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Vereador bolsonarista de Vitória intimida a terceira mulher em menos de seis meses de mandato

O vereador bolsonarista tem a especialidade de agredir verbalmente mulheres, já que com homens não cria prolemas | Foto: Instagram

Gilvan Aguiar Costa, que se apelidou de “Gilvan da Federal”, não agride verbalmente pessoas do sexo masculino. A sua especialidade são mulheres. Ele já tentou intimidar as vereadoras Karla Coser e Camila Valadão. Agora ataca uma professora de inglês

O misógino e homofóbico carioca bolsonarista Gilvan Aguiar Costa, que se autointitula “Gilvan da Federal” e que conseguiu se eleger como vereador por Vitória com 1.560 votos pelo partido Patriota, está sendo alvo de mais um protesto. Após tratar as suas colegas vereadores Karla Coser (PT) e Camila Valadão (Psol) com estupidez e grosseiria, o vereador será alvo nesta segunda-feira (21), às 17 horas, de um Ato de apoio à professora Rafaella Machado, da Municipal Prof. Renato José da Costa Pacheco, em Vitória (ES).

A professora foi mais uma vítima do despreparo do vereador bolsonarista com a democracia e com as diferenças que uma sociedade pluralista deve ter. Na última sexta-feira, 18, o vereador que apóia o negacionista presidente Bolsonaro esteve na escola e abordou a professora Rafaella Machado, questionando sobre uma atividade que ela está organizando com seus alunos, na qual a temática LGBTQI+ será abordado.

A vereadora Camila Valadão, que já foi alvo da sanha psicótica do vereador, publicou sobre o assunto em seu Twitter

Já foi grosseiro com vereadoras

Alheio ao que é uma democracia e sem ter noção da função de um vereador, Gilvan Costa entrou na escola e foi direto tirar satisfações com a professora. Diante da posição firme de Rafaella, o mesmo vereador que agrediu verbalmente às vereadoras Karla Coser e Camila Valadão virou as costas e fez ameaças de tomar providências contra a profissional. Em seguida, em áudios que circulam em grupos de WhatsApp, fez ameaças contra Rafaella. Curiosamente, Gilvan “daFederal” só toma atitudes violentas com mulheres, já que diante de seus colegas vereadores do sexo masculino se comporta com “naturalidade” e jamais adota indelicadeza com homens.

A partir daí cresceu nas redes sociais um movimento em defesa da professora, que passou a receber mensagens de solidariedade – uma nota pública foi produzida, com dezenas de assinaturas (leia abaixo) – e uma manifestação está sendo convocada para o final da tarde desta segunda-feira, 21, na frente da escola, em seu apoio. O ato contra o preconceito deve reunir entidades da educação e do movimento LGBTQI+, contra a postura homofóbica do parlamentar, realizada no mês de junho, mês do Orgulho LGBT, lembrando a revolta de Stonewall. O ato de apoio à professora está marcado para 17h, na Pracinha da Estácio, Jardm Camburi, em frente a escola.

Apesar de ter se mostrado despreparado para o convívio democrático e de enfrentar as diversidades da sociedade, a Câmara Municipal de Vitória (CMV) tem se mostrado omissa e cúmplice com os desmandos do vereador bolsonarista, já que não abriu nem processo disciplinar e muito menos a abertura de um procedimento de cassação do mandato de uma pessoa agressiva.

Nota de apoio

Entidades sociais prepararam a seguinte nota de apoio: “ “O tema trabalhado em sala de aula pela professora Rafaella Machado está em completo acordo com todos os documentos oficiais que orientam a educação brasileira. O trabalho proposto pela professora é resultado de um amplo debate realizado no interior da escola e que envolve pedagogos e demais professores e professoras da unidade escolar. É portanto uma proposta educacional pensada a muitas cabeças e orientada pelo currículo da escola pública do Espírito Santo.”

Quem é o desconhecido vereador?

De acordo com a Licença para Atividade Política assinada eletronicamente no dia 2 de julho de 2020 pelo então superintendente da Polícia Federal no Espírito Santo, Jairo Souza da Silva, Gilvan Costa está lotado na PF capixaba com o cargo de agente da Polícia Federal com a matrícula PF de final 808. O documento foi entregue à Justiça Eleitoral por ocasião da candidatura ao cargo de vereador pela capital. No Tribunal Regional Eleitoral (TRE) consta que o mesmo Gilvan concorreu nas eleições de 2018, e foi derrotado, quando disputou o cargo de deputado estadual pelo PSL.

Apesar de ter tido o limite legal de gastos para a campanha de vereador fixado pelo TRE em R$ 149.748,32, ele disse ao judiciário que se elegeu com o gasto de apenas R$ 6.351,62. Ou seja, teve apenas 10 despesas pequenas para se eleger vereador, mesmo não sendo de Vitória e muito menos um cidadão capixaba nato: 1) Breda Impressão Digital Ltda (R$ 5.388), 2) Naiara Brito Pinheiro (R$ 3.100,00), 3) Israel Soares da Silva (R$ 1.200,00), 4) Lucia Maria Rodrigues (R$ 1.200,00), 5) Ana Regina Aliprandi (R$ 1.200,00), 6) Gibran Ramos Lahud (R$ 1.200,00), 7) Carlos Alberto Matias Fontoura (R$ 500,00), 8) Posto Iate Ltda (R$ 336,32), 9) Encargos financeiros, taxas bancárias e/ou op. Cartão de crédito (R$ 67,30) e 10) DLOCAL Brasil Pagamentos Ltda (R$ 60,00).

