à parte e hoje a gente sabe que ela é muito importante.”
Para dar suporte às iniciativas com esse propósito que já existem e que possam surgir na USP Ribeirão Preto, o IEA-RP está criando um núcleo específico. Carolina, que está à frente do projeto, explica que a ideia é mapear projetos e também formar multiplicadores. “A gente acredita realmente que existem muitas pessoas fazendo trabalhos muito interessantes, mas esses trabalhos precisam se conhecer. Depois vamos fazer a determinação do público-alvo que cada grupo trabalha, que eu imagino que sejam públicos-alvo bem-parecidos. A partir desse conhecimento, a gente pode elaborar ações para a formação de líderes, de multiplicadores.
Por exemplo, ao invés de um determinado grupo fazer uma ação expositiva para um determinado público-alvo, ele teria essa oportunidade de trabalhar com esse público-alvo, treiná-lo e prepará-lo para que eles mesmos possam produzir seu próprio material baseado na informação que foi, por exemplo, dada por esse grupo”, detalha.