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Ufes reafirma posição contra fragmentação da universidade e critica corte de verbas para ciência e tecnologia

Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão se posiciona contrário ao fracionamento da Ufes uma semana após o Conselho Universitário da mesma instituição ter se manifestado contrário à divisão da universidade sem planejamento e nenhum estudo das consequências

Governo Bolsonaro quer “criar” nova universidade no Sul capixaba, sem planejamento, dividindo a Ufes | Foto: Divulgação/Ufes

O Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe), na sessão ordinária de 18 de outubro de 2021, manifestou por unanimidade a posição contrária à fragmentação da Ufes, endossando a nota divulgada pelo Conselho Universitário, na última sexta-feira, 15. Na última semana o Conselho Universitário da Ufes fez uma manifestação contrária à fragmentação da universidade e fez um alerta: “Cabe esclarecer à sociedade que essa proposta de criação de uma ‘nova’ universidade, ‘com muito pouco custo’, como tem sido divulgado, a partir do fracionamento da Ufes, sem a previsão dos devidos investimentos em termos de pessoal e infraestrutura, pode trazer impactos negativos tanto para a Ufes quanto para a universidade que se pretende criar”.

O projeto do governo Bolsonaro nada mais é do que fazer um marketing no padrão Fake News, para dizer que está criando novas universidades, quando na realidade está fragmentando as existentes. No Espírito Santo há dois deputados bolsonaristas radiciais, Neucimar Fraga (PSD) e Evair de Melo (PP), que estão se engalfinhando entre si, nas redes sociais, para dizer que são os autores da ideia de fragmentar a Ufes, para “criar” a Universidade Federal do Vale do Itapemirim (UFVI), que nada mais é do que o atual Centro de Ciências Agrárias e Engenharias (CCAE), em Alegre, e o Centro de Ciências Exatas, Naturais e da Saúde (CCENS), de Alegre. Nesses dois campi são ofertados 17 cursos de graduação, oito de mestrado e três de doutorado.

Bolsonaro

Os políticos bolsonaristas contam com o incentivo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que não tem nenhuma formação universitária e tem apenas cursos em instituições militares para aprender atirar e para saltar de paraquedas, que andou dizendo através de suas redes sociais que os campi da Ufes no Sul do Estado são “puxadinhos”. O fracionamento virá através de um ato a ser assinado pelo presidente. Além da Ufes, Bolsonaro disse pelas redes sociais que vai transformar outros cinco “puxadinhos”, em demais Estados brasileiros, em novas universidades. A medida vai endossar o marketing no ano eleitoral do ano que vem, como se ele tivesse criado seis novas univerdades a partir do zero.

Segundo o texto, a proposta de criação de uma outra universidade no sul do nosso Estado, a partir dos Centros de Ciências Agrárias e Engenharias (CCAE) e do Centro de Ciências Exatas, Naturais e da Saúde (CCENS), localizados nos municípios de Alegre e Jerônimo Monteiro, pode trazer impactos negativos tanto para a Ufes quanto para a universidade que se pretende criar: “essa ação, além de impactar diretamente o futuro da Ufes, pode resultar na criação de uma outra universidade acanhada e sem condições mínimas de sustentabilidade. O Sul do Estado já possui uma universidade e esta universidade é a Ufes”, afirma a nota.

Corte de verbas

Durante a reunião desta última terça-feira (18), o Cepe também se manifestou contra o corte de aproximadamente R$ 600 milhões em recursos destinados à ciência, tecnologia e inovação. De acordo com os conselheiros, a redução para o ano de 2022 afetará diretamente programas de pesquisas e bolsas, tornando ainda mais precário o financiamento da produção científica no Brasil, “justamente quando se torna mais necessário o investimento em pesquisa e inovação para viabilizar saídas estratégicas para a grave crise econômica e sanitária enfrentada no nosso país”.

Confira o texto na íntegra:

O Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da Universidade Federal do Espírito Santo manifesta sua discordância e repúdio ao corte de cerca de R$ 600 milhões de recursos destinados à ciência, tecnologia e inovação realizado por iniciativa do Ministério da Economia junto à Comissão Mista do Orçamento, através do remanejamento desse valor no âmbito do PLN 16/2021. O corte subtrai parcela substantiva dos recursos que estavam previstos no orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação para o ano de 2022 e que foram realocados a outros ministérios e destinados a outras finalidades.

O corte de recursos afeta os programas de infraestrutura de pesquisa e de bolsas, comprometendo especialmente o Edital Universal do CNPq, instrumento por meio do qual pesquisadores de todo o Brasil captam recursos para o desenvolvimento de projetos de pesquisa em diversos níveis e áreas do conhecimento. Afeta também o Edital Institucional de Bolsas Iniciação Científica, Iniciação Científica Tecnológica, de Mestrado e Doutorado, além de programas importantes realizados em parceria com outras instituições como o ProNem (Edital de apoio a núcleos emergentes de pesquisa do ES ) e o Pronex (Edital de apoio a núcleos de excelência de pesquisa).

Esse corte coloca em risco o já precário financiamento da produção científica em nosso país, justamente quando se torna mais necessário o investimento em pesquisa e inovação para viabilizar saídas estratégicas para a grave crise econômica e sanitária enfrentada no nosso país.

Perpetra-se desse modo mais um ataque ao desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação, acelerando o processo de desmonte desse segmento que vem ocorrendo nos últimos ano e ampliando o grau de dependência econômica e tecnológica do Brasil, nos mantendo reféns de grandes empresas que vendem caro seus produtos para o mercado brasileiro.

Juntamos nossa voz às de outras instituições do campo educacional e da ciência, tecnologia e inovação em protesto contra esta e todas as outras formas de debilitação da ciência no Brasil por parte de quem mais deveria valorizá-la. Esse tipo de política revela o descaso do atual Governo Federal para com o fortalecimento do desenvolvimento, a competitividade do Brasil frente a outras nações e a busca de soluções técnico-científicas mais adequadas e viáveis para problemas e demandas das mais diversas regiões brasileiras.

Apelamos aos senhores parlamentares que se perfilem em defesa da pesquisa e da ciência no nosso país, buscando iniciativas, no âmbito do Congresso Nacional e Governo Federal, capazes de reverter esse tipo de ação que ameaça instituições importantes do estado brasileiro, especialmente as instituições federais de ensino superior e de pesquisa, negando, em última análise, à sociedade brasileira a possibilidade de desenvolvimento intelectual autônomo, independente e democrático.