Texto: Vinícius Fontana/Ufes
Um grande desafio na área da saúde é incentivar o uso correto de medicamentos para evitar automedicação e dosagem inadequada. Portanto, além de ser necessário divulgar informações corretas, é preciso que elas sejam acessíveis a todos. Nesse grupo, incluem-se as pessoas surdas. São mais de 10 milhões de brasileiros com alguma dificuldade auditiva, sendo 170 mil só no Espírito Santo. A fim de auxiliá-los, foi criado o projeto Saúde nas Mãos, uma iniciativa que surgiu a partir do intercâmbio de conhecimento entre cursos dos campi de Alegre e Vitória.
As informações do Saúde nas Mãos são divulgadas através de vídeos e fôlderes informativos postados on-line, acessíveis a pessoas surdas. O primeiro projeto do grupo foi referente à campanha Outubro Rosa, com informações sobre prevenção ao câncer de mama e uso correto de anticoncepcionais disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Ao todo, 12 pessoas fazem parte do projeto, sendo sete estudantes, quatro professores e uma fonoaudióloga. Conforme um dos coordenadores, o professor de Farmácia Genival Araújo, o objetivo é seguir abordando temas que estão no calendário de saúde, como o Outubro Rosa e o Novembro Azul.
Interação
A iniciativa surgiu após um grupo de estudantes do curso de Farmácia do Centro de Ciências Exatas, Naturais e da Saúde (CCENS), campus de Alegre, cursar a disciplina de Libras em Maruípe, Vitória.
Segundo a estudante de Farmácia e uma das idealizadoras do projeto, Bárbara Pizetta, a experiência ajudou a identificar a necessidade de disponibilizar informações para pessoas surdas e também para farmacêuticos e estudantes de Farmácia responsáveis por atendê-las.
“Notamos a necessidade de algo concreto, uma ferramenta que ajudasse a eliminar as barreiras que prejudicam uma comunicação efetiva. Durante as aulas, vimos como é imprescindível que a comunidade surda tenha acesso a informações confiáveis, baseadas em evidências. E nós, como futuros farmacêuticos, temos que estar preparados e instrumentalizados para levar estas informações à comunidade surda”, ressalta.
A professora de Fonoaudiologia Larissa Bassan destaca a parceria entre os cursos. “A Fonoaudiologia trabalha com a comunicação, viabilizando a expressão e a compreensão da mensagem. As orientações sobre o uso racional de medicamentos à comunidade surda podem ser viabilizadas através do uso de Libras pelo profissional da saúde. Dessa forma, a parceria entre a Fonoaudiologia e a Farmácia busca auxiliar a comunidade surda no acesso a informações acerca da saúde”, pondera.
As perspectivas são de ampliar as possibilidades de atuação em redes sociais, mas também no formato presencial. “Iremos atuar em diferentes cenários do SUS na Grande Vitória e em Alegre. Em ambos os locais, já foram iniciadas articulações para a viabilização dos projetos em um cenário presencial. E no dia 23 de novembro de 2021, apresentaremos nossos materiais produzidos em um evento presencial que ocorrerá em Alegre, por meio de uma parceria do curso de Farmácia com a Prefeitura Municipal”, explica Araújo.