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Vereador bolsonarista de Vitória apresenta projeto discriminando atletas transexuais

O projeto discriminando atletas transexuais, caso seja aprovado pelo demais vereadores, fará com que Vitória se assemelhe aos países islâmicos de cultura medieval

Halterofilista transexual neozelandesa Laurel Hubbard nas Olimpíadas de Tóquio 2020 estaria impedida de vir à Vitória | Foto: Internet

Remando contra a igualdade entre os sexos, o vereador bolsonarista de Vitória, Gilvan Aguiar Costa, vulgo Gilvan da federal (Patriota) protocolou nesta última segunda-feira (27) o projeto de lei medieval de número 163/2021, onde propõe a discriminação de atletas transexuais na capital do Espírito Santo. A audácia do bolsonarista em propor um projeto estúpido como esse fere, inclusive, os regulamentos do Comitê Olímpico Internacional (COI), cuja recente Olimpíadas haviam muitos atletas transexuais. Leia a seguir a íntegra do projeto de lei discriminando atletas transexuais em Vitória:

Processo-11343_2021-Projeto-de-Lei-163_2021

Logo no artigo primeiro do projeto do carioca que foi eleito vereador em Vitória, imagina estabelecer o seguinte: “Art. 1º. Institui no âmbito do Município de Vitória, neste Estado, expresso impedimento da atuação de atletas identificados e reconhecidos como transexuais em quaisquer modalidades desportivas, coletivas ou individual, a exemplo de equipes, times, associações, federações, clubes, agremiações, institutos, empresas privadas, responsáveis e afins, competições, eventos e disputas de natureza esportiva destinadas a atletas do sexo biológico oposto àquele de seu nascimento e cuja manutenção das atividades ou realização seja vinculada, direta ou indiretamente à Prefeitura, seja na forma de patrocínio ou subvenção direta ou indireta; apoios institucionais de quaisquer tipos; requerimentos a qualquer equipamento público destinado ao esporte, competição, eventos e afins; ou realização direta do poder público municipal; alvarás para realizações de eventos”.

O vereador bolsonarista tem demonstrado despreparo para ocupar o cargo ao agredir verbalmente qualquer um que conste as suas estupidezas, inclusive as vereadoras que se opõe aos seus gestos grosseiros. Ele ainda promove constantes ataques à imprensa e ao próprio Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Espírito Santo. O seu conceito medieval é explicado por ele mesmo na justificativa de seu esdrúxulo projeto de lei: “A indigitada e polêmica definição nominada transexual, opção meramente comportamental e ideológica individual da pessoa humana, que não se traduz gênero e não se enquadra na divisão biológica do sexo, nada mais é que um indivíduo que nasce com o gênero masculino ou feminino, biologicamente definido, e, irresignado com sua condição natural, altera sua forma física e hormonal, artificialmente, com o intuito de negar os aspectos binários naturais da criação de macho e fêmea’.

“Ordem?”

Prosseguindo na sua justificativa, o bolsonarista continua: “O presente projeto visa manter a ordem no âmbito esportivo quanto ao gênero natural dos atletas, ou seja, a pessoa que nasce homem deve competir com homens, afinal sua compleição física e sua composição hormonal é estruturada para o gênero masculino, assim como o feminino”. No rol de besteiras escritas como “justificativa”, o bolsonarista ainda diz: “Nesse ínterim, por ter a temática alcançado a esfera midiática, há inúmeras manifestações a favor do objeto deste projeto por concordar que a disputa e/ou competição entre gêneros oposto é desleal e injusta, uma vez que não pode um homem, trocar seu gênero natural e competir com uma mulher e vice-versa.

“Ademais, como citado no parágrafo anterior, a compleição física do homem e seus hormônios são estruturalmente e, flagrantemente, diferentes do gênero feminino, caracterizando a discrepância em um acontecimento esportivo, seja ele na forma de equipes, times, competições individuais ou coletivas, onde o confronto passa a ser um espúrio”, completou o carioca eleito no ano passado para ocupar vaga de vereador na capital do Espírito Santo.

Sem ter lido as regras do COI, o vereador bolsonarista não deve saber que os atletas transgêneros conquistaram em 2016 uma vitória fora dos campos e das quadras. Foi quando o Comitê Olímpico Internacional mudou a sua resolução sobre atletas transexuais em competições oficiais. De acordo com o que divulgou o COI naquela época,”homens podem participar dos eventos da entidade sem nenhuma restrição e as mulheres precisam apenas ter a quantidade de testosterona controlada para poder competir em equipes femininas, mais precisamente não podem ter mais de 10 nanomol por litro (unidade de medida que indica a quantidade da substância por litro de sangue) do hormônio no sangue nos 12 meses anteriores a competição. A necessidade de cirurgia de mudança de sexo não é mais necessária. Se os vereadores aprovam um projeto da época da discriminação de transexuais, Vitória será uma cidade semelhante aos países islâmicos.