O escritório regional do Departamento Intersindical de Estudo Sócio Econômico no Espírito Santo (Dieese-ES) divulgou no início da tarde desta quarta-feira (8) que a cesta básica de alimentos na Grande Vitória teve aumento de 1,06% em agosto último, ficando em R$ 618,96. Em julho a cesta regional custou R$ 612,45. O valo dos gastos com alimentação em agosto último representa 60,83% do salário mínimo líquido, enquanto em julho a aquisição da cesta básica representava 60,19% do salário básico líquido.
A cesta básica capixaba é a quinta mais cara do Brasil, depois do Rio de Janeiro (R$ 634,18), São Paulo (R$ 650,50), Florianópolis (R$ 659,00) e Porto Alegre (R$ 664,67), sendo esta última a cidade mais cara do Brasil no mês passado. Em Vitória o trabalhador precisa ter uma jornada de trabalho de 123 horas e 47 minutos para poder comprar a cesta básica. Nos últimos 12 meses a cesta na capital capixaba teve elevação de 21,50% e nos primeiros oito meses deste ano a majoração foi de 3,11%.
O que mais subiu em Vitória
Segundo o escritório regional do Dieese, os produtos que registraram maiores altas de preço na Grande Vitória em agosto último foram a batata (23,55%) e o café (24,78%). Apesar de o Dieese-ES ter constatado de que nenhum produto apresentou estabilidade nos preços, constatou que houve queda em alguns e entre esses os maiores registros foi a retração nos preços do arroz (4,59%) e no feijão (3,89%).
O salário mínimo ideal
Enquanto o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) atua para liquidar com a renda do trabalhador brasileiro, o Dieese lembra que de acordo com a legislação que criou o salário mínimo durante o governo do ex-presidente Getúlio Vargas, o valor mínimo do salário para alimentar a si e a sua família, manter moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência deveria ter sido em agosto de R$ 5.583,90.
Segundo o Dieese, o valor estabelecido na legislação de R$ 5.583,90 representa 5,49 vezes mais do que o salário mínimo líquido atual de R$ 1.017,50.
Aumento em 13 cidades
Segundo o Dieese nacional, o custo médio da cesta básica de alimentos aumentou em 13 cidades e diminuiu em quatro, de acordo com a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, realizada mensalmente pelo Dieese em 17 capitais. As maiores altas foram registradas em Campo Grande (3,48%), Belo Horizonte (2,45%) e Brasília (2,10%). As capitais onde o custo apresentou queda foram Aracaju (-6,56%), Curitiba (-3,12%), Fortaleza (-1,88%) e João Pessoa (-0,28%).
A cesta mais cara foi a de Porto Alegre (R$ 664,67), seguida pelas de Florianópolis (R$ 659,00), São Paulo (R$ 650,50) e Rio de Janeiro (R$ 634,18). Os menores valores foram registrados em Aracaju (R$ 456,40) e Salvador (R$ 485,44). Ao comparar agosto de 2020 a agosto de 2021, o preço do conjunto de alimentos básicos subiu em todas as capitais que fazem parte do levantamento. Os percentuais oscilaram entre 11,90%, em Recife, e 34,13%, em Brasília.
Nos primeiros oito meses de 2021, 16 capitais acumularam alta, com taxas entre 0,28%, em Goiânia, e 11,12%, em Curitiba. Com base na cesta mais cara que, em agosto, foi a de Porto Alegre, o DIEESE estima que o salário mínimo necessário deveria ser equivalente a R$ 5.583,90, o que corresponde a 5,08 vezes o piso nacional vigente, de R$ 1.100,00.
Café caro foi por causa da retenção dos produtores
No Brasil o pó de café teve altas em agosto de 0,71%, em Recife, e 24,78%, em Vitória. Segundo o Dieese, mesmo em período de colheita, os preços do café em pó seguiram em alta, pois os produtores retiveram o grão, à espera de melhores preços, pois existe a expectativa de menor oferta no futuro, devido às geadas do final de julho. Já o açúcar apresentou elevação de preço em 16 capitais. Os maiores aumentos ocorreram em Florianópolis (10,54%), Curitiba (9,03%), Belo Horizonte (5,61%) e Recife (5,01%). A queda foi registrada em Natal (-2,78%).
A oferta restrita de açúcar, por causa do clima seco e da geada no Sudeste, foi o principal fator de elevação do preço médio do produto nas capitais. Entre julho e agosto, o litro do leite integral teve acréscimo em 14 capitais e o quilo da manteiga, em 12. As maiores altas do leite foram observadas em Aracaju (5,70%), João Pessoa (2,41%), Salvador (2,20%) e Rio de Janeiro (2,01%). Já a manteiga teve os principais aumentos em Curitiba (4,57%), Salvador (4,20%) e São Paulo (3,04%). A menor oferta de leite no campo fez com que houvesse disputa acirrada entre as indústrias de laticínios para a compra de matéria-prima e os preços aumentaram.
Batata e feijão
O quilo da batata, pesquisada no Centro-Sul, teve aumento de preço em nove das 10 capitais onde o tubérculo é pesquisado. As maiores altas ocorreram em Brasília (39,64%), Rio de Janeiro (36,36%) e Belo Horizonte (33,09%). O clima reduziu o ritmo da colheita e a oferta de tubérculos foi menor no varejo. O preço do feijão recuou em 13 capitais. O tipo carioquinha, pesquisado no Norte, Nordeste, Centro-Oeste, em Belo Horizonte e São Paulo, registrou queda entre -3,94%, em Campo Grande, e -0,11%, em Fortaleza.
As altas no preço do feijão ocorreram em Belo Horizonte (1,41%), São Paulo (0,58%) e Salvador (0,54%). Já o custo do feijão preto, pesquisado nas capitais do Sul, em Vitória e no Rio de Janeiro, não variou em Porto Alegre e diminuiu em Curitiba (-6,93%), Vitória (-3,89%), Florianópolis (-3,10%) e Rio de Janeiro (-2,61%). Os altos patamares de preço do feijão preto e do tipo carioquinha têm reduzido a demanda, devido ao empobrecimento das famílias.
O preço do quilo do arroz recuou em 13 capitais e as quedas variaram entre -7,67%, em Aracaju, e -0,54%, em Fortaleza. As maiores taxas foram registradas em Recife (3,21%) e Belém (1,60%). Parte da colheita foi retida pelos produtores com o objetivo de manter o preço elevado, mas as indústrias beneficiadoras reduziram a compra do grão, uma vez que a demanda pelos consumidores finais foi menor.