O mandatário da nação deixa de ser o presidente e passa a ser um político profissional, cuja escolha de quem irá governar a nação será através de um conchavo longe da escolha do eleitor. Lira opta em chamar esse regime que propõe de semipresidencialista
Ao invés de tirar da gaveta um entre os mais de 120 pedidos de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) está articulando um golpe contra a democracia através de transformar o presidente da República em um cargo decorativo. A proposta do político indicado por Bolsonaro para ser o presidente da Câmara, e o terceiro na linha de sucessão da presidência, é impor no Brasil o “emipresidencialismo”, que nada mais é do que um parlamentar que usa a política como carreira profissional a ser transformado em primeiro-ministro. E cuja escolha é através de um conluio entre políticos, bem longe da população eleitora.
“Podemos, sim, discutir o semipresidencialismo, que só valeria para as eleições de 2026, como qualquer outra ideia que diminua a instabilidade crônica que o Brasil vive há muito tempo”, continuou o presidente da Câmara. “Esse é o nosso trabalho, essa é a nossa obrigação”, disse Arthur Lira para tentar justificar o seu golpe de alijar os eleitores da escolha do presidente.
O golpista Lira tentou explicar o que motiva sentar em cima dos pedidos de impeachment e ignorar a existência das solicitações. Segundo a Agência de Notícias da Câmara no último dia 10, questionado sobre a abertura do processo de impeachment contra o presidente da República, Jair Bolsonaro, Arthur Lira deu uma desculpa sem nexo: “O País não pode viver instabilidades políticas a cada eleição”.
Oposição reage ao golpe de Lira
Nas redes sociais as principais lideranças da oposição falam abertamente que Arthur Lira está trabalhando para um golpe através da mudança do sistema de governo, adotando o que ele denomina de semipresidencialismo, que na prática nada mais é do que a administração do governo federal vir a ser comanda por um político carreirista. È o que se chama de primeiro-ministro. Na Itália o governo é assim e o presidente ocupa um relés cargo decorativo, que serve às vezes para preencher uma agenda social onde o primeiro-ministro não pode ir.
Na visão de parlamentares de esquerda, o golpe do presidente da Câmara dos Deputados é apenas para afastar do poder o próximo presidente da República, já que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é o franco favorito nas pesquisas eleitorais “Os brasileiros não querem semipresidencialismo, Arthur Lira. Já foram consultados duas vezes sobre parlamentarismo e optaram pelo presidencialismo. Por que a insistência? É medo do voto popular? Está na hora de pautar o impeachment [de Jair Bolsonaro] e tirar o Brasil da crise. Esse, sim, tem apoio popular”, escreveu em suas redes sociais a deputada Gleisi Hofmann (PT-PR), presidente nacional do PT.