Os bens que Gilvan Costa declarou ao TRE se resume a posse de apenas “um veículo automotor Ford Focus cor branca”, com o emplacamento feito na cidade de São Mateus, no Norte do Espírito Santo, no vaor de R$ 60 mil. Declarou não possuir mais nada, nem uma residência em seu nome. O vereador nasceu em 24 de setembro de 1976 e afirmou para o TRE que é “separado judicialmente”. Até se tornar vereador por Vitória, ele era totalmente desconhecido do meio político capixaba.

Vídeo: Redes sociais

Em 10 de fevereiro deste ano, o vereador bolsonarista usou da sua especialidade de agredir verbalmente mulheres, como é visto no vídeo acima. Dessa vez foi uma mulher negra que foi perguntar porque ele, acompanhado de dois pistoleiros armados para gritar com os moradores de rua para apagar um pequeno fogareiro onde faziam a refeição. A mulher perguntou ao vereador exatamente na frente da sede do Ministério Público Federal, na Avenida Jerônimo Monteiro. Gilvan foi atacar os moradores de rua após ter ido ao Centro de Vitória arrancar os adesivos em homenagem à vereadora carioca assassinada por milicianos, Marielle Franco. Na ocasião, o bolsonarista disse que tinha ido ao Centro a pedido de um conhecido comerciante de aparelhos de telefonia da Praça Costa Pereira.

Outra nota de apoio

NOTA DE SOLIDARIEDADE À PROFESSORA RAFAELLA MACHADO CONTRA OS ATAQUES PROMOVIDOS PELO VEREADOR GILVAN DA FEDERAL

O coletivo Luta Unificada dos Trabalhadores da Educação do Espírito Santo – LUTE-ES e demais entidades abaixo assinadas vêm a público repudiar a perseguição que a professora de inglês da EEEM “Prof. Renato José da Costa Pacheco” Rafaella Machado vem sofrendo por parte de um vereador do município de Vitória, Gilvan da Federal. A perseguição acontece em virtude de uma atividade sugerida pela professora aos estudantes da escola onde o tema LGBTQI+ é  abordado.

Por meio da mãe de uma estudante o vereador soube da atividade proposta pela professora e esteve presente na escola na última sexta-feira, 18/06, buscando intimidá-la e ameaçando-a com providências que estaria organizando contra a profissional. Chegou ao cúmulo de invadir a escola para forçar um esclarecimento por parte de Rafaella, que sugeriu que ele conversasse com a pedagoga, dando-lhe as costas.

O vereador ainda fez ameaças em áudios que circulam no whatsapp cujo conteúdo é escandaloso e reafirma a sua vocação ultra conservadora. É importante lembrar que não é a primeira vez que esse representante eleito pelos munícipes de Vitória se encontra envolvido em episódio de ódio e preconceito. Gilvan da Federal foi alvo de uma ação promovida pela vereadora Camila Valadão por tecer comentários machistas sobre a sua forma de se vestir durante uma sessão solene em homenagem ao Dia das Mulheres, comemorado em 8 de março.

A ação aberta para apurar a conduta do vereador foi arquivada e causou revolta na sociedade capixaba, evidenciando o caráter conservador da atual composição da câmara municipal da capital, onde apenas duas mulheres compõem o quadro de vereadores num total de 15 eleitos. A conduta do vereador mostra-se frequentemente em desacordo com o cargo que ocupa. Mas a possibilidade de punição parece não incomodá-lo e assim ele mantém sua postura  truculenta e odiosa perante temas sensíveis que tocam a muitos moradores e eleitores da capital.

O tema trabalhado em sala de aula pela professora Rafaella Machado está em completo acordo com todos os documentos oficiais que orientam a educação brasileira. O trabalho proposto pela professora é resultado de um amplo debate realizado no interior da escola e que envolve pedagogos e demais professores e professoras da unidade escolar. É portanto uma proposta educacional pensada a muitas cabeças e orientada pelo currículo da escola pública do Espírito Santo. Atacar individualmente a professora é atacar a toda a comunidade escolar da Renato Pacheco e também toda a categoria do Magistério capixaba!

Mais uma vez o Vereador Gilvan da Federal dá mostras de sua incompetência para contribuir com um debate público que preze pela urbanidade e respeito à diversidade. Ocupa o parlamento apenas para promover discurso de ódio e perseguições, estando, aí sim, em total harmonia com o seu mentor político, o igualmente execrável presidente da República, Jair Bolsonaro.

Toda nossa solidariedade à Rafaella Machado, professora consciente de seu papel enquanto educadora por um mundo livre de preconceitos de toda ordem e que também contribui de maneira inestimável com a nossa organização coletiva que é o LUTE-ES. Quanto aos conservadores, esses já deram provas mais que suficientes de que são incapazes de conduzir o debate público que contribua efetivamente para a melhoria da realidade do povo trabalhador e seus anseios mais urgentes. Que caiam todos eles.

*Assinam a nota as seguintes entidades*:

Coletivo Luta Unificada dos Trabalhadores da Educação – LUTE-ES

Partido Comunista Brasil – PCB ES

Resistência/PSOL ES

Resistência Feminista ES

Revolução Brasileira ES