Tão logo o governador paulista João Dória (PSDB) fez um alerta aos governadores brasileiros, nesta semana, de ficarem atentos para infiltração bolsonarista dentro das Polícias Militares, o braço político bolsonarista dentro das PMs reagiu. A Associação Nacional dos Militares Estaduais do Brasil (Amebrasil) divulgou logo em seguida, de forma desafiadora, uma nota na qual diz que as PMs seguirão o Exército no caso de “defesa interna ou de ruptura institucional (estado de sítio ou de defesa) ”.
O comunicado desafiando as autoridades dos governadores foi assinado pelo presidente da Amebrasil, coronel da reserva da PM do Distrito Federal, Marcos Antônio Nunes de Oliveira. Na nota, a associação escreveu que compete às polícias militares “a segurança e a ordem pública, conforme mandamento da Constituição Federal no seu artigo 144”. Segundo a entidade, “as polícias militares não podem ser empregadas de forma disfuncional por nenhum governador, pois são instituições de Estado, e não de governo”.
“Nosso laço institucional na defesa da pátria com a força terrestre brasileira (Exército) é indissolúvel e não está sujeito ao referendo de nenhum governador, partido político ou qualquer outra ideologia que não seja a proteção da pátria, da segurança e da soberania”, desafiou.
PM do ES desafia Casagrande
No Espírito Santo, o governador Renato Casagrande (PSB) está sendo desafiado pela Corregedoria da Polícia Militar do Espírito Santo, que abriu um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) de Rito Sumário, contra o coronel PM capixaba Vinícius Sousa, apenas porque ele é defensor da legalidade da democracia e contra os desmandos do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). A PM capixaba não reprime os seus subordinados que escancaram apoio aos desmandos de Bolsonaro nas redes sociais, nos bairros onde residem e nas manifestações bolsonaristas, onde comparecem com trajes civis. O governador capixaba ainda não se posicionou sobre esse avanço bolsonarista dentro da PM do Estado.
O comunicado da Amebrasil ocorre ao mesmo tempo em que o presidente ameaça transformar as comemorações do 7 de setembro em um ambiente propício para um golpe e para isso conta com a insubordinação das polícias militares estaduais. No encontro do Fórum dos Governadores foi definido que será feito o possível para que as corporações “atuem nos limites da Constituição”. Em São Paulo, o governador tomou atitude firme contra o crescimento da submissão da PM aos desejos golpistas de Bolsonaro e afastou um coronel da ativa que vinha convocando, nas redes sociais, a participação de apoiadores de Bolsonaro em manifestação a favor do golpe em 7 de setembro, além de críticas contundentes contra o STF, á senadores e ao próprio Dória.