fbpx
Início > O agro não é tech, o agro não é pop. O agro é quem financia as manifestações golpistas de 7 de setembro

O agro não é tech, o agro não é pop. O agro é quem financia as manifestações golpistas de 7 de setembro

O agro se declarou publicamente bolsonarista e contra o estado de direito democrático | Foto: Reprodução de vídeo do setor

Em uma matéria jornalística publicada neste sábado pelo portal Intercept Brasil e assinada pelos jornalistas Amanda Audi e Fábio Bispo, foi revelado quem são os verdadeiros financiadores da baderna antidemocrática que está sendo preparada pelos bolsonaristas para o próximo feriado da Independência, em 7 de setembro. O principal financiados do movimento antidemocrático, que levou a Polícia Federal cumprir ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal federal (STF), contra o fascista sertanejo Sérgio Reis e o deputado bolsonarista Otoni de Paula (PSC-RJ) é o bolsonarista é Antonio Galvan, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja, a Aprosoja.

Galvan é um fazendeiro nascido no Rio Grande do Sul e hoje um dos maiores produtores de soja do Mato Grosso, informa o Intercept Brasil. Diante do apoio explícito do ruralista, o portal de notícias lembrou da insistente campanha que o setor faz na Rede Globo de Televisão, onde usa o refrão “o agro é tech, o agro é pop, o agro é tudo. Tá na Globo”. O agro, de acordo com o Intercept é golpista e vem atuando com seus financiamentos à extrema-direita para atentar contra o estado democrático brasileiro.

Foi diante dessa constatação que o ministro Moraes determinou à Polícia federal para fazer busca e apreensão nos endereços do ruralista e dos “guerrilheiros digitais” Sérgio Reis e Otoni de Paula. “A investigação autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes busca desarticular o movimento golpista. Nas últimas semanas, mergulhamos em grupos de Telegram e WhatsApp e conversamos com pessoas que estão organizando a ação que pretende dissolver o Supremo Tribunal Federal, o STF, e impor demandas como a adoção do voto impresso. E vimos que quem banca essa escalada insana, de acordo com os próprios organizadores, é um dos grupos mais ricos do país: produtores rurais como Antonio Galvan. O agro é pop, o agro é tech, o agro é tudo. Agora o agro também é golpe”, afirma o Intercept.

O agro é golpista, segundo apuração feita pelo portal The Intercept | Vídeo: Associação ruralista/Intercept

Vídeo do agronegócio apoiando Bolsonaro

“Nos chats, encontramos desde registros singelos do apoio ruralista ao movimento golpista, como a panelada de arroz carreteiro com “O agro é Bolsonaro” escrito com catupiry antes de ser servido a militantes bolsonaristas em um acampamento realizado em Brasília em maio, até declarações dos presidentes de associações de fazendeiros, como a Aprosoja, convocando militantes para os atos”, prosseguiu o Intercept. “Reis e os sojicultores gravaram o vídeo (acima) na sede da Aprosoja, uma mansão de alto padrão no Lago Sul, em Brasília. A região abriga outras entidades de produtores rurais e costuma ser frequentada por parlamentares da bancada ruralista e representantes do agronegócio. Apesar de a Aprosoja negar participar da organização do movimento e se recusar a responder questionamentos sobre o assunto, alguns de seus diretores participam ativamente de grupos que coordenam o movimento – em especial o presidente, Galvan”, prosseguiu o portal.

Decisão do ministro Moraes

Na decisão, tomada nos autos do Inquérito (INQ) 4879, a pedido da PGR, o relator, ministro Moraes, afirmou que os envolvidos pretendem utilizar-se abusivamente dos direitos de reunião, greve e liberdade de expressão, para atentar contra a democracia, o Estado de Direito e suas instituições, ignorando a exigência constitucional das reuniões serem lícitas e pacíficas; inclusive atuando com ameaça de agressões físicas. Leia a seguir a íntegra da decisão do ministro Moraes:

INQ4879busca20ago

Entre os objetivos da convocação estaria exigir, mediante violência e grave ameaça, a destituição dos ministros da Corte, e também coagir o presidente do Senado Federal a abrir processos de impeachment.

Para o ministro Alexandre de Moraes, as condutas dos investigados são “ilícitas e gravíssimas”, constituindo ameaça ilegal à segurança dos ministros do STF e aos membros do Congresso Nacional, “revestindo-se de claro intuito de, por meio de violência e grave ameaça, coagir e impedir o exercício da judicatura e da atividade parlamentar, atentando contra a independência dos Poderes Judiciário e Legislativo, com flagrante afronta à manutenção do Estado Democrático de Direito, em patente descompasso com o postulado da liberdade de expressão”.

Segundo o relator, os direitos e garantias fundamentais, como os direitos de reunião, greve e liberdade de expressão, “não podem ser utilizados como um verdadeiro escudo protetivo da prática de atividades ilícitas e criminosas, tampouco como argumento para afastamento ou diminuição da responsabilidade civil ou penal por atos contrários ao direito, sob pena de desrespeito, corrosão e destruição do Estado Democrático de Direito”.

Medidas

Na decisão, o ministro Alexandre determinou ainda a instauração de inquérito contra os investigados, a restrição de aproximação de um quilômetro de raio da Praça dos Três Poderes, dos ministros do STF e dos senadores da República – essa restrição somente não se aplica ao deputado federal em razão da necessidade do exercício de suas atividades -, a expedição de ofício às empresas responsáveis por redes sociais (Facebook, Instagram, Twitter, Youtube) para que bloqueiem os perfis de titularidade dos envolvidos, e a proibição de se comunicarem entre si e de participarem de eventos em ruas e monumentos no Distrito Federal.

Polícia Federal

Em nota à imprensa, a Polícia Federal disse que o objetivo das medidas é apurar o eventual cometimento do crime de incitar a população, através das redes sociais, a praticar atos violentos e ameaçadores contra a Democracia, o Estado de Direito e suas Instituições, bem como contra os membros dos Poderes.

Os mandados, que foram expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, estão sendo cumpridos no Distrito Federal (1), além dos estados de Santa Catarina (6), São Paulo (2), Rio de Janeiro (1), Mato Grosso (1), Ceará (1) e Paraná (1). Um deputado federal é um dos alvos. “Não haverá concessão de entrevista coletiva”, avisou a PF.