A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) está advertindo a população capixaba para não se descuidar da diabetes, uma doença descrita por profissionais da saúde como sendo “silenciosa” e “perigosa”. A estimativa da Sesa é que em todos os 78 municípios do Espírito Santo há 320 mil pessoas que convivem com a doença. Mas, há muitos outros que ainda não sabem e para isso as pessoas devem, periodicamente, pedir ao médico para fazer o simples e rápido teste para verificar se tem diabetes ou não.
“É uma doença metabólica que está relacionada à forma como o corpo humano metaboliza (ou transforma) os alimentos ingeridos em energia para se manter em funcionamento”, diz aa endocrinologista do Centro Regional de Especialidades de Cachoeiro de Itapemirim, Ionara Guasti Deambrosio.
“Na linguagem médica, a doença é chamada de silenciosa, porque não apresenta sintomas. E assim é com a diabetes, perigosa e silenciosa devido ao fato de muitas vezes não ter sintomas por um tempo. O corpo não sente nada e as consequências do excesso de glicose no sangue podem demorar a aparecer, mas ao logo do tempo o acúmulo pode danificar órgãos e vasos sanguíneos, causando doenças cardíacas, renais e a necessidade de amputações, entre outros riscos”, alerta a profissional.
Segundo a Sesa, no Espírito Santo, de janeiro a julho de 2021, 2.102 pessoas foram internadas em hospitais da rede estadual por complicações da doença. E, de janeiro de 2020 a outubro deste ano, 2.737 pacientes foram atendidos com medicamentos para tratamento da diabetes nas Farmácias Estaduais Cidadãs.
Desconhecimento leva a crescimento da doença
De acordo com o médico pós-graduado com atuação nas doenças endócrinas e metabologia do esporte, Kaio Dantas, que atua no Hospital Estadual Roberto Arnizaut Silvares, em São Mateus, a diabetes constitui um dos mais sérios problemas de saúde na atualidade. “Uma parte dos pacientes desconhecem ter diabetes e acesso à informação e aos recursos colaboram com os dados que demonstram a prevalência crescente dessa doença”.
E como levar a diabetes a sério? Para a Ionara Guasti Deambrosio é um exercício que pressupõe alguns caminhos importantes a serem seguidos, tanto para o paciente que já tenha o diagnóstico da doença ou não.
“Como os sintomas, muitas vezes, demoram a se manifestar ou a serem percebidos pelos pacientes, apesar de estarem lá, muitos não sabem que têm e estão mais sujeitos aos riscos e complicações da doença. Para o tratamento adequado, são necessárias mudanças no estilo de vida, prática de exercício físico, alimentação mais saudável, consultas e exames regulares, além do uso adequado do medicamento. E muitos não aderem a essas mudanças”, pontua.
Tipos de diabetes
De acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, diversas condições podem levar à diabetes, porém a grande maioria dos casos está dividida em dois grupos: Diabetes Tipo 1 e Diabetes Tipo 2.
A Diabetes Tipo 1 é resultado da destruição das células beta pancreáticas por um processo imunológico, ou seja, pela formação de anticorpos pelo próprio organismo contra as células beta levando à deficiência de insulina.
Já na Diabetes Tipo 2, a insulina é produzida pelas células beta pancreáticas, porém sua ação está dificultada, caracterizando um quadro de resistência insulínica. Isso vai levar a um aumento da produção de insulina para tentar manter a glicose em níveis normais. Quando isso não é mais possível, surge a diabetes.
Entretanto, há também a diabetes gestacional, que é diagnosticada durante a gestação, que pode ser transitória ou não. Ao término da gravidez, a paciente deve ser investigada e acompanhada. “A importância de diferenciar os tipos é que muda a forma de tratamento medicamentoso, porém não existe aquela que seja mais grave. Sempre digo que a maior gravidade é quando não se trata adequadamente, independentemente do tipo da doença”, afirma a endocrinologista Ionara Guasti Deambrosio.
Para o médio Kaio Dantas, a diabetes é também um fator de risco para outras doenças, com potencial fatal. “E podemos dividir as suas consequências em dois grupos: as complicações agudas da diabetes, que são importantes causas de morbidade e mortalidade; e as complicações crônicas, limitantes e incapacitantes, podendo também colaborar com outras causas de morte”.
Cuidado com o estresse
De acordo com a Federação Internacional de Diabetes, 1 em cada 11 adultos tem diabetes; 1 em 2 adultos com diabetes não foi diagnosticado e; 2 em cada 3 pessoas com diabetes vivem em áreas urbanas. São dados que ajudam a construir o perfil deste paciente e que indicam também que a correria do dia a dia pode trazer consequências à saúde, como explica a endocrinologista Ionara Guasti Deambrosio. “Nas últimas décadas, a doença tem se manifestado cada vez mais em jovens abaixo dos 30 anos, inclusive, em crianças e adolescentes”, afirma.
A endocrinologista destaca que isso está relacionado às mudanças no estilo de vida da população, sobretudo na alimentação. “Com a correria, cada vez mais se consome produto industrializados e Fast food. Além da falta de atividade física, com a população cada vez mais sedentária, e do estresse, que são fatores que vão influenciado no aumento do peso e proporcionado que o organismo desenvolva a resistência insulínica e, consequentemente, ao desequilíbrio da glicemia, somados ao histórico familiar.”
Cuidado com alimentação
O sucesso para a promoção da saúde passa pela alimentação adequada e saudável, em busca da melhoria da qualidade de vida da população. E ter uma alimentação saudável é caminho também para prevenção de doenças, como a diabetes. Segundo a referência em Nutrição da Secretaria da Saúde (Sesa), Daniela Cornachini, uma alimentação equilibrada tende a trazer benefícios para toda a vida. “Ingerir alimentos naturais e reduzir o consumo de produtos industrializados fortalece a imunidade do corpo”, frisa.
Aos pacientes que com diabetes, a orientação é para que levem a alimentação como uma experiência benéfica. “O paciente com diabetes precisa seguir uma dieta por muitas vezes restrita, com contagem de carboidratos, o que inclui evitar bolos, doces, bebidas açucaradas, bebida alcoólica etc. Por conta disso, muitos pacientes preferem deixar de seguir a dieta e continuar com alimentação desregrada, o que pode levar a outras doenças. Mas quando esses pacientes têm acompanhamento médico e nutricional, conseguem ter uma vida normal, pois o importante é sempre controlar a glicemia”, informa a nutricionista.
E completa: “é ter uma alimentação equilibrada, reduzir o consumo de sal, açúcar e gorduras. Controlar o peso e não consumir bebida alcoólica, não fumar etc. O importante é a prevenção. Alimentação adequada, prática de atividade física, consultas médicas regulares”.