fbpx
Início > A democracia não aceitará intimidações das Forças Armadas

A democracia não aceitará intimidações das Forças Armadas

Sessenta entidades assinaram um manifesto para repudiar preocupação de nota das Forças Armadas em defesa de militares apontados como corruptos na CPI da Pandemia 

Entidades reagem à nota das Forças Armadas ameaçando a democracia para defender militares acusados de corrupção

A ameaça à democracia que foi feita na última semana pelo Ministério da Defesa, que representa o Exército, Marinha e Aeronáutica, com o intuito de defender fardados acusados na CPI da Pandemia de serem corruptos, levou 60 entidades brasileiras a emitir um manifesto sob o título “A democracia não aceitará intimidações das Forças Armadas”. A Associação Brasileira de Imprensa (ABI), uma das signatárias da nota, divulgou na íntegra o conteúdo, que pode ser lido nesta matéria.

“O governo federal, grande responsável pela desastrosa gestão da pandemia, que ceifou tantas vidas desnecessariamente, sob liderança, importante ressaltar, do já citado general (da ativa) Pazuello, tem se mostrado essencialmente autoritário, com ambições golpistas e contrárias ao regime democrático. E agora, sabemos com fatos, também um governo permeado por graves suspeitas de corrupção”, diz trecho do manifesto. Do Espírito Santo assinaram as entidades Transparência Capixaba e Frente Única Em Defesa da Vida – ES.

Leia a íntegra do manifesto

A democracia não aceitará intimidações das Forças Armadas

Nós, cidadãs e cidadãos brasileiros, e entidades civis, vimos a público coletivamente repudiar e manifestar profunda preocupação sobre o pronunciamento veiculado pelas Forças Armadas na noite de 07 de julho de 2021. A nota expressa uma reação ao presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga as causas da calamitosa gestão da pandemia de Covid-19 no Brasil, Senador Omar Aziz (PSD-AM), e ataca o próprio Senado da República, instituição cuja liberdade de atuação é vital para a saúde da nossa democracia. Ao afirmar que “não aceitarão qualquer ataque leviano às instituições” e prometer uma reação “mais dura”, caso a CPI volte a fazer citações a suspeitas de corrupção envolvendo militares, o ministro da Defesa e os chefes das Forças Armadas transgridem fronteiras estruturantes de qualquer regime efetivamente democrático.

Nos últimos anos, a prática da intimidação dos poderes da República tem sido crescente por parte das Forças Armadas no Brasil. Em 2015, o hoje vice-presidente Hamilton Mourão, então general do Comando Militar Sul, protagonizou uma séria crise ao criticar o governo federal. Em 2018, o comandante do Exército, General Villas Boas, proferiu uma grave ameaça ao STF, na tentativa de influenciar a decisão da Corte Suprema. Em 2020, o então ministro da Defesa, General Azevedo e Silva, participou de manifestações antidemocráticas.

Infelizmente, há uma confusão de papéis entre as Forças Armadas e o governo de Jair Bolsonaro atualmente, com um grave risco para a reputação e consistência das próprias Forças Armadas. Hoje, mais de seis mil militares ocupam cargos políticos e da administração pública brasileira. Postos políticos eminentemente civis estão sendo assumidos por chefes do Exército. Assim como os militares estão participando cada vez mais da política, a política tem entrado cada vez mais nos quartéis, autorizados por membros da alta cúpula, como o general da ativa Eduardo Pazuello, que frequentou ato político do presidente da República, sem ser punido, contrariando o regimento militar.

O governo federal, grande responsável pela desastrosa gestão da pandemia, que ceifou tantas vidas desnecessariamente, sob liderança, importante ressaltar, do já citado general Pazuello, tem se mostrado essencialmente autoritário, com ambições golpistas e contrárias ao regime democrático. E agora, sabemos com fatos, também um governo permeado por graves suspeitas de corrupção.

A política é uma arena de encontro e diálogo entre civis. A sombra das armas não pode e não deve estar presente nos tensionamentos naturais da vida pública. Ao mesclar-se com o governo federal e trazer para si o atual projeto político, as Forças Armadas ficam suscetíveis aos confrontos inerentes à vida democrática e rompem preceitos constitucionais ao proferirem ameaças dessa natureza.

As Forças Armadas vêm sinalizando obediência primeira ao presidente e a seu projeto político, e não ao País. Jair Bolsonaro reafirma diariamente seu compromisso em se manter no poder a qualquer custo. É fonte de grande preocupação da sociedade civil abaixo assinada as mãos dadas entre o autoritarismo do presidente e as armas dos militares. As instituições da República precisam responder à altura a fim de defender a democracia no Brasil.

Assinam as seguintes organizações:

01 – ABI (Associação Brasileira de Imprensa)

02 – Abong

03 – Ação Educativa

04 – Andeps – Associação Nacional da Carreira de Desenvolvimento de Políticas Sociais

05 – Articulação para o Monitoramento dos Direitos Humanos no Brasil

06 – Associação Amigos do Piraquê-açu

07 – Associação da Parada do Orgulho LGBT de Santos

08 – Associação da Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo

09 – Artigo 19

10 – Atados

11 – AVAAZ

12 – Centro de Convivência É de Lei

13 – CNTE – Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação

14 – Congresso em Foco

15 – EIG Evangélicas pela Igualdade de Gênero

16 – Elas No Poder

17 – Engenheiros Sem Fronteiras – Brasil

18 – Esquina Democrática – Jornalismo Livre e Independente

19 – Federação Internacional de Cineclubes – Grupo Latino Americano

20 – Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito

21 – Frente Nacional de Mulheres na Política

22 – Frente Única Em Defesa da Vida – ES

23 – Fundação Tide Setubal

24 – Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares – GAJOP

25 – GADvS – Grupo de Advogados pela Diversidade Sexual e de Gênero

26 – GESTOS –Soropositividade, Comunicação e Gênero

27 – Grupo de Estudos Democratismo

28 – Instituto Brasileiro de Análise Econômica e Social – Ibase

29 – Iepé – Instituto de Pesquisa e Formação Indígena

30 – INESC Instituto de estudos socioeconômicos

31 – Iniciativa negra por uma nova política sobre drogas

32 – Instituto Diplomacia para Democracia

33 – Instituto Cidade Democrática

34 – Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB)

35 – Instituto de Defesa do Direito de Defesa – IDDD

36 – Instituto de Governo Aberto

37 – Instituto Hori – Educação e Cultura

38 – Instituto Marielle Franco

39 – Instituto Physis – Cultura & Ambiente

40 – Instituto Socioambiental – ISA

41 – Instituto Soma Brasil

42 – Instituto Talanoa

43 – Kurytiba Metropole

44 – MORHAN –  Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase

45 – Movimento Acredito

46 – Observatório Judaico de Direitos Humanos no Brasil

47 – Ocupa Política

48 – Oxfam Brasil

49 – Protesto Sem Covid

50 – RCA – Rede de Cooperação Amazônica

51 – Rede Brasileira de Conselhos

52 – Rede Feminista de Juristas – deFEMde

53 – Rede Justiça Criminal

54 – Rede LGBTI Família Stronger

55 – SINDICATO DOS TRABALHADORES DA FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ / ASFOC SN

56 – Transparência Brasil

57 – Transparência Capixaba

58 – União Nacional dos Estudantes – UNE

59 – UNEGRO

60 – Zanzalab