fbpx
Início > Após sobreviverem ao sepse, pacientes estão mais propícios a infartos

Após sobreviverem ao sepse, pacientes estão mais propícios a infartos

Estudo mostra que estes sobreviventes, mesmo após o encerramento da sepse, ainda carregam problemas devido à ação da doença em seus organismos

A sepse é conjunto de manifestações graves em todo o organismo produzidas por uma iniecção. O início desta doença, que pode levar a morte,  ocorre com uma resposta desregulada do sistema imunológico e outros sistemas diante de uma infec-ção.  Para entender melhor, o pesquisador Felipe Bichi Strela, orientado pela médica Paula Frizera Vassallo,  desenvolveu o estudo “Avaliação fenotípica de células musculares  lisas vasculares de aorta de ratos estimulados por lipopolissacarídeo.

O objetivo do estudo foi avaliar os efeitos da estimulação com lipopolissacarídeo (LPS) sobre as células musculares lisas vasculares. Toda a experimentação ocorreu em cultura de células, que consiste em retiirar as células do rato, mantê-las vivas e realizar os experimentos com elas. O LPS ativa as células de diferentes sistemas, como o imunollógico e o cardiovascular e, assim,  contribui para as alterações observadas na sepse e no pós sepse.

“No mundo, o número de casos de sepse vem crescendo e com o avançar das terapias e cuidados dos pacientes séptico, a quantidade de pessoas que sobreviveram a sepse também tem crescido ao longo das duas últimas décadas. Estes sobreviventes, mesmo após o encerramento da sepse, ainda carregam problemas devido à ação da doença em seus organismos”, explica Thiago.

Ele completa que dentre os problemas que os sobreviventes de sepse estão sujeitos, está o maior risco de sofrerem eventos cardiovasculares, como infarto do coração, ataque isquêmico transitório ou terem a necessidade de revascularização de artérias que irrigam o coração. Como resultado deste risco aumentado, ocorre o aumento da mortalidade dos sobreviventes nos anos posteriores a sepse.

“Para entender o que causa estes problemas após a sepse, temos que investigar o que ocorre em um organismo no processo de desenvolvimento da doença. Dentre os micro-organismos que podem infectar um organismo e iniciar a sepse, estão as bactérias gram-negativas. Estas bactérias tem em sua estrutura uma molécula chamada lipopolissacarídeo  (LPS), que em casos de sepse pode ser encontrado no sangue dos pacientes e tem importante papel no desenvolvimento desta doença “, conta.

“As células musculares lisas vasculares contribuem para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares através da modificação da capacidade que elas têm de contrair, migrar e de produzir algumas moléculas. Assim,  estas células foram estimuladas com o LPS de diferentes formas e avaliamos o quanto elas contraiam, o quanto migravam e quanto elas produziam de algumas moléculas de grande importância no desenvolvimento da sepse e das doenças cardiovasculares “, disse.  Uma das formas que as células musculares lisas foram estimuladas foi com o LPS sendo colocado e mantido no momento do experimento, o que refletiria o que o LPS causa nas células no momento da sepse.  Está forma de estímulo com o LPS foi chamada de estímulo agudo.

“A outra forma em que as células musculares lisas foram estimuladas, foi através do tratamento prévio das células, ou seja, estas células eram estimuladas com o LPS que então removido, e então, as células utilizadas nos experimetos. Refletindo o que acontece com estas células no período após a sepse e que pode contribuir para as doenças cardiovasculares.  Está forma de incubação com LPS foi chamada de pré-incubação”, explicou.

Thiago contou, ainda, que recultados do estudo mostraram que após O estímulo agudo reduziu-se a capacidade de migrar e contrair das células musculares lisas vasculares, através da ação de uma molécula chamada óxido nítrico. Ou seja, quando as células musculares lisas vasculares passam pelo estímulo agudo com o LPS, elas liberam o óxido nítrico e ele faz as células migrarem e contraírem menos. Isso contribui para as alterações que são observadas na sepse, em que os vasos sanguíneos podem relaxar muito, devido à redução de sua capacidade de contrair, causando problemas em vários sistemas do corpo humano.

“Já após a pré-incubação com LPS, as células muscuculares lisas vasculares apresentam aumento de sua càpacidade de contrair e migrar, através da ação de uma molécula chamada de IL-6. O peso disto está no fato de que mesmo após o encerramento do estímulo com o LPS as células musculares lisas vasculares ainda apresentam alterações em seu funcionamento. E estas alterações, no caso o aumento da capacidade migratória e contrátil, podem contribuir para o maior risco de ocorrer eventos cardiovasculares nos indivíduos que sobreviveram a sepse”, finaliza.

Felipe Bichi Strela

Mestre em Ciências Fisiológicas – UFES