A crítica ocorreu na manhã desta terça-feira (22) na Catedral Metropolitana de Vitória onde ocorreu a missa de corpo presente e despedida do padre da Paróquia de Jucutuquara, morto por Covid-19
A missa de corpo presente e despedida de padre Fernando Antônio Silva de Souza aconteceu na manhã de hoje, 22 de junho de 2021 na Catedral de Vitória em clima de dor, oração, silêncio e muita emoção. O arcebispo de Vitória, dom Dario Campos muito emocionado expressou palavras de carinha à família de padre Fernando, à paróquia que o acolheu com amor e falou da intensa e profunda vida ministerial de pe. Fernando apesar do curto tempo de vida e de ministério sacerdotal.
O canto, uma das formas de evangelizar de padre Fernando, ficou a cargo do grupo da paróquia Nossa Senhora das Graças em Jucutuquara, onde padre Fernando era pároco. Na homilia dom Dario foi aplaudido pelo povo quando disse: “Há 4 anos padre Fernando estava deitado diante do altar desta Catedral em sua ordenação presbiteral, e toda a comunidade cantando a ladainha de todos os Santos pedindo a proteção ao seu magistério do presbítero evangelizador. E hoje 4 anos depois, todos nós nos reunimos e padre Fernando está novamente prostrado aos pés do altar já cantando a glória do Pai”.
Negligência e descaso dos governantes
Dom Dario também relembrou as mais de 500 mil vidas perdidas para o novo coronavírus. “Com dor e saudade, mas cheios de esperança entregamos ao Pai este nosso irmão. Esta dor e perda é compartilhada pelas milhares de vida ceifadas pela Covid-19. Mais de 500 mil irmãos e irmãs falecidos. O mais triste é que a maioria dessas vidas perdidas foram por negligência e descaso dos que nos governam. Por isso, hoje rezamos unidos com toda a nossa Arquidiocese, pelo repouso eterno deste nosso irmão presbítero bem como por todos os nossos irmãos falecidos neste Brasil querido de norte a sul”.
Dom Dario lembrou a alegria com que padre Fernando acolhia e assumia o que lhe era pedido na arquidiocese e falou para os parentes, presbíteros e o próprio pe. Fernando. Aos familiares agradeceu a vida de padre Fernando e pediu a força de Deus para este momento de dor. Aos padres disse que a morte de padre Fernando lembra o quanto a vida é frágil e acrescentou: “o povo precisa de nós, de nosso testemunho e alegria. Deixemos de picuinhas e continuemos nossa missão, o que padre Fernando não pode realizar, ele confia a nós”. Ao padre Fernando fez um pedido: “padre Fernando, junto de Deus e de todos os santos não esqueça de nós e do povo que o acolheu com tanto amor”.
Em dois momentos dom Dario pediu aos presentes na Catedral para estenderam a mão sobre padre Fernando: na oração dos fiéis quando pediu pelo fim da pandemia e no final. No final da missa, padre Renato Criste, pároco da Catedral agradeceu aos profissionais do Hospital Santa Rita e ao padre Ricardo Passamani que acompanhou pe. Fernando e nos manteve informados sobre o estado de saúde de padre Fernando. O padre Renato ainda informou sobre o translado do corpo para Viana onde será sepultado. O caixão foi conduzido sob aplausos pelos padres Osmar, Rafael, Gudialace, Abel, Luiz Ogioni, Adriano, Rodrigo e Manoel.
Por quê o caixão aberto?
A Arquidiocese de Vitória (Aves) emitiu uma nota para explicar porque o velório do padre morto pelo Covid-19 ocorreu com o caixão aberto. Segundo a Aves, os protocolos para velório e enterro de pessoas que morreram vítimas da Covid-19 têm sido modificados em algumas regiões do Brasil, inclusive com decretos específicos de governos locais, como Divinópolis e Caputira em MG, conforme pesquisa rápida na internet.
No Espírito Santo não existe decreto da Secretaria da Saúde, mas os médicos que acompanham a evolução da doença, e confirmado que após 20 dias não existe mais perigo de contágio, podem emitir uma autorização para que o velório seja feito com caixão aberto. As recomendações são de que se evite aglomeração para evitar que o vírus seja transmitido pelas pessoas que acompanham o velório e que o tempo não seja estendido.
“Ameniza a dor”
O sofrimento de tantos que perderam seus familiares aumentou com a impossibilidade de um momento para velar entes. A decisão, quando possível, ameniza a dor. No caso do padre Fernando Antônio Silva de Souza, enterrado nesta terça-feira (22), o Hospital emitiu o documento para que o velório pudesse ser feito com caixão aberto com os seguintes argumentos:
O início dos sintomas já tinha mais de 20 dias. Os sintomas de pe. Fernando começaram em 31 de maio. Sempre que o paciente morre após 20 dias de sintomas, o laudo é emitido. A decisão de emitir o documento é tomada pela equipe de médicos que acompanha o caso.
As informações sobre o laudo de padre Fernando são da médica Juliana Cosme, médica plantonista da UTI do Hospital Sta. Rita, que acrescentou sobre a necessidade surgida para emissão do documento: “A DO, Declaração de Óbito, é emitida como causa de morte a Covid-19, por isso há necessidade do laudo confirmando que o paciente já estava fora do isolamento por ocasião da morte”